Tratamento às dependências em contexto prisional: o exemplo do programa de apoio ao recluso entrado toxicodependente (PARET)

O presente relatório serviu para a realização de um exercício de reflexão relativo à nossaprática profissional; "Tratamento às dependências em contexto prisional: O exemplo doPrograma de Apoio ao Recluso Entrado Toxicodependente (PARET)", programadestinado a indivíduos reclusos entrados, e...

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Bibliographic Details
Main Author: Carlos Augusto Filipe Saraiva
Other Authors: Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2019
Subjects:
Online Access:https://hdl.handle.net/10216/105183
Description
Summary:O presente relatório serviu para a realização de um exercício de reflexão relativo à nossaprática profissional; "Tratamento às dependências em contexto prisional: O exemplo doPrograma de Apoio ao Recluso Entrado Toxicodependente (PARET)", programadestinado a indivíduos reclusos entrados, em sindroma de privação de substânciaspsicoativas, parte integrante da nossa intervenção terapêutica em contexto prisional,concretamente no Estabelecimento Prisional do Porto (EPP). Neste programa iniciamosa primeira parte do presente relatório, sobre as principais caraterísticas do contextoprisional, considerando a visão Foucaultiana e analisando as principais caraterísticassociais e psicológicas do ambiente vivenciado neste tipo de instituições totais (Goffman,1987), de carater punitivo e totalitário, onde impera uma subcultura desviante; aprisionização (Clemmer, 1940), é dentro deste meio hostil paranóide e esquizóide, que oindivíduo em reclusão se adapta. Abordamos o modelo de adaptação à prisão deGonçalves (1993), incindindo na tipologia dos reclusos inadaptados, caraterizador dapopulação toxicodependente. Abordamos a relação droga-crime (Agra, 1997) paraexplicar a tipologia de consumos, bem como o enquadramento da população tipicamentetoxicodependente-delinquente, que impera no PARET, bem como a pertinência dorespetivo programa de desintoxicação, em contexto prisional.Começamos a segunda parte, explanando considerações sore os dados recolhidos juntoda população PARET, a saber, questionário sócio-demográfico, aplicação de testes comoo MMPI-2, BSI, IPQ-R, e EMBU. Os resultados permitiram-nos caraterizar a populaçãoPARET, a qual referimos ser maioritariamente solteira, reincidente, com escolaridade atéao segundo ciclo. A aplicação de escalas permitiu-nos compreender a presença de elevadasintomatologia psicopatológica, o Minnesota Multiphasic Personality Inventory-2(MMPI-2) revelou-se inválido, não superando as escalas de validade, o Inventário deSintomas Psicopatólogicos (BSI) revelou-nos a prevalência de elevada sintomatologiaentre outros nas escalas de depressão, obsessão-compulsão e ansiedade. Os dados dasmemórias de infância (EMBU), indicaram-nos a presença de ausência de suporteemocional por parte da mãe (0.45) e rejeição do pai (6.55). Os dados do IPQ-R, nacategorização da doença revelam-nos o desgosto (11), companhias (9) e os problemasfamiliares (5) como estando na origem da doença (toxicodependência). Estes dados,permitiram-nos caraterizar a população e delinear a intervenção psicológica grupal,focada na abordagem de Ellis (1955) com o modelo Rational Emotional BehaviorTherapy (REBT), a motivação para a mudança de Miller e Rollnick (2007), bem comocomponentes práticas do behaviorismo, não ignorando as variáveis ambientais totalitáriase normativas, propensas à constrinção da nossa intervenção.