[pt] O PROCESSO DE PUBLICAÇÃO DE OBRAS LITERÁRIAS TRADUZIDAS

[pt] A presente tese investiga o processo de seleção, tradução e publicação de obras literárias estrangeiras, tendo por campo de observação o Grupo Editorial Record, que figura, assim, como representante da indústria editorial brasileira. A motivação para este estudo foi o fato de que, ao comprar um...

Full description

Bibliographic Details
Other Authors: MARCIA DO AMARAL PEIXOTO MARTINS
Language:pt
Published: MAXWELL 2020
Subjects:
Online Access:https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=50106@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=50106@2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.50106
Description
Summary:[pt] A presente tese investiga o processo de seleção, tradução e publicação de obras literárias estrangeiras, tendo por campo de observação o Grupo Editorial Record, que figura, assim, como representante da indústria editorial brasileira. A motivação para este estudo foi o fato de que, ao comprar um livro traduzido, os leitores/consumidores, de um modo geral, não se dão conta das muitas etapas que culminaram no produto que estão levando para casa. O foco desta pesquisa, portanto, volta-se para a sequência de operações que se perfaz obedecendo, via de regra, à seguinte ordem cronológica: a seleção da obra a ser traduzida e a subsequente aquisição de seus direitos autorais; a escolha do tradutor e do copidesque, agentes que, respectivamente, traduzem para a língua alvo o texto estrangeiro e aprimoram o texto já traduzido; a escolha da capa e do título da obra já vertida para o vernáculo; as estratégias de divulgação e de distribuição da obra traduzida; por fim, a recepção dessa obra por parte da crítica e do leitor comum. O objetivo do presente estudo é, portanto, discutir e analisar a rede de agentes e atividades que é promovida e articulada pela indústria editorial brasileira com vistas a confeccionar um bem de consumo possuidor de características e finalidade próprias, que são as obras literárias traduzidas, destinadas à leitura feita nas horas de lazer. Levando-se em conta o expressivo número de obras traduzidas publicadas aqui, pode-se considerar o Brasil como uma cultura tradutora. Em contrapartida, culturas hegemônicas como a norte-americana e a britânica, de um modo geral, traduzem menos, ou seja, importam menos literatura para a tradução, sendo, ao contrário, mais traduzidas, visto que exportam mais suas produções literárias. No que tange ao aporte teórico, o meu estudo se sustenta basicamente nos seguintes pilares: 1) a concepção da literatura como polissistema, desenvolvida por Itamar Even-Zohar; 2) o entendimento da tradução como fenômeno da cultura tradutora, de Gideon Toury; 3) os conceitos de reescrita e de patronagem, propostos por André Lefevere; 4) a visão de tradução como agente formador das literaturas nacionais, promovida por Lawrence Venuti; 5) as abordagens de orientação sociológica propriamente dita, que trazem nomes como Michaela Wolf, Pascale Casanova, Daniel Simeoni, Maria Timoczko, Johan Heilbron, dentre outros. Com base na leitura da bibliografa selecionada e na análise dos dados gerados pelas entrevistas realizadas, é possível concluir que a tradução, tradicional e frequentemente examinada do ponto de vista linguístico, pode ser analisada também sob uma perspectiva mercadológica, sendo considerada, dessa forma, como um produto comercial elaborado para atender à demanda de um nicho da indústria do entretenimento. Assim sendo, por provocar toda uma malha de tarefas executadas por profissionais que concorrem para a manufatura de um produto destinado a um público consumidor específico, parece legítimo concluir que a tradução consiste numa prática social, uma vez que promove a atuação de profissionais não só do campo editorial, mas, particularmente, de profissionais do texto, como o tradutor. === [en] The present dissertation investigates the process of selecting, translating and publishing foreign literary works, with special focus on the publishing house Grupo Editorial Record, which thus represents the Brazilian publishing industry. The motivation for this study was the fact that, when buying a translated book, readers/consumers, in general, are not aware of the many stages which resulted in the product they are taking home. So this research focuses on the sequence of actions which usually unfold in the following order: the selection of the literary work to be translated and the subsequent acquisition of its copyright; the selection of the translator and the copy editor, agents who, respectively, translate the foreign text into the target language and improve the translated version; the choice of the cover and the title of the book already translated into the target language; the strategies for advertising and distributing the translated book; and lastly, the reception of this book by the literary critics and the average readership. The object of this study is thus the net of agents and activities which is promoted and articulated by the Brazilian publishing industry aiming at manufacturing a consumer good with features and purposes of its own, which are the translated literary works destined for leisure reading. Taking into account the expressive number of translated literary works published here, Brazil can be regarded as a translating culture. In contrast, hegemonic cultures such as the North American and the British ones, in general, translate less, that is, import fewer literary works for translation, being more translated instead, as they export their literary production more often. Concerning the theoretical framework here used as reference, my study is based on the following pillars: 1) the notion of literature as a polysystem, developed by Itamar Even-Zohar; 2) the understanding of translation as a phenomenon of the translating culture, by Gideon Toury; 3) the concepts of rewriting and patronage, proposed by André Lefevere; 4) the view of translation as the agent of national literature formation, promoted by Lawrence Venuti; 5) the sociologically-oriented approaches in their own right, whose prominent names are Michaela Wolf, Pascale Casanova, Daniel Simeoni, Maria Timoczko, Johan Heilbron, among others. Based on the selected bibliography and on the analysis of the data generated by the interviews carried out, it is possible to conclude that translation, traditionally and frequently examined under a linguistic viewpoint, can be also analysed under a market-driven perspective, being thus regarded as a commercial good produced to fulfill the demands of a niche of the entertainment industry. Hence, for triggering a wide range of tasks undertaken by professionals who work so as to make the product aimed at a specific group of consumers, it seems legitimate to infer that translation is a social practice, since it promotes the action of professionals not only those belonging to the publishing field, but, particularly, of text professionals such as translators.