[en] TRAFFICKING AND GENDER: THE MORALIZATION OF FEMALE SHIFT

[pt] O tráfico de pessoas vem ocupando o debate nacional e internacional, expressando a preocupação de diversos países através da criação de legislações e políticas de enfrentamento e combate a este crime de violação de direitos humanos. As mulheres aparecem como as principais vítimas em estatística...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: EBE CAMPINHA DOS SANTOS
Other Authors: SONIA MARIA GIACOMINI
Language:pt
Published: MAXWELL 2013
Subjects:
Online Access:https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=21456@1
https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/Busca_etds.php?strSecao=resultado&nrSeq=21456@2
http://doi.org/10.17771/PUCRio.acad.21456
Description
Summary:[pt] O tráfico de pessoas vem ocupando o debate nacional e internacional, expressando a preocupação de diversos países através da criação de legislações e políticas de enfrentamento e combate a este crime de violação de direitos humanos. As mulheres aparecem como as principais vítimas em estatísticas oficiais e em diversos estudos e pesquisas, que divulgam dados alarmantes, o que vem subsidiando a criação de aparatos de repressão a este crime transnacional, mas também de ações de proteção e de controle sobre as mulheres quando em deslocamento. Em nome da proteção e prevenção ao tráfico de mulheres, acaba-se reproduzindo relações de poder, que recolocam a mulher, no processo migratório, como vulnerável, submissa e indefesa, deixando invisível sua autonomia, anseios e desejos, como protagonista na construção de sua própria identidade e história. A mulher aparece ora como vítima, o que não necessariamente lhe garante efetiva proteção, ora como subversiva, quando identificada ou associada à prostituição voluntária ou a migração irregular. Este estudo vem trazer à reflexão o conhecimento já construído sobre o tráfico de mulheres, mas também lacunas, divergências e ambiguidades, mediante a análise dos diferentes paradigmas presentes no debate e nas ações contra o tráfico. A interseção entre as temáticas do tráfico de mulheres e a migração feminina internacional, permite situar o tráfico não como fenômeno isolado. Ao contrário, o tráfico ganha nova dimensão quando pensado dentro dos processos migratórios contemporâneos, no contexto da globalização e da reestruturação produtiva, que impulsionam milhares de pessoas e em específico, mulheres, a se deslocarem pelo mundo à procura de melhores oportunidades de vida e trabalho. Esta visão mais ampla permite a compreensão de aspectos econômicos, políticos, culturais e sociais que irão favorecer a existência e permanência do tráfico de mulheres. A pesquisa de campo realizada trouxe a trajetória de cinco brasileiras e suas experiências de emigração, desde a decisão de migrar até o retorno ao Brasil, identificando a diversidade de situações, expectativas, sonhos, amores e desamores, temores e sofrimento diante de situações de violência, inclusive do tráfico. O objetivo da pesquisa de campo foi investigar como estas mulheres percebem e resignificam sua história de deslocamentos, identificando a existência de fatores que as colocaram em situações de risco pessoal e social e de violação de direitos. Outro aspecto observado foi como estas mulheres percebem as ações dos diversos sujeitos (Estado, organizações da sociedade civil, família, amigos, grupos criminosos e outros) e as estratégias utilizadas por elas na superação das dificuldades e nas interrupções das violações. Por fim pretendeu-se com este estudo repensar certos conceitos e ações no enfrentamento ao tráfico de mulheres, evitando a construção de verdades, e a reiteração de alguns estereótipos, entre eles o da mulher vítima em perigo ou fora de lugar, perigosa, porque deslocada do universo da família, da casa, da pátria, das redes de apoio e proteção nas quais a mulher poderia idealmente experimentar sua condição de gênero. Ao contrário, a intenção foi de trazer algumas ambiguidades presentes no tratamento da complexidade deste tema, a fim de subsidiar novos debates. === [en] The trafficking in people has been occupying the national and international debate, expressing the concern of many countries through the creation of laws and policies of confrontation and combat this crime of violation of the human rights. Women appear as the main victims in official statistics and in various studies and researches, which disseminate alarming data, which has been subsidizing the creation of apparatuses of repression in this transnational crime, but also to actions for protection and prevention and control over women when in displacement. In the name of protection and prevention to trafficking of women, it is reproducing power relations, which put the woman in the migration process, as vulnerable, submissive and defenseless, leaving invisible her autonomy, desires and wishes, as the protagonist in the construction of her own identity and history. The woman appears sometimes as a victim, which does not necessarily ensures effective protection, now as subversive, when identified or associated with the voluntary prostitution or irregular migration. This study comes to bring the reflection the knowledge already built on the trafficking of women, but also the omissions, discrepancies and ambiguities, through the analysis of different paradigms present in debate and in actions against trafficking. The intersection, between the themes of trafficking of women and international female migration allows be trafficking not as an isolated phenomenon. On the contrary, the trafficking wins a new dimension when thought within the contemporary migratory processes, in the context of globalization and productive restructuring, which drives thousands of people and in particular, the women, to move the world in search of better opportunities in life and work. This boarder vision allows an understanding of economic, political, cultural and social which will promote the existence and permanence of the trafficking of women. The field research carried out, brought to the trajectory of five Brazilian women and their experiences of emigration since the decision to migrate to the return to Brazil, identifying the diversity of situations, expectations, dreams, loves and disappointments, fears and suffering before situations of violence, including the trafficking. The objective of the field research was to investigate how these women perceive and reframe their histories of dislocations, identifying the existence of factors that have placed them in a situation of personal and social risk and violation of rights. Another aspect is how these women perceive the actions of the various subjects (State, civil society organizations, family, friends, criminal groups, and others) and the strategies used by them, the overcoming difficulties and the interruptions of the violations. In the end, it was intended with this study, rethink some concepts and actions in dealing with the trafficking of women, thus avoiding the construction of truths and the reiteration of some stereotypes among them, the victim woman, in danger or out of place, dangerous, because once moved from the realm of family, from home and homeland, the networks of support and protection, in which women could ideally try their condition of gender. On the contrary, the intention was to bring some ambiguities present in the treatment of the complexity of this topic, in order to subsidize new debates.