O problema da gênese da autoconsciência
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === São duas as motivações centrais para a suposição da existência de formas não-conceituais, primitivas de autoconsciência. No campo da pesquisa psicológica, a existência de uma forma não-conceitual autoconsciência emerge como uma consequê...
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Autoconsciência Consciência Conteúdos não-conceituais Auto-percepção Autoconsciência pré-reflexiva Selfconsciouness Consciouness Self-perception Nonconceptual content SAUDE COLETIVA Carla Nogueira Lobo O problema da gênese da autoconsciência |
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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === São duas as motivações centrais para a suposição da existência de formas não-conceituais, primitivas de autoconsciência. No campo da pesquisa psicológica, a existência de uma forma não-conceitual autoconsciência emerge como uma consequência natural da rejeição da visão tradicional de Piaget e de Freud da primeira infância como um ambiente Indiferenciado do Eu/não-Eu; enquanto no campo da atividade filosófica tal suposição se sustenta como uma possível solução para o suposto problema da circularidade/regresso na estrutura da auto-referência reflexiva. Esta tese pretente submeter essa suposição amplamente difundida a um extenso escrutínio. A primeira parte do trabalho destina-se a uma avaliação filosófica da própria ideia de uma forma primitiva, não-conceitual de autoconsciência. A crítica geral aqui pode ser formulada nos seguintes termos: as alegadas formas primitivas não-conceituais de autoconsciência não satisfazem absolutamente as duas condições - amplamente aceitas acerca da autoconsciência. A primeira estabelece que a característica semântica comum a qualquer forma de autoconsciência (independentemente de sua complexidade) é a auto-referência consciente. A segunda estabelece que a característica semântica das formas mais básicas de autoconsciência é a chamada imunidade ao erro por identificação. A segunda parte da tese está consagrada à avaliação dos resultados empíricos da nova abordagem psicológica de autoconsciência. A crítica geral assume a seguinte forma: guiado pelo termo ambíguo "self" ou "selfhood", psicólogos contemporâneos incorrem em um non-sequitur ao tentar inferir formas primitivas de autoconsciência da simples existência de um sujeito na primeira infância. Baseado no princípio da melhor explicação, mostraremos que as alegadas formas primitivas de autoconsciência são melhor compreendidas como estágios de desenvolvimento cognitivo do sujeito. Em suma, a idéia de uma forma primitiva, não-conceitual de autoconsciência não passa de um equívoco === The postulation of non-conceptual, primitive forms of self-consciousness has two main motivations. In the field of the psychological empirical research, the existence of a non-conceptual self-awareness seems to be the natural consequence of the rejection of Piagets and Freuds traditional view of the early infancy as a self/non-self undifferentiated environment, and in the field of philosophical activity such postulation seems to be the solution to the alleged circle/regress in the structure of reflexive self-reference. The present thesis is an assessment of this widespread claim. The first part of the work is addressed to a philosophical assessment of the very idea of a primitive, non-conceptual form of self-consciousness. The general criticism takes the following form: the alleged primitive, non-conceptual forms of self-consciousness fail completely to meet the two widely accepted constraints on any reasonable account of self-consciousness. The first constraint states that the distinctive semantic feature of any form of self-consciousness (irrespective of its complexity) is the knowingly self-reference, while the second states that the distinctive semantic feature of the most basic forms of self-consciousness is the so-called immunity to error through misidentification. The second part of the thesis is devoted to the assessment of the empirical findings of the new psychological approach to self-consciousness. The general criticism takes here the following form: guided by the ambiguous term self or selfhood, and of ambiguous phrases like sense of self or self-notion, contemporary psychologists incur into a non-sequitur: they attempt to infer the existence of primitive forms of self-consciousness from the simple existence of a subject in the early infancy. Based on the principle to the best inference, I show that the alleged primitive forms of self-consciousness are better understood as different stages of cognitive development of the subject. The upshot is that the very idea of a primitive, non-conceptual self-conscious is a serious misunderstanding |
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No campo da pesquisa psicológica, a existência de uma forma não-conceitual autoconsciência emerge como uma consequência natural da rejeição da visão tradicional de Piaget e de Freud da primeira infância como um ambiente Indiferenciado do Eu/não-Eu; enquanto no campo da atividade filosófica tal suposição se sustenta como uma possível solução para o suposto problema da circularidade/regresso na estrutura da auto-referência reflexiva. Esta tese pretente submeter essa suposição amplamente difundida a um extenso escrutínio. A primeira parte do trabalho destina-se a uma avaliação filosófica da própria ideia de uma forma primitiva, não-conceitual de autoconsciência. A crítica geral aqui pode ser formulada nos seguintes termos: as alegadas formas primitivas não-conceituais de autoconsciência não satisfazem absolutamente as duas condições - amplamente aceitas acerca da autoconsciência. A primeira estabelece que a característica semântica comum a qualquer forma de autoconsciência (independentemente de sua complexidade) é a auto-referência consciente. A segunda estabelece que a característica semântica das formas mais básicas de autoconsciência é a chamada imunidade ao erro por identificação. A segunda parte da tese está consagrada à avaliação dos resultados empíricos da nova abordagem psicológica de autoconsciência. A crítica geral assume a seguinte forma: guiado pelo termo ambíguo "self" ou "selfhood", psicólogos contemporâneos incorrem em um non-sequitur ao tentar inferir formas primitivas de autoconsciência da simples existência de um sujeito na primeira infância. Baseado no princípio da melhor explicação, mostraremos que as alegadas formas primitivas de autoconsciência são melhor compreendidas como estágios de desenvolvimento cognitivo do sujeito. Em suma, a idéia de uma forma primitiva, não-conceitual de autoconsciência não passa de um equívoco The postulation of non-conceptual, primitive forms of self-consciousness has two main motivations. In the field of the psychological empirical research, the existence of a non-conceptual self-awareness seems to be the natural consequence of the rejection of Piagets and Freuds traditional view of the early infancy as a self/non-self undifferentiated environment, and in the field of philosophical activity such postulation seems to be the solution to the alleged circle/regress in the structure of reflexive self-reference. The present thesis is an assessment of this widespread claim. The first part of the work is addressed to a philosophical assessment of the very idea of a primitive, non-conceptual form of self-consciousness. The general criticism takes the following form: the alleged primitive, non-conceptual forms of self-consciousness fail completely to meet the two widely accepted constraints on any reasonable account of self-consciousness. The first constraint states that the distinctive semantic feature of any form of self-consciousness (irrespective of its complexity) is the knowingly self-reference, while the second states that the distinctive semantic feature of the most basic forms of self-consciousness is the so-called immunity to error through misidentification. The second part of the thesis is devoted to the assessment of the empirical findings of the new psychological approach to self-consciousness. The general criticism takes here the following form: guided by the ambiguous term self or selfhood, and of ambiguous phrases like sense of self or self-notion, contemporary psychologists incur into a non-sequitur: they attempt to infer the existence of primitive forms of self-consciousness from the simple existence of a subject in the early infancy. Based on the principle to the best inference, I show that the alleged primitive forms of self-consciousness are better understood as different stages of cognitive development of the subject. 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