Internet e HIV/AIDS: o poder da informação e da desinformação.

Desde o final do século XX, o tema saúde é um das mais procurados na internet para diversos fins. As pessoas que convivem com HIV/AIDS não estão afastadas dessa tendência, formando inclusive um dos grupos de usuários que mais acessam a internet. Um grupo com um passado e presente de produção de movi...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Alfredo de Oliveira Neto
Other Authors: Kenneth Rochel de Camargo Junior
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2015
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=9001
Description
Summary:Desde o final do século XX, o tema saúde é um das mais procurados na internet para diversos fins. As pessoas que convivem com HIV/AIDS não estão afastadas dessa tendência, formando inclusive um dos grupos de usuários que mais acessam a internet. Um grupo com um passado e presente de produção de movimento social que muito contribuiu para a reconhecida política HIV/AIDS brasileira. O objetivo desta tese é identificar e analisar os padrões de busca e interação com o conteúdo em saúde na internet no cotidiano das pessoas com HIV/AIDS, em particular nos potenciais desdobramentos em processos de medicalização, tomada de decisão sobre condutas em saúde e relação com movimento social. A metodologia se baseou em análise de conteúdo de entrevistas e realização de etnografia virtual de uma página fechada no Facebook. As discussões sobre o material pesquisado foram divididas em categorias analíticas, cuja análise gerou os seguintes resultados: a sociabilidade produzida na internet contribui para diminuir o sofrimento em relação ao preconceito, tanto em relação ao HIV/AIDS, quanto à homossexualidade; há uma carência de espaços de acolhimento virtual em detrimento a uma maior oferta de espaços para discussão sobre políticas públicas; a medicalização na rede produz a chance de se obter condutas não recomendadas, no entanto, pessoas vinculadas a grupos virtuais possuem mais estímulos a não abandonar a medicação; a confiabilidade nos conteúdos da internet em geral possui um padrão de acesso a sites recomendados pelos órgãos oficiais do setor saúde; é comum pesquisar antes ou depois da consulta médica, no entanto a negociação se dá em cyberespaços de acolhimento; muitos ativistas do HIV/AIDS foram estimulados a participar do ativismo político através da internet. Há necessidade de se ampliar espaços virtuais de acolhimento através de políticas públicas incentivadoras; a formação médica precisa contemplar questões relacionadas à internet e saúde sobre sociabilidade, adesão, e terapêutica digital, prescrição de sites, blogs e redes sociais, devendo-se ponderar com questões de medicalização e prevenção quaternária. === Since the late twentieth century, health is one of the most popular subjects on the Internet for various reasons. People living with HIV/AIDS are not apart from this trend, being one of the groups of users with most intensive Internet access. This group is characterized by a intense participation in a social movement that greatly contributed to the acclaimed HIV/AIDS Brazilian policy. The objective of this thesis is to identify and analyze the search patterns and interaction with content on the Internet in the daily health of people with HIV/AIDS, particularly in potential developments in medicalization processes, decision making on health behaviors and relationship with social movements. The methodology involved interviews, which were later subject to content analysis, and a virtual ethnography of a closed secret group on Facebook. The discussion of the produced material was divided into analytical categories, whose analysis yielded the following results: sociability produced in the internet helps to reduce suffering in relation to prejudice, both with regard to HIV/AIDS and homosexuality; there are not many welcoming zones for people living with HIV and AIDS (PLHA) on the internet at the expense of a greater supply of spaces for discussion on public policy; medicalization produces opportunities to incur in unhealthy behaviors, however, people linked to social networks have more encouragement to not give up the medication; the reliability of internet content in general has a pattern of access to sites recommended by official agencies of the health sector; it is common to search before or after medical consultations, though negotiations about medication and symptoms take place in social networks; activists of HIV/AIDS were encouraged to participate in political activism over the internet. There is a need to have welcoming zones to PLHA on the internet guaranteed by public policy; medical education needs to cover issues related to the internet and health, such as sociability, compliance, and "digital therapy", prescription sites, blogs and social networks, but should consider issues of medicalization and quaternary prevention as well.