Summary: | Os antimoniais pentavalentes, tais como o Glucantime, são geralmente usados como fármacos de primeira escolha para o tratamento das leishmanioses, no entanto seu mecanismo de ação não é completamente esclarecido. Atua contra formas amastigotas intracelulares de Leishmania sp, comprometendo o potencial redox levando danos ao DNA do parasito. Alguns trabalhos sugerem que o Glucantime aumenta a capacidade fagocítica e a produção de TNF-alfa por fagócitos. O objetivo deste estudo foi avaliar a capacidade do Glucantime modular a atividade do macrófago, a principal célula hospedeira da Leishmania. Inicialmente, a toxicidade do Glucantime foi testada sobre macrófagos peritoneais de camundongos BALB/c, tratando as monocamadas in vitro por 48 horas. A viabilidade celular foi avaliada pelo método do MTT. A capacidade do Glucantime (0,1, 1 e 10 mg/ml) modular os macrófagos foi avaliada tratando as monocamadas de macrófagos peritoneais por 24 horas antes da infecção com Leishmania braziliensis. Após 48 horas de incubação com meio de cultura foi avaliado o índice de infecção por contagem. Antes e após a infecção foram analisados a produção de óxido nítrico (NO) pelo método de Griess, espécies reativas de oxigênio (EROS) por fluorimetria usando a sonda H2DCFDA e a produção de citocinas por ELISA. Para avaliar se o Glucantime seria capaz de modular macrófagos in vivo, camundongos suíços foram tratados por 5 dias consecutivos com 8 mg de Glucantime pela via intraperitoneal. Macrófagos peritôneais foram avaliados quanto a sua capacidade de controlar a infecção in vitro com L. braziliensis. Os resultados mostraram que nas concentrações até 10 mg/ml, o Glucantime não alterou a viabilidade dos macrófagos in vitro. O pré-tratamento dos macrófagos com Glucantime nas concentrações de 0.1mg/mL, 1mg/mL e 10mg/mL, foi capaz de reduzir o índice de infecção em 49%, 74% e 85%, respectivamente. Em macrófagos não infectados a produção de NO foi aumentada na concentração de 10mg/ml de Glucantime. O tratamento com 1 e 10 mg/ml de Glucantime foi capaz de aumentar significativamente a produção de EROs (p<0,05 e p<0.01, respectivamente) e a produção IL-12 (p<0,05), mas a IL-10 não foi alterada. Não houve alterações significativas desses parâmetros em relação ao controle após a infecção com L. braziliensis. Os macrófagos oriundos dos animais tratados com Glucantime foram capazes de reduzir o índice de infecção por L. braziliensis (p<0,05). Esses resultados sugerem que o Glucantime é capaz de ativar os macrófagos e esse efeito pode contribuir para o mecanismo de ação desse fármaco. === The pentavalent antimonial drugs, such as Glucantime, are generally used as first choice for the treatment of leishmaniasis, however its mechanism is not fully understood. It has activity against intracellular amastigotes of Leishmania sp, compromising the redox potential and causing damage to the DNA of the parasite. Some studies suggesting that Glucantime enhances phagocytosis and TNF-α production by phagocytes. The aim of this study is to evaluate the modulation of Glucantime on macrophages, the major host cell of Leishmania. Initially, Glucantimes toxicity was tested on peritoneal macrophages from BALB/c mice, by treating the monolayers in vitro for 48 hours. Cell viability was evaluated by MTT method. The capacity of Glucantime (0,1, 1 and 10 mg/ml) of modulate macrophages was evaluated by treating the monolayers of peritoneal macrophages for 24 hours before the infection with Leishmania braziliensis. After 48 hours of incubation with culture medium the infection index was evaluated by counting. Before and after the infection were analyzed the production of nitric oxide (NO) by Griess method, reactive oxygen species (ROS) by fluorimetry using the H2DCFDA dye and cytokines by ELISA. To evaluate if Glucantime could modulate macrophages in vivo, Swiss Webster mice were treated for 5 consecutive days with 8 mg Glucantime by intraperitoneal route. Peritoneal macrophages were evaluated about its capacity of control the in vitro infection with L. braziliensis. Results showed that until the concentration of 10 mg/ml, Glucantime did not alter the macrophages viability in vitro. The pre-treatment of macrophages with Glucantime at 0.1mg/mL, 1mg/mL and 10mg/mL was able to reduce the infection index in 49%, 74% and 85%, respectively. On non-infected macrophages the NO production was increased at 10mg/ml of Glucantime. The treatment with 1 and 10 mg/ml de Glucantime was able to significantly increase the ROS production (p<0,05 and p<0.01, respectively) and IL-12 production (p<0,05), however the IL-10 production was not altered. There were no significant changes of these parameters comparing to control after the L. braziliensis infection. The macrophages from the treated mice were capable of reduce the infection index by L. braziliensis (p<0,05). These results suggest that Glucantime is capable of activate macrophages and this effect could contribute to the mechanism of action of this drug.
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