A (des)integralidade pela (in)diferença: um estudo sobre práticas assistenciais ao louco na emergência de um hospital quase geral

A atual política de saúde mental brasileira aponta o hospital geral como parte integrante da rede de serviços substitutivos ao manicômio. É preconizado por essa política que os serviços substitutivos levem em consideração, entre outras premissas, o acolhimento, o vínculo e a integralidade na prestaç...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Fátima Cristina Alves de Araújo
Other Authors: Roseni Pinheiro
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2007
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=7604
Description
Summary:A atual política de saúde mental brasileira aponta o hospital geral como parte integrante da rede de serviços substitutivos ao manicômio. É preconizado por essa política que os serviços substitutivos levem em consideração, entre outras premissas, o acolhimento, o vínculo e a integralidade na prestação do cuidado. Frente a isso, optou-se por estudar o atendimento ao louco no hospital geral. Este estudo foi realizado no setor de emergência do Hospital Estadual Pedro II, situado na cidade do Rio de Janeiro. O objetivo era analisar as práticas assistenciais ao louco em um hospital geral e os seus efeitos para integralidade. Para isso, buscou-se, especificamente, a) situar a unidade hospitalar e sua relação com a rede de serviços de saúde, destacando os aspectos sociais, políticos e culturais que se inserem; e b) compreender os sentidos e significados sobre integralidade, acolhimento e vínculo atribuídos pelos sujeitos envolvidos nas práticas assistenciais a clientela com transtorno psiquiátrico; e c) identificar a existência de nexos entre essas práticas e as diretrizes do movimento de reforma psiquiátrica, além de mapear os dispositivos de poder e seus efeitos nas práticas assistenciais. Optou-se pelo recurso metodológico do Estudo de Caso. Os dados foram obtidos através de observação, análise documental, entrevista e conversas do cotidiano. Identificou-se que o hospital funciona como a única emergência da região, além de ser a única porta aberta às emergências psiquiátricas. O espaço físico da emergência em pouco favorecia o desenvolvimento de uma atenção acolhedora, resolutiva e humanizada, seja ao louco ou a qualquer outro paciente. As práticas assistenciais ainda eram predominantemente pautadas pelo modo asilar. Acolhimento, vínculo e integralidade faziam parte do discurso, mas ainda não se materializaram nas práticas assistenciais. O estigma atribuído à doença mental foi percebido como empecilho a práticas acolhedoras. A noção de vínculo foi atrelada à responsabilidade. Porém a prática de alguns profissionais da emergência e do próprio serviço de saúde mental não revelou essa responsabilização na coprodução de saúde. As relações de poder no campo seguiam o modelo biomédico hegemônico, com centralidade na figura do médico. Elas foram consideradas empecilho à materialização da integralidade. A fim de possibilitar a concretização do hospital como parte da rede de serviços substitutivos julgou-se necessário investir em novos arranjos institucionais que coloquem o usuário como centro dos modos de produção de atos de saúde; inserir a dimensão cuidadora na formação e qualificação dos profissionais de saúde e, investir especificamente na dimensão sociocultural da reforma psiquiátrica para que o ideário reformista deixe de circular somente os guetos psiquiátrico e garanta um outro lugar para o louco na sociedade. === The politics of Brazilian mental health points the general hospital as an integrant of services net that substitutes to the lunatic asylum. There is expectancy that the care given of the substitutes services take into consideration, among others premises the shelter, bond and integrality. This study takes place through into Hospital Estadual Pedro II emergency, in the Rio de Janeiro city; it was looked to analyze the practical aid to the insane person in a general hospital and the completeness effect. For this, searched: to point out the hospital unit and its relation with the net of health services, detaching the social aspects, politicians and cultural that is insert; to understand the directions, meanings and voices of the involved citizens in the practical assistances the patient with psychiatric upset that looks the emergency on integrality, shelter and bond to identify to the existence of nexuses between these practical and the lines of direction of the movement of psychiatric reform, beyond map the devices of power and its effect in the practical assistances. Was opted the Case Study resource. The data had been gotten through comment, documentary of the region. The only open door to the psychiatric emergencies. The physical space of emergency in little favors an attention receiver, resolute and humanized, either to insane person or any another patient. The practical assistances still predominantly are ruled for shelter way. Shelter, bond and integrality are part of the speech, but not yet they are materialized in the practical assistances The stigma attributed to the insanity was perceived as obstruction the practical receivers. The bond to the insanity was perceived as obstruction the practical receivers. The bond notion was harness to responsibility. However the practical one of some professionals of the emergency and the proper service of mental health did not disclose this responsibility in the health coproduction. The relations of power in the field had followed the hegemonic biomedical model, with centrality on the doctor. They had been considered obstruction integrality materialize. Alike to make possible the concretion of the hospital as part of the net of substitute services was judged necessary to invest in new institution arrangements the place the user as center in the ways of production of health acts; to insert the care dimension in the formation and qualification of the health professionals reform so that the reformist idea leaves of only circulating the psychiatric ghettos and guarantees one another place for the insane person in the society.