Summary: | A presente pesquisa visa refletir, sob a ótica do discurso, a cultura noticiosa a respeito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), no que se refere à cobertura jornalística dos jornais Zero Hora e Folha de S.Paulo das linhas políticas sobre as questões conjunturais apresentadas pelo Movimento em seus três últimos Congressos Nacionais (1995, 2000 e 2007), para comprovar o tratamento dado pela mídia ao MST e o modo como as formações discursivas em textualizações jornalísticas são indiciárias de permanente tensão em torno da luta pela terra, o que dificulta o diálogo do Movimento com a sociedade. Este trabalho pretende ainda debater qual a intervenção do MST na construção das agendas política e pública e por que o Movimento não consegue provocar mudanças em seu enquadramento noticioso e, assim, constatar o que o processo de saturação do discurso midiático, neste caso o do jornalismo impresso, é capaz de produzir sobre a sociedade, partindo da hipótese de que a mídia, em geral, funciona como aparelho político-ideológico, que elabora e divulga concepções de mundo, cumprindo a função de contribuir com orientações para exercer influência na compreensão dos fatos sociais. A mediação dos meios de comunicação de massa, em geral, produz um deslocamento na experiência pública e, ao mesmo tempo, dá forma aos saberes possíveis que essa experiência desenvolve sobre si mesma. Sabemos que as ideologias presentes nos discursos jornalísticos podem não produzir novos saberes sobre o mundo, mas produzem um reconhecimento do mundo tal como já aprendemos a apropriá-lo. Demonstrar-se-á que, na fase atual do capitalismo sistema que demanda maior valorização da informação , a reprodução ideológica se dá diretamente pelos meios de comunicação, por intermédio de pautas e agendas. Considerando o contexto apresentado pela pesquisa, o trabalho destaca também dois fios condutores para alcançar seus objetivos: a submissão da mídia à hegemonia neoliberal e a luta do MST pela reforma agrária diante da valorização do agronegócio latifundiário. === From the standpoint of the discourse, this research intends to reflect upon the media culture surrounding Brazil's Landless Peasant Movement [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra/MST], with focus on the journalistic coverage of the newspapers Zero Hora and Folha de S.Paulo regarding the political lines and conjuncture issues presented by the Movement in its last three national gatherings (1995, 2000 and 2007), the treatment given by the media to MST and how the discursive formations in textualizations indexing news have meant ongoing tensions around the struggle for land and made the dialogue between the Movement and the society even more difficult. This work also intends to discuss the intervention of the MST in the construction of political and public agendas and the reasons why the Movement is unable to produce changes in its media portrayal. Thus, it ascertains the saturation process of the mediatic discourse (specifically in the print media) and the effects that it may produce upon society beginning with the hypothesis that the media generally operates like a political and ideological apparatus that elaborates and divulges world concepts, carrying out the task of offering orientations that influence the comprehension of social facts. Mediation means of mass communication, in general, produces a shift in public experience and at the same time shapes the possible knowledge that this experience developes on itself. We know that the ideologies found in journalistic discourses can not produce new knowledge about the world, but produce a recognition of the world as we have learned to appropriate it. We shall demonstrate that, in the current phase of capitalism (a system that demands greater value for information), ideological reproduction occurs directly through the media, with their task assignments and daily agendas. Taking under consideration the context presented in the research, this work also emphasizes two guiding lines in order to arrive at its objectives: the submission of the media to the neo-liberal hegemony and the struggle of the MST towards land reform in face of the increasing value of large-scale agribusinesses.
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