A escrita alfabética, sua natureza e representação: contribuições à Fonoaudiologia aplicada à Educação
Introdução: Essa pesquisa situa-se no campo epistemológico da Fonoaudiologia Educacional. A prática fonoaudiológica no Brasil tem sua gênese vinculada a medidas de uniformização e normatização da língua. As ações fonoaudiológicas foram, desde a sua origem, influenciadas pelo positivismo e pelo pensa...
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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
2013
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Fonoaudiologia educacional Linguagem Modos de Pensamento Educational speech Language Writing Speech Learning disorder Modes of Thought EDUCACAO Maria Letícia Cautela de Almeida Machado A escrita alfabética, sua natureza e representação: contribuições à Fonoaudiologia aplicada à Educação |
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Introdução: Essa pesquisa situa-se no campo epistemológico da Fonoaudiologia Educacional. A prática fonoaudiológica no Brasil tem sua gênese vinculada a medidas de uniformização e normatização da língua. As ações fonoaudiológicas foram, desde a sua origem, influenciadas pelo positivismo e pelo pensamento naturalista, o que se traduziu em uma atuação, marcadamente, clínico-médica e numa concepção normativa de desenvolvimento e aprendizagem da escrita. Esforços têm sido empreendidos para se instituir no campo educacional uma atuação fonoaudiológica diferenciada, que se destitua do caráter curativo e normativo e se volte para a promoção do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, apesar dos esforços em busca da modificação e ampliação da atuação fonoaudiológica educacional, esse caráter clínico-médico persiste. Entende-se que tal perpetuação é sustentada por paradigmas enraizados e mantidos até hoje na formação do fonoaudiólogo e do educador. Trata-se de visões que universalizam questões relativas à linguagem e ao processo de aprendizagem da escrita e medicalizam padrões que se apresentam fora do esperado como normalidade. Objetivo: Caracterizar a natureza e a representação da escrita alfabética, visando a contribuir para a superação da cultura naturalística e biologizante na abordagem das questões sobre a aprendizagem e o domínio da língua escrita no campo da Fonoaudiologia Educacional. Metodologia: Pesquisa científica de base teórico-conceitual. Resultados: Essa pesquisa revela que o sistema estrutural da escrita constitui um fenômeno com propriedades gramaticais e representacionais que se distinguem da fala. Evidencia-se que a relação entre a língua escrita e a língua oral não é direta, de tal modo que a escrita alfabética não é uma transcodificação da fala. Além disso, essa tese sustenta que a natureza da escrita não é biológica, mas eminentemente cultural, de tal maneira que sua apropriação e domínio constituem um processo conceitual singular. Tal concepção implica o entendimento de que diferentes sujeitos socioculturais interagem e conceituam a escrita de modos diversos. Essa diversidade ocorre porque sujeitos sociais plurais apresentam modos diferenciados de organização e operação mental que, por sua vez, implicam diferentes formas de interação com o mundo, com o outro e com a escrita, resultando em diferenças individuais na estruturação e no uso da fala e da escrita. A partir desses conceitos, sistematizam-se princípios norteadores para a constituição de uma atuação fonoaudiológica educacional, no campo da escrita, destituída de qualquer caráter clínicomédico. Conclusões: O entendimento de que a apropriação da escrita não tem natureza biológica permite a compreensão de que os diferentes modos de escrita não podem ser validados por regras universais baseadas em um sistema mental apriorístico, nem, tampouco, considerados produtos de uma condição de anormalidade intrínseca ao sujeito. Essa tese demonstrou que a manutenção de uma concepção de um determinismo biológico para as dificuldades na aprendizagem ou domínio da escrita, na verdade, envolve uma questão paradigmática. Enfim, os parâmetros que definem as categorias do que é normal e do que é anormal na estruturação e no uso da escrita não são regidos por princípios biológicos, mas por categorias paradigmáticas. Assim, a ideia de um distúrbio de aprendizagem da escrita se sustenta somente sob determinado paradigma. === Introduction: This research is in the field of Speech Pathology Educational epistemological. The practice speech in Brazil has its genesis linked to measures of uniformity and standardization of the language. The actions from speech therapy were, since its origin, influenced by positivism and naturalistic thinking, which resulted in a performance based on clinical care and a normative conception of development and learning of writing. Efforts have been undertaken to establish in educational field a differentiated approach for Speech therapy, which dismisses the curative and regulatory and turns to the promotion of the teaching-learning process. However, despite efforts to seek the modification and expansion of educational speech therapy, the clinical-medical character persists. It is understood that this is a consequence of paradigms rooted and kept until today on the formation of a speech therapist and educator. These are views that universalize issues relating to language and learning process of writing and uses medical patterns on individuals that appear to be outside of the normal range as expected. Objective: To characterize the nature and representation of alphabetic writing, aiming to contribute to overcoming the biological and naturalistic culture in addressing questions about the learning and mastery of written language in the field of Speech Pathology Education. Methodology: Scientific research in theoretical and conceptual basis. Results: This study reveals that the structural system of writing is a phenomenon with grammatical properties and representational distinguished from speech. It is evident that the relationship between the spoken language and written language is not direct, such that alphabetic writing is not a de-coding of speech. Furthermore, this thesis sustains that the nature of the writing is not biological, but eminently cultural, so that its acquisition and domain are a unique conceptual process. This conception implies an understanding that different sociocultural individuals conceptualize and interact the writing in different ways. This diversity is because social subjects present different modes of organization and operation of mind that, in turn, imply different ways of interacting with the world, with each other and with writing, resulting in individual differences in the structure and use of speech and writing. From these concepts, systematize up guiding principles for the establishment of an educational speech therapy in the field of writing, devoid of any physician-clinical character. Conclusions: The understanding that the appropriation of writing has no biological allows the understanding that the different modes of writing can not be validated by universal rules based on a priori mental system, nor, considered as a condition intrinsic abnormality the subject. This thesis has shown that maintaining a conception of a biological determinism to the difficulties in learning or mastery of writing actually involves a paradigmatic issue. Finally, the parameters that define the categories of what is "normal" and what is "abnormal" in the structuring and use of writing are not regulated by biological principles, but by paradigmatic categories. Thus, the idea of a learning disorder writing is sustained only under certain paradigm. |
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ndltd-IBICT-urn-repox.ist.utl.pt-UERJ-oai-www.bdtd.uerj.br-35232018-05-23T23:34:54Z A escrita alfabética, sua natureza e representação: contribuições à Fonoaudiologia aplicada à Educação Alphabetic writing, their nature and representation: contributions to speech therapy applied to Education Maria Letícia Cautela de Almeida Machado Luiz Antônio Gomes Senna Rosana Glat Márcia Denise Pletsch Leila Regina d'Oliveira de Paula Nunes Ana Paula Berberian Vieira da Silva Fonoaudiologia educacional Linguagem Modos de Pensamento Educational speech Language Writing Speech Learning disorder Modes of Thought EDUCACAO Introdução: Essa pesquisa situa-se no campo epistemológico da Fonoaudiologia Educacional. A prática fonoaudiológica no Brasil tem sua gênese vinculada a medidas de uniformização e normatização da língua. As ações fonoaudiológicas foram, desde a sua origem, influenciadas pelo positivismo e pelo pensamento naturalista, o que se traduziu em uma atuação, marcadamente, clínico-médica e numa concepção normativa de desenvolvimento e aprendizagem da escrita. Esforços têm sido empreendidos para se instituir no campo educacional uma atuação fonoaudiológica diferenciada, que se destitua do caráter curativo e normativo e se volte para a promoção do processo de ensino-aprendizagem. No entanto, apesar dos esforços em busca da modificação e ampliação da atuação fonoaudiológica educacional, esse caráter clínico-médico persiste. Entende-se que tal perpetuação é sustentada por paradigmas enraizados e mantidos até hoje na formação do fonoaudiólogo e do educador. Trata-se de visões que universalizam questões relativas à linguagem e ao processo de aprendizagem da escrita e medicalizam padrões que se apresentam fora do esperado como normalidade. Objetivo: Caracterizar a natureza e a representação da escrita alfabética, visando a contribuir para a superação da cultura naturalística e biologizante na abordagem das questões sobre a aprendizagem e o domínio da língua escrita no campo da Fonoaudiologia Educacional. Metodologia: Pesquisa científica de base teórico-conceitual. Resultados: Essa pesquisa revela que o sistema estrutural da escrita constitui um fenômeno com propriedades gramaticais e representacionais que se distinguem da fala. Evidencia-se que a relação entre a língua escrita e a língua oral não é direta, de tal modo que a escrita alfabética não é uma transcodificação da fala. Além disso, essa tese sustenta que a natureza da escrita não é biológica, mas eminentemente cultural, de tal maneira que sua apropriação e domínio constituem um processo conceitual singular. Tal concepção implica o entendimento de que diferentes sujeitos socioculturais interagem e conceituam a escrita de modos diversos. Essa diversidade ocorre porque sujeitos sociais plurais apresentam modos diferenciados de organização e operação mental que, por sua vez, implicam diferentes formas de interação com o mundo, com o outro e com a escrita, resultando em diferenças individuais na estruturação e no uso da fala e da escrita. A partir desses conceitos, sistematizam-se princípios norteadores para a constituição de uma atuação fonoaudiológica educacional, no campo da escrita, destituída de qualquer caráter clínicomédico. Conclusões: O entendimento de que a apropriação da escrita não tem natureza biológica permite a compreensão de que os diferentes modos de escrita não podem ser validados por regras universais baseadas em um sistema mental apriorístico, nem, tampouco, considerados produtos de uma condição de anormalidade intrínseca ao sujeito. Essa tese demonstrou que a manutenção de uma concepção de um determinismo biológico para as dificuldades na aprendizagem ou domínio da escrita, na verdade, envolve uma questão paradigmática. Enfim, os parâmetros que definem as categorias do que é normal e do que é anormal na estruturação e no uso da escrita não são regidos por princípios biológicos, mas por categorias paradigmáticas. Assim, a ideia de um distúrbio de aprendizagem da escrita se sustenta somente sob determinado paradigma. Introduction: This research is in the field of Speech Pathology Educational epistemological. The practice speech in Brazil has its genesis linked to measures of uniformity and standardization of the language. The actions from speech therapy were, since its origin, influenced by positivism and naturalistic thinking, which resulted in a performance based on clinical care and a normative conception of development and learning of writing. Efforts have been undertaken to establish in educational field a differentiated approach for Speech therapy, which dismisses the curative and regulatory and turns to the promotion of the teaching-learning process. However, despite efforts to seek the modification and expansion of educational speech therapy, the clinical-medical character persists. It is understood that this is a consequence of paradigms rooted and kept until today on the formation of a speech therapist and educator. These are views that universalize issues relating to language and learning process of writing and uses medical patterns on individuals that appear to be outside of the normal range as expected. Objective: To characterize the nature and representation of alphabetic writing, aiming to contribute to overcoming the biological and naturalistic culture in addressing questions about the learning and mastery of written language in the field of Speech Pathology Education. Methodology: Scientific research in theoretical and conceptual basis. Results: This study reveals that the structural system of writing is a phenomenon with grammatical properties and representational distinguished from speech. It is evident that the relationship between the spoken language and written language is not direct, such that alphabetic writing is not a de-coding of speech. Furthermore, this thesis sustains that the nature of the writing is not biological, but eminently cultural, so that its acquisition and domain are a unique conceptual process. This conception implies an understanding that different sociocultural individuals conceptualize and interact the writing in different ways. This diversity is because social subjects present different modes of organization and operation of mind that, in turn, imply different ways of interacting with the world, with each other and with writing, resulting in individual differences in the structure and use of speech and writing. From these concepts, systematize up guiding principles for the establishment of an educational speech therapy in the field of writing, devoid of any physician-clinical character. Conclusions: The understanding that the appropriation of writing has no biological allows the understanding that the different modes of writing can not be validated by universal rules based on a priori mental system, nor, considered as a condition intrinsic abnormality the subject. This thesis has shown that maintaining a conception of a biological determinism to the difficulties in learning or mastery of writing actually involves a paradigmatic issue. Finally, the parameters that define the categories of what is "normal" and what is "abnormal" in the structuring and use of writing are not regulated by biological principles, but by paradigmatic categories. 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