Machado de Assis e o exercício dos gêneros da intimidade
Observando o crescente interesse pela escrita do eu e levando em conta a afirmação de Jorge de Sena no ensaio Machado de Assis e o seu quinteto carioca, que declara haver como unidade entre as cinco obras finais de Machado de Assis o questionamento dos gêneros que expressam a subjetividade moderna,...
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Universidade do Estado do Rio de Janeiro
2012
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ndltd-IBICT-urn-repox.ist.utl.pt-UERJ-oai-www.bdtd.uerj.br-26262018-05-23T23:33:59Z Machado de Assis e o exercício dos gêneros da intimidade Machado de Assis and the exercise of the genres of intimacy Tatiana de Oliveira Miguez Fátima Cristina Dias Rocha Andréa Portolomeos Ana Lúcia Machado de Oliveira Correspondência Autobiografia Autobiography Diary Correspondence LITERATURA BRASILEIRA Observando o crescente interesse pela escrita do eu e levando em conta a afirmação de Jorge de Sena no ensaio Machado de Assis e o seu quinteto carioca, que declara haver como unidade entre as cinco obras finais de Machado de Assis o questionamento dos gêneros que expressam a subjetividade moderna, buscamos investigar, nesta dissertação, a maneira como Machado de Assis lida com alguns desses gêneros da intimidade, dentro e fora do espaço ficcional. Para tanto, selecionamos duas das obras finais que empregam mais diretamente a escrita do eu e que, do mesmo modo, mais transgridem essa escrita: Memórias Póstumas de Brás Cubas, uma autobiografia escrita por um defunto autor; e Memorial de Aires, um diário que registra mais frequentemente a vida dos outros do que a do próprio diarista Aires. Além das obras ficcionais, trazemos para a análise as missivas machadianas, observando como o escritor constrói a imagem de si na troca de cartas com intelectuais de seu convívio. Refletindo sobre o exercício desses gêneros da intimidade, por parte de Machado de Assis, observamos que este, na sua correspondência, não ultrapassou os limites que, à época, regiam a troca de confidências entre pares e amigos. Comedido e discreto, assume, de modo geral, o papel de mestre e aconselhador, apresentando em suas cartas um projeto literário de cunho pedagógico, conduzindo os mais jovens na direção da literatura. Já na ficção, ao fazer um uso engenhoso e criativo das retóricas da autobiografia e do diário, o escritor utilizou tais gêneros para, ao mesmo tempo, recobrir e agudizar a crítica corrosiva à sociedade de seu tempo Observing the growing interest in writing the word I and taking into consideration Jorge de Senas quote in the essay Machado de Assis e o seu quinteto carioca, which declares that there are, as a unit among the five final works of Machado de Assis, the questionings of the genres that express the modern subjectivity, its investigated, in this dissertation, the way in which Machado de Assis deals with some of those intimacy genres, inside and outside the fictional space. For this purpose, two of the final projects were selected, which express more directly the writing of I and that, in the same way, transgress this writing: Memórias Póstumas de Brás Cubas, an autobiography written by a dead author; and Memorial de Aires, a diary that frequently registers the lives of others than Aires own life. Besides the fictional works, its brought to analysis Machados letters, observing how the writer builds up the image of himself when exchanging letters with the scholars of his familiarity. Reflecting on the exercise of those intimacy genres, by Machado de Assis, its possible to observe that the one, in its correspondence, hasnt exceeded the boundaries that, in that epoch, reacted to the exchange of confidence between relatives and friends. Moderate and mild, he assumes, in a general way, the role of a master and an advisor, showing through his letters a literary project of pedagogical nature, leading the Youngers towards literature. In fiction, when making a creative use of autobiography and diary rhetoric, the writer used such genres for, at the same time, recovering and accentuating the corrosive criticism to the society of his time 2012-03-26 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/masterThesis http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=4206 por info:eu-repo/semantics/openAccess application/pdf Universidade do Estado do Rio de Janeiro Programa de Pós-Graduação em Letras UERJ BR reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UERJ instname:Universidade do Estado do Rio de Janeiro instacron:UERJ |
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Observando o crescente interesse pela escrita do eu e levando em conta a afirmação de Jorge de Sena no ensaio Machado de Assis e o seu quinteto carioca, que declara haver como unidade entre as cinco obras finais de Machado de Assis o questionamento dos gêneros que expressam a subjetividade moderna, buscamos investigar, nesta dissertação, a maneira como Machado de Assis lida com alguns desses gêneros da intimidade, dentro e fora do espaço ficcional. Para tanto, selecionamos duas das obras finais que empregam mais diretamente a escrita do eu e que, do mesmo modo, mais transgridem essa escrita: Memórias Póstumas de Brás Cubas, uma autobiografia escrita por um defunto autor; e Memorial de Aires, um diário que registra mais frequentemente a vida dos outros do que a do próprio diarista Aires. Além das obras ficcionais, trazemos para a análise as missivas machadianas, observando como o escritor constrói a imagem de si na troca de cartas com intelectuais de seu convívio. Refletindo sobre o exercício desses gêneros da intimidade, por parte de Machado de Assis, observamos que este, na sua correspondência, não ultrapassou os limites que, à época, regiam a troca de confidências entre pares e amigos. Comedido e discreto, assume, de modo geral, o papel de mestre e aconselhador, apresentando em suas cartas um projeto literário de cunho pedagógico, conduzindo os mais jovens na direção da literatura. Já na ficção, ao fazer um uso engenhoso e criativo das retóricas da autobiografia e do diário, o escritor utilizou tais gêneros para, ao mesmo tempo, recobrir e agudizar a crítica corrosiva à sociedade de seu tempo === Observing the growing interest in writing the word I and taking into consideration Jorge de Senas quote in the essay Machado de Assis e o seu quinteto carioca, which declares that there are, as a unit among the five final works of Machado de Assis, the questionings of the genres that express the modern subjectivity, its investigated, in this dissertation, the way in which Machado de Assis deals with some of those intimacy genres, inside and outside the fictional space. For this purpose, two of the final projects were selected, which express more directly the writing of I and that, in the same way, transgress this writing: Memórias Póstumas de Brás Cubas, an autobiography written by a dead author; and Memorial de Aires, a diary that frequently registers the lives of others than Aires own life. Besides the fictional works, its brought to analysis Machados letters, observing how the writer builds up the image of himself when exchanging letters with the scholars of his familiarity. Reflecting on the exercise of those intimacy genres, by Machado de Assis, its possible to observe that the one, in its correspondence, hasnt exceeded the boundaries that, in that epoch, reacted to the exchange of confidence between relatives and friends. Moderate and mild, he assumes, in a general way, the role of a master and an advisor, showing through his letters a literary project of pedagogical nature, leading the Youngers towards literature. In fiction, when making a creative use of autobiography and diary rhetoric, the writer used such genres for, at the same time, recovering and accentuating the corrosive criticism to the society of his time |
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