Summary: | Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === Deslocamentos de côndilos e ramos acompanhando a cirurgia de avanço mandibular foram descritos, mas a influência destas mudanças na instabilidade pós-cirúrgica ainda é pouco conhecida. Limitações na avaliação quantitativa de deslocamentos cirúrgicos pelos métodos tradicionais podem ser superadas através da tomografia cone beam e ferramentas de imagens tridimensionais. O objetivo deste trabalho foi avaliar as mudanças nas posições de côndilos, ramos e mento após cirurgia isolada de avanço de mandíbula. Foram realizadas tomografias computadorizadas de feixe cônico (CBCT) antes da cirurgia (T1), 1 semana (T2) e 6 semanas após a cirurgia (T3) em 20 pacientes retrognatas com padrão normal ou horizontal (14 mulheres e 6 homens, idade média = 27,08 anos, variação de 13,9 a 53,7 anos) submetidos à osteotomia bilateral sagital do ramo para avanço mandibular, sete deles com mentoplastia como procedimento auxiliar. Modelos 3D computadorizados foram construídos e superpostos utilizando-se a base do crânio de T1 como referência. Para a superposição, utilizou-se um método automático que identifica e compara a escala de cinza dos voxels de duas estruturas tridimensionais, eliminando a necessidade de marcação de pontos anatômicos pelo operador. Após a combinação dos modelos das três fases, regiões anatômicas de interesse foram selecionadas, sendo analisadas separadamente. Distâncias entre as superfícies anatômicas foram computadas, no mesmo indivíduo, entre T1-T2, T2-T3 e T1-T3, exibindo as mudanças ocorridas com a cirurgia, após a remoção do splint cirúrgico, e a resultante total dos deslocamentos cirúrgicos, respectivamente. A navegação pelos modelos superpostos através dos métodos de visualização por mapas coloridos e semi-transparências permitiu a avaliação das direções de deslocamento das estruturas. Um deslocamento ântero-inferior do mento foi observado em todos os casos entre T1 e T2 (>4mm em 87,5%); entre T2 e T3 observou-se um movimento ântero-superior em 69% dos pacientes, e com algum componente posterior em 25% (<3mm). Entre T1-T3, observou-se um deslocamento ântero-inferior em 87,5% dos casos, e apenas anterior em 12,5% (>4mm em 80%). Considerando-se todas as direções de deslocamento, os côndilos apresentaram um movimento menor que 2mm em 77,5% (T1-T2) e 90% (T2-T3 e T1-T3) dos casos, enquanto os ramos deslocaram-se menos de 3mm em 72,5% (T1-T2) e menos de 2mm em 87,5% (T2-T3) e 82% (T1-T3) dos casos. Os côndilos apresentaram uma tendência de deslocamento látero-posterior com a cirurgia, e uma tendência oposta entre T2 e T3. Os ramos apresentaram tendência de deslocamento ínfero-latero-posterior com a cirurgia, mas súpero-medio-anterior entre T2 e T3. Entre T1-T3, as tendências foram médio-postero-superior nos côndilos e súpero-latero-anterior nos ramos. Importantes deslocamentos foram observados nos ramos e côndilos após o procedimento cirúrgico, mas as mudanças após a remoção do splint cirúrgico sugerem uma resposta adaptativa tendendo às posições pré-cirúrgicas. As mudanças no mento após seis semanas sugeriram adaptações aceitáveis na maioria dos casos. === Condyles and rami displacements following mandibular advancement surgery have been described, but these changes and bone remodeling/resorption influence on post-treatment instability are poorly understood at present. Cone beam computed tomography (CBCT) and 3D imaging tools can now overcome conventional methods limitations in assessing surgical displacements. The aim of this study was to assess surgery and short-term post-surgery changes in the position of the condyles, rami and chin with the superimposition of 3D cone-beam CT models. Pre-surgery (T1), 1 week post-surgery (T2), and 6 week post-surgery (T3) CBCT scans were acquired for 20 retrognathic patients (14 females and 6 males, mean age = 27.08 years, range = 13.9-53.7 years) with short or normal face height who underwent a BSSO mandibular advancement. Seven patients also received a genioplasty as an adjunctive procedure. 3D models were built and superimposed through a fully automated voxel-wise method using the cranial base of the pre-surgery scan as reference. After combining the 3 models, anatomic regions of the chin, right and left condyle and ramus were selected and analyzed separately. Within-subject surface distances between T1-T2, T2-T3, and T1-T3 were computed, showing changes with surgery, after splint removal, and the total movement resultant, respectively. Color-coded maps and semi-transparent display of overlaid structures allowed the evaluation of displacement directions. After an antero-inferior chin displacement with surgery in all the cases (>4mm in 87.5%), 25% of the patients showed some kind of posterior movement (< 3mm), and 69% showed an antero-superior movement after splint removal. Comparing T1-T3, an antero-inferior (87.5% of the cases) or only inferior (12.5%) displacement was observed (>4mm in 80%). Considering all directions of displacement, the surface distance differences for the condyles and rami were small: 77.5% of the condyles moved <2mm with surgery (T1-T2), and 90% moved <2mm in the short-term (T2-T3) and in the total evaluation (T1-T3), while the rami showed a <3mm change with surgery in 72.5% of the cases, and a <2mm change in 87.5% (T2-T3) and in 82% (T1-T3). The condyles tended to move latero-posteriorly with surgery compared to a medio-anterior movement between T2-T3. The rami exhibited outward movements with surgery (infero-latero-posterior) and supero-medio-anterior displacements from T2-T3. The displacement tendencies between T1-T3 were medio-postero-superior in the condyles, and supero-latero-anterior in the rami. Expected displacements with surgery were observed and post-surgery changes suggested a short-term adaptive response toward recovery of condyle and ramus displacements. The changes on the chin following splint removal suggested an acceptable adaptation.
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