A construção da criminalização no jornal: uma abordagem discursiva.

Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro === Este trabalho tem como objetivo explicitar os processos de construção da imagem discursiva tanto dos atores sociais envolvidos (o criminoso e a vítima) quanto do objeto-de-discurso delito em matérias informativas de jo...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Beatriz Adriana Komavli de Sánchez
Other Authors: Vera Lucia de Albuquerque Sant'Anna
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2006
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=271
http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=272
http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=273
http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=274
Description
Summary:Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro === Este trabalho tem como objetivo explicitar os processos de construção da imagem discursiva tanto dos atores sociais envolvidos (o criminoso e a vítima) quanto do objeto-de-discurso delito em matérias informativas de jornais de edição diária de grande circulação do Estado do Rio de Janeiro. Dialogamos com os postulados de alguns criminólogos que se alinham dentro do movimento denominado Criminologia Crítica (BARATTA, 2002; CERVINI, 1994; SCHECAIRA, 2004; ZAFFARONI, 1998) e discutimos a afirmação que considera que os meios de comunicação manipulam a informação, ressaltando a sua capacidade de (re)produzir a violência. O eixo norteador escolhido para tratar das matérias jornalísticas foi o patrimônio, na sua vertente privada e pública. Assim, nosso córpus está constituído por matérias informativas sobre roubo, fraude e colarinho branco. Com relação à linguagem, partimos das propostas da Análise do Discurso orientada pelos estudos dialógicos. Também tentamos ter sempre presente as articulações propostas por Michel Foucault (1973, 1975), e, retomadas por Pêcheux (1975), entre discurso, saber e poder. Nosso arcabouço analítico inclui a identificação das designações (GUIMARÃES, 2002; KARIM, 2001; MAINGUENEAU, 2001; MARIANI, 1998 e PÊCHEUX, 1975/1997), dos processos qualificativos (CERVONI, 1989; KERBRAT-ORECCHIONI, 1997; MAINGUENEAU, 2001 e SANTANNA, 2004) e das vozes trazidas pelo enunciador-jornalista e que atravessam e organizam a matéria informativa (AUTHIER-REVUZ, 1990, 1998; BAKTHIN, 1977/1995; MAINGUENEAU, 1989 e SANTANNA, 2003, 2004). Da confluência dessas categorias operacionais foi possível depreender posições discursivas que dizem respeito ao jornalista que (re)constrói discursivamente aqueles delitos. Essas posições discursivas colocam em questão a noção de objetividade e evidenciam um tratamento enunciativo diferencial dos ilegalismos. Os resultados alcançados permitem-nos, também, refletir sobre a violência como estado a qual supõe uma vítima coletiva e difusa. === This study aims to uncover the elaboration process of speech images of the social actors involved in a crime (criminal and victim) as well as the speech object crime itself found in informational reportages from popular daily newspapers from the state of Rio de Janeiro. We assume postulates derived from some criminologists aligned with the school known as critical criminology (BARATTA, 2002; CERVINI, 1994; SCHECAIRA, 2004; ZAFFARONI, 1998), and discuss the statement that claims that media manipulates information, emphasizing the media ability to (re)producing violence. The vector chosen to approach the news was the idea of property, in its public and private aspects. So, our corpus includes news about robbery, fraud, and white-collar crimes. In regarding to language, we assume the discourse analysis proposals, oriented by dialogic studies. Also, we attempt to keep in mind the articulations among speech, knowledge, and power elaborated by Michel Foulcault (1973, 1975), and revisited by Pêcheux (1975). Our analytic framework includes the identification of naming practices (GUIMARÃES, 2002; KARIM, 2001; MAINGUENEAU, 2001; MARIANI, 1998 e PECHÊUX, 1975/1997), the qualification processes (CERVONI, 1989; KERBRAT-ORECCHIONI, 1997; MAINGUENEAU, 2001 e SANTANNA, 2004), and the reported speeches (AUTHIER-REVUZ, 1990, 1998; BAKTHIN, 1977/1995; MAINGUENEAU, 1989 e SANTANNA, 2003, 2004) which cross and organize the news brought to the text by the journalist-enunciator. From the confluence of the operational categories, it was possible to recognize markers of attitude from the journalists in the discoursive reconstruction of the crimes. Those speech stands make us question the notion of objectivity and make evident a different enunciative approach to each of the illegalisms. The achieved results also enable us to reflect on state of violence, in which the victim is diffuse and collective.