O dispositivo do tempo e a constituição do sujeito pesquisador

Inspirando-se em Michel Foucault, especialmente em suas contribuições acerca das relações de poder e da ética do cuidado de si, esta pesquisa teve por finalidade responder o seguinte problema: de que forma se dá a constituição do sujeito pesquisador, na Universidade Estadual de Maringá, a partir do...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Walter, Bruno Eduardo Procopiuk
Other Authors: Crubellate, João Marcelo
Language:Portuguese
Published: Universidade Estadual de Maringá 2015
Subjects:
Online Access:http://repositorio.utfpr.edu.br/jspui/handle/1/1083
Description
Summary:Inspirando-se em Michel Foucault, especialmente em suas contribuições acerca das relações de poder e da ética do cuidado de si, esta pesquisa teve por finalidade responder o seguinte problema: de que forma se dá a constituição do sujeito pesquisador, na Universidade Estadual de Maringá, a partir do dispositivo do tempo? Partiu-se, assim, do método genealógico, presente em Nietzsche e retomado pelo filósofo francês, para compreender as relações de forças por meio das quais o pesquisador é produzido. Ressalta-se que a genealogia não pressupõe essências imutáveis, dadas a priori, pois, para ela, o próprio sujeito é compreendido enquanto efeito de um determinado estado de forças. Assim, buscou-se o conhecimento das condições e circunstâncias nas quais o sujeito pesquisador nasceu,desenvolveu-se e modificou-se ou, em outras palavras, buscou-se seu nascimento empírico.Para compreender a constituição do sujeito pesquisador, a categoria de dispositivo teve papel fundamental, já que serviu como operador metodológico auxiliando na análise das práticas discursivas, de poder e de subjetivação. Dentre os diversos dispositivos envolvidos na constituição do sujeito pesquisador, optou-se por enfocar o dispositivo do tempo. Este foi proposto enquanto uma hipótese teórica pelo autor deste trabalho e teve por finalidade dar visibilidade ao campo de forças no qual o pesquisador é engendrado. A análise desse dispositivo recorreu a elementos diversos e heterogêneos, tais como editais, regulamentos,leis, páginas da internet, entre outros. Também foram realizadas 9 entrevistas e consultadas outras 21 (vinte e uma) realizadas por Gois (2012,2013). A partir das análises realizadas foi possível desenhar uma cartografia das linhas de produção da subjetividade do pesquisador, percebendo-se, por meio da escola-universidade, o sequestro de sua existência. Notou-se um imperativo para que o tempo do pesquisador seja cada vez mais utilizado de forma exaustiva e produtiva. Contribui para isso uma série de elementos como as bolsas de produtividade em pesquisa (ofertadas por meio de editais do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), o currículo lattes, as avaliações dos cursos de pós-graduação (realizados pela Coordenação de Pessoal de Ensino Superior), dentre outros. Contudo, se o dispositivo do tempo age sobre os pesquisadores dando-lhes certos contornos, surgem, em oposição, as resistências – expressas especialmente por meio do exercício da reflexão enquanto uma prática de liberdade. Diante disso, como conclusão, ressaltou-se que a forma pesquisador encontra na Universidade um lugar privilegiado de ser. Há, entretanto, à margem dessa moldura que constitui o pesquisador nas universidades sujeitos que fazem pesquisa e que escapam às formas de subjetivação sofridas pelo dispositivo do tempo. Ressalta-se, desse modo, a necessidade de criar outras formas de existência e subjetivação que transponham o dispositivo do tempo. === Inspired by Michel Foucault, especially in his contributions on the power relations and ethics of self-care, this research aimed to answer the following problem: how is the researcher subject constituted , in the State University of Maringá, from the device of time? The author of this work used the genealogical methodol present in Nietzsche and retaken by the French philosopher to understand the power relations through which the researcher is produced. It is important to remember that the genealogy does not presuppose immutable essences which are given a priori, because, for it, the subject is understood as the effect of a given state forces. Thus, we sought to understand the conditions and circumstances in which the researcher subject was born, developed and changed, or, in other words, we sought his empirical birth. In order to understand the formation of the researcher subject, the category of device had fundamental importance, since it served as methodological operator aiding in the analysis of discursive practices, power practices and subjectivity process. Among the various devices involved in the constitution of the researcher subject, we chose to focus on the device of time. This one was proposed as a theoretical hypothesis by the author of this work and aimed to give visibility to the field of forces in which the researcher is engendered. The analysis of this device used several and heterogeneous elements, such as public notices, regulations, laws,websites, among others. Nine interviews were also conducted and other twenty-one (made by Gois, 2012, 2013) were consulted. From the analysis it was possible to draw a cartography of the production lines of the researcher's subjectivity, perceiving through school-university the kidnapping of his existence. It was noted a must for the time of the researcher to be increasingly used in an extensive and productive way. A number of factors such as reward research productivity (given by of the Conselho Nacional de desenvolvimento Científico e Tecnológico), the lattes curriculum, assessments of post-graduate (made by the Coordenação de Pessoal de Ensino Superior), among others contributed for this. If on one hand the device of time acts on researchers by giving them certain contours, on the other had resistance emerges in opposition – especially expressed through the exercise of reflection as a practice of freedom. Thus, in conclusion, it was emphasized that the researcher form finds a special place to be in the University. There are, however, researcher subjects who are escaping the forms of subjectivity experienced by the device of time that are outside this frame that constitutes the researcher in the universities. It is noteworthy, therefore, the need for other forms of existence and subjectivity that transpose the device of time.