Summary: | Couple therapy, influenced by the discourse of social constructionism in its
theorethical multiplicity, emphasizes the use of language as the builder of reality.
However, it typically restricts its interest to the resources of verbal language, devoting
little attention to other linguistic forms. Considering the possibility of contributing to
this knowledge, we propose the inclusion of drawings as a language resource for
therapeutic practices, increasing the understanding of the use of the language in a
responsive-relational joint action for construction of meanings. Thus, this study aims
at understanding the relational processes of meaning co-construction through the
creation of drawings, in the context of Couple Therapy, seeking, in a special way, to
analyze the implications of the use of drawings in the construction of change
narratives of oneself and the marriage relationship. The study was carried out by way
of video recordings of the therapy sessions of three couples, in 10 weekly sessions in
a social clinic context. The analysis of the data, based on the constructionist version
of social poetics, included transcripts of all sessions, followed by readings that
allowed for the identification of different uses of the drawings. From the analysis of the
drawings produced by the three couples, we identified drawing as a creative resource
to: (a) facilitate conversation hampered by tension, (b) signal focus and selection of
oscillatory conversation, (c) explore what has not yet been said in conversation, (d)
strengthen the descriptions and narratives created in conversation and (e) summarize
the assessment process. The detailed analysis of the therapeutic process of one of
the couples, which presented a greater variation of elements referring to individual
and marital aspects, showed that the practice of drawing in marital therapy creates
participatory contexts in which spouses could feel safe to engage in the creative
process, with inventive possibilities of one coming to be desirable and satisfying. In
this way, the drawings became a propitiatory resource in bringing life to the use of the word, as well as promoting other forms of speech, freed from the captivity of the usual
modes, normalized within human relationships. In couple therapy, drawings are
possible as a new part of our language which incorporated with the usual and within
the same, allows for the learning of new gestures and the production of new
meanings. === A terapia de casal influenciada pelo discurso do construcionismo social, em
sua multiplicidade teórica, enfatiza o uso da linguagem como construtora de
realidades, porém, tipicamente, restringe seu interesse aos recursos da linguagem
verbal, dedicando pouca atenção a outras formas linguísticas. Considerando possível
contribuir com esse conhecimento, propomos a inclusão do desenho como recurso
linguístico das práticas terapêuticas, ampliando o entendimento do uso da linguagem
em uma ação conjunta responsiva-relacional de construção de sentidos. Assim, este
estudo tem por objetivo compreender os processos relacionais de coconstrução de
sentidos mediante a criação do desenho, no contexto de Terapia de Casal,
buscando, especificamente, analisar as implicações da utilização do desenho na
construção de narrativas de mudança de si e da relação conjugal. A pesquisa foi
realizada por meio da vídeo-gravação do atendimento de três casais, em 10 sessões
semanais, no contexto de uma clínica social. A análise dos dados, fundamentada na
versão construcionista da poética social, incluiu as transcrições de todas as sessões,
seguidas de leituras que possibilitaram a identificação de diferentes usos do
desenho. A partir da análise dos desenhos produzidos pelos três casais,
identificamos o desenho como recurso criativo para: (a) viabilizar a conversa
dificultada pela tensão; (b) sinalizar o foco e a seleção da conversa oscilatória; (c)
explorar o ainda não dito na conversa; (d) fortalecer as descrições e narrativas
criadas na conversa e (e) sintetizar o processo avaliatório. A análise detalhada do
processo terapêutico de um dos casais, o qual apresentou maior variação de
elementos trabalhados referentes aos aspectos individual e conjugal, mostrou que a
prática do desenho na terapêutica conjugal cria contextos participativos, nos quais os
cônjuges puderam sentir-se seguros para o engajamento no processo criativo, com
possibilidades inventivas de um vir a ser desejável e satisfatório. Dessa forma, o desenho configurou-se em recurso propiciatório para trazer vida ao uso da palavra,
bem como promotor de outras formas de falar libertadoras do cativeiro dos modos
usuais, normatizados dentro das relações humanas. Na terapia de casal, o desenho
é possível como uma nova parte de nossa linguagem que incorporada à usual, dentro
dela, permitirá a aprendizagem de novos gestos e a produção de novos sentidos. === Mestre em Psicologia Aplicada
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