Summary: | Introduction: Patients with psychoactive substance (PAS) dependence may co-present other
mental and behavioral disorders (MBD), and such comorbidities may alter the symptoms and
interfere with proper diagnosis, treatment and prognosis of each disease. Objectives: We
aimed to assess the frequency of MBD comorbidities in patients dependent on PAS attending
Centers for Psychosocial Care alcohol and other drugs (CAPS-ad), and their feelings about
their own use of these substances. Furthermore, we aimed to compare socio-demographic
data, conditions related to childhood and clinical features between those patients with and
without comorbidities. Method: We consecutively analyzed adult patients from April to
September, 2010, in two CAPS-ad in Uberlândia MG, excluding those who were under the
influence of PAS, with withdrawal symptoms or with dementia. Patients were divided
according to the abstinence length: < 1 week (Group 1), 1 to 4 weeks (Group 2) and > 4
weeks (Group 3). For diagnosing comorbidities we used the symptoms checklist of ICD-10
and collected information from medical records. We used a structured questionnaire to collect
the analyzed data. Results: Among the 188 evaluated patients, 62.8% were diagnosed with a
MBD comorbidity, which were more frequent (p < 0.05) in Group 1 (72%) than in Group 3
(54.2%), and what differed them was the greater frequency of depressive disorders and other
anxiety disorders in the first (61.3% and 34.6% respectively); both groups were similar to
Group 2 (61.0%). Patients with comorbidities, more often than those without them,
respectively, suffered abuse in childhood (67.8% and 42.8%), had perceived that presented
another MBD (84.7% and 37.1%) and psychological disorders (79.7% and 44.3%) in addition
to CD, made use of psychotropic medications (81.4% and 37.1%) and previous treatments for
CD (88.1% and 70.0%), had injuries due to external causes (84.8% and 68.6%), were
involved in fights or assaults (71.2% and 50.0%), attempted suicide (45.8% and 15.8%) and
were in controlled environments throughout life (72.9% and 57.1%). Sociodemographic
features were similar between patients with or without comorbidities, and also between those
with different periods of abstinence. Most patients (59.4%) had negative feelings about their
own use of PAS. Conclusion: Two thirds of the patients had a MBD comorbidity diagnosis,
which was more frequent among those with shorter periods of abstinence, which shows that
sometime of abstinence should be awaited before these diagnoses are given as final. Presence
of comorbidities was associated with worse clinical conditions and no differences were found
regarding socio-demographic data between the patients with or without comorbidities. Among
all, there was a predominance of negative feelings over their own use of PAS. === Introdução: Pacientes com dependência de substâncias psicoativas (SPA) podem ter outros
transtornos mentais e comportamentais (TMC) associados, e essas comorbidades podem
alterar a sintomatologia e interferir no diagnóstico, tratamento e prognóstico de cada uma das
doenças. Objetivos: Avaliar a frequência de comorbidades de TMC em pacientes
dependentes de SPA atendidos em Centros de Atenção Psicossocial álcool e outras drogas
(CAPS-ad), e os seus sentimentos em relação ao próprio uso dessas substâncias. Além disso,
comparar dados sociodemográficos, condições relacionadas à infância e características
clínicas entre aqueles com ou sem comorbidades. Método: Avaliamos consecutivamente,
pacientes adultos no período de abril a setembro de 2010 nos dois CAPS-ad de Uberlândia
MG, excluindo os que estavam sob o efeito de SPA, com crises de abstinência ou com
demência. Eles foram divididos de acordo com o tempo de abstinência: < 1 semana (Grupo
1), de 1 a 4 semanas (Grupo 2) e > 4 semanas (Grupo 3). Para o diagnóstico de comorbidades
utilizamos o Checklist de sintomas da CID-10 e coletamos informações em prontuários.
Utilizamos um questionário estruturado para a coleta dos dados analisados. Resultados: Entre
os 188 pacientes avaliados, 62,8% foram diagnosticados com alguma comorbidade de TMC,
que foram mais frequentes (p < 0,05) no Grupo 1 (72%) do que no Grupo 3 (54,2%) e o que
os diferenciou foi a maior frequência de transtornos depressivos e de outros transtornos de
ansiedade no primeiro (61,3% e 34,6% respectivamente); ambos os grupos foram semelhantes
ao Grupo 2 (61,0%). Pacientes com comorbidades mais frequentemente do que aqueles sem
comorbidades, respectivamente, sofreram maus tratos na infância incluindo abuso sexual
(67,8% e 42,8%), perceberam que apresentavam outro TMC (84,7% e 37,1%) e transtornos
psicológicos (79,7% e 44,3%) além da DQ, fizeram uso de medicamentos psicotrópicos
(81,4% e 37,1%) e tratamentos anteriores para DQ (88,1% e 70,0%), tiveram lesões por
causas externas (84,7% e 68,6%), estiveram envolvidos em brigas ou agressões (71,2% e
50,0%), tentaram suicídios (45,8% e 15,7%) e estiveram em ambientes controlados ao longo
da vida (72,9% e 57,1%). As características sociodemográficas foram semelhantes entre os
pacientes com ou sem comorbidades, e também entre aqueles com diferentes períodos de
abstinência. A maioria dos pacientes (59,4%) apresentava sentimentos negativos em relação
ao próprio uso de SPA.
Conclusão: Dois terços dos pacientes tiveram diagnóstico de comorbidade de TMC, sendo
mais frequentes entre aqueles com menores períodos de abstinência, o que mostra que algum
tempo de abstinência deve ser aguardado antes que esses diagnósticos sejam dados como
definitivos. Presença de comorbidades associou-se a piores condições clínicas e não
encontramos diferenças em relação aos dados sociodemográficos entre os pacientes com ou
sem comorbidades. Entre todos, houve predomínio de sentimentos negativos em relação ao
próprio uso de SPA. === Mestre em Ciências da Saúde
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