Uso de antidepressivos e benzodiazepínicos em mulheres atendidas em unidades de saúde da família e sua dimensão psicossocial

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico === Introdução: A preocupação em torno do uso irracional de psicofármacos tem sido observada em diversos países, constituindo-se uma questão importante para a saúde pública mundial. No Brasil, a promoção do uso racional de psicofármacos é...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Celina Ragoni de Moraes Correia
Other Authors: Claudia de Souza Lopes
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2013
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=6963
http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=6965
Description
Summary:Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico === Introdução: A preocupação em torno do uso irracional de psicofármacos tem sido observada em diversos países, constituindo-se uma questão importante para a saúde pública mundial. No Brasil, a promoção do uso racional de psicofármacos é um desafio para a atenção primária, sendo importante caracterizar sua dimensão psicossocial. Objetivos. O artigo 1, com características descritivas, tem como objetivo caracterizar o uso de psicofármacos em unidades de saúde da família segundo a presença de transtornos mentais comuns (TMC) e segundo as principais características socioeconômicas e demográficas. O artigo 2, com um caráter analítico, tem como objetivo avaliar o papel da rede social no uso de cada um destes psicofármacos segundo a presença de TMC. Métodos O estudo utiliza um delineamento seccional e abarca a primeira fase de coleta de dados de dois estudos em saúde mental na atenção primária. Esta se deu em 2006/2007 para o estudo 1 (Petrópolis, n= 2.104) e em 2009/2010 para o estudo2 (São Paulo, n =410, Rio de Janeiro, n= 703, Fortaleza , n=149 e Porto Alegre, n= 163 participantes). Ambos os estudos possuem o mesmo formato no que se refere à coleta de dados, seu processamento e revisão, resultando em uma amostra de 3.293 mulheres atendidas em unidades de saúde da família de cinco diferentes cidades do país. Um questionário objetivo com perguntas fechadas foi utilizado para a coleta de informações socioeconômicas e demográficas. O uso de psicofármacos foi avaliado através de uma pergunta aberta baseada no auto-relato do uso de medicamentos. A presença de TMC foi investigada através do General Health Questionnaire, em sua versão reduzida (GHQ-12). O nível de integração social foi aferido através do índice de rede social (IRS), calculado a partir de perguntas sobre rede social acrescentado ao questionário geral. No estudo descritivo (artigo 1), a frequência do uso de antidepressivos e o uso de benzodiazepínicos na população de estudo foram calculadas para cada cidade, tal como a frequência do uso destes psicofármacos entre as pacientes com transtornos mentais comuns. A distribuição do uso de cada um destes psicofármacos segundo as principais características socioeconômicas, demográficas e segundo transtornos mentais comuns foi avaliada através do teste de qui-quadrado de Pearson. No estudo analítico (artigo 2), a associação entre o nível de integração social e o uso exclusivo de cada um dos psicofármacos foi analisada através da regressão logística multivariada, com estratificação segundo a presença de TMC. Resultados: A frequência do uso de psicofármacos foi bastante heterogênea entre as cidades, destacando-se, porém, a importância do uso de benzodiazepínicos frente ao uso de antidepressivos em sua maioria. A proporção do uso de psicofármacos, sobretudo antidepressivos, foi predominantemente baixa entre as pacientes com TMC. Entre elas, o uso de antidepressivos mostrou-se positivamente associado ao isolamento social, enquanto o uso de benzodiazepínicos associou-se negativamente a este. Conclusão: Os resultados colaboram para a caracterização do uso de psicofármacos em unidades de saúde da família e para a discussão acerca de sua racionalidade. Destaca-se a importância de avaliar a dimensão psicossocial que envolve o uso destas substâncias com vistas ao desenvolvimento de estratégias de cuidado mais efetivas === Introduction: Concerns about irrational use of psychotropic drugs has been observed in many countries, becoming an important issue for global public health. In Brazil, the promotion of rational use of psychotropic drugs is a challenge for primary care, therefore it is important to characterize its psychosocial dimension. Objectives This dissertation consists of two articles. Article 1, with descriptive characteristics, aims to characterize the use of psychotropic drugs in family health units, according to major socioeconomic and demographic characteristics and according to the presence of common mental disorders (CMD). Article 2, with an analytical character, aims to evaluate the role of social networks in the use of each of these psychotropic drugs, according to the presence of CMD. Methods The study has a cross-sectional design and integrates baseline data from two previous studies on mental health in primary care . Data collection took place in 2006/2007 for the study 1 (Petropolis, n = 2.104) and in 2009/2010 for the study2 (São Paulo, n = 410, Rio de Janeiro, n = 703, Fortaleza - n = 149 and Porto Alegre, n = 163 participants). Although performed in different periods, both studies have the same format as regards data collection, processing and review, resulting in a sample of 3293 women attending family health units from five different cities. An objective questionnaire with closed questions was used to collect socioeconomic and demographic information. Psychotropic use was assessed through an open-ended question based on self-reporting of drug use. The presence of CMD was investigated by the General Health Questionnaire in its reduced version (GHQ-12). The level of social integration was evaluated through the social network index (IRS), calculated from questions about social network added to the general questionnaire. In the descriptive study (Article 1), the frequency of antidepressants and benzodiazepines use in the study population were calculated for each city, such as the frequency of the use of psychotropic drugs among patients with common mental disorders. The distribution of the use of each of these psychoactive drugs according to major socioeconomic and demographic characteristics and according to the presence of common mental disorders was assessed by Pearsons chi-square test. In the analytical study (Article 2), the association between the level of social integration and the exclusive use of each of psychotropic drugs was analyzed by multivariate logistic regression, stratified according to the presence of TMC. Results: The frequency of psychotropic medication use was quite heterogeneous among cities, emphasizing, however, the importance of the use of benzodiazepines against the use of antidepressants in most of the cities. The proportion of use of psychotropic medication, particularly antidepressants, was predominantly low among patients with CMD. Among these, antidepressants use was positively associated with social isolation, while benzodiazepines use was negatively associated. Conclusion: This study collaborates to characterize the use of antidepressants and benzodiazepines in family health units and to discuss about their rationality. The results highlight the importance of assessing the psychosocial dimension that involves the use of these substances in order to develop strategies to promote its rational use in primary care.