Summary: | Este trabalho se propõe ao estudo das articulações entre o saber biomédico e o saber leigo no discurso de mulheres de camadas médias urbanas da cidade do Rio de Janeiro, com
idades compreendidas entre 40 e 60 anos. Toma como referência a produção sócioantropológica sobre gênero, corpo, menopausa, envelhecimento, bem como a que analisa a construção do fato científico. Atualmente é notável a crescente preeminência do discurso da biologia na determinação daquilo que seria da ordem do corpo feminino ou do masculino, o que certamente é perpassado por relações de gênero. A partir de uma perspectiva construcionista investiga o destaque conferido ao papel dos hormônios pela biomedicina, não apenas no funcionamento e na regulação do organismo da mulher, mas também no que diz respeito à forma pela qual ela irá vivenciar seu cotidiano. Além disso, busca apontar pistas na direção de problematizar a pregnância de certos dualismos como o que opõe o biológico ao social. Dualismos que revelam uma forma de organização binária hierárquica de pensamento, característica de nossa sociedade ocidental moderna. A noção de rede é um balizador importante para a compreensão mais ampla do pano de fundo do que informa as leituras vigentes acerca das ocorrências fisiológicas de mulheres e homens. Embora o campo
investigado se apresente fluido e matizado, a intensidade do discurso hormonal biomédico se faz notar de modo potente nas narrativas, no que diz respeito aos corpos e às vidas das
mulheres entrevistadas. === This paper is designed to study the association between the biomedical knowledge and the lay knowledge in the discourse of the average urban female between 40 and 60 years of age in the
city of Rio de Janeiro. It is based on the socio-anthropological production about gender, body, menopause and aging, and the analysis of the construction of the scientific fact as well. Today, there is an increasing prevalence of the biological discourse in determining what pertains to the female and to the male body, which is certainly crossed by gender relations. From a constructionist standpoint, it surveys the significance assigned by biomedicine to the role of the hormones, not only regarding the functioning and the regulation of the female body, but also regarding how women will live their daily life. Furthermore, it looks for clues with a view to the problematization of the power of certain dualities, like the biological versus the social. These dualities expose a form of binary hierarchical organization of thought so typical of our modern western society. The notion of network is an important mark-out for a better understanding of the background of the current knowledge with respect to the male and female physiological events. Despite the fluid and diversified quality of the subject under discussion, the intensity of the biomedical hormonal discourse can be strongly perceived in the accounts regarding the body and the life of the respondent females.
|