Heteronormatividade e sexualidades LGBT: repercussões dos discursos escolares sobre sexualidade na constituição das sexualidades não normativas

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico === As práticas discursivas que constituem e sustentam as concepções de sexo e de sexualidade nas sociedades contemporâneas são fortemente arraigadas no discurso normalizado...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Denise da Silva Braga
Other Authors: Elizabeth Fernandes de Macedo
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2012
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5267
Description
Summary:Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico === As práticas discursivas que constituem e sustentam as concepções de sexo e de sexualidade nas sociedades contemporâneas são fortemente arraigadas no discurso normalizado e normalizador segundo o qual há apenas dois sexos que se evidenciam em corpos masculinos ou femininos, naturalmente distintos biológica e fisionomicamente e reconhecíveis em modos de ser diversos - mas perfeitamente identificáveis com o sexo biológico (nascer com pênis/nascer com vagina). Esse sistema dicotômico afirmou por muitos anos uma concepção inequívoca de o que é e como ser homem ou mulher; restringiu os corpos a uma performance estereotipada de masculinidade e de feminilidade; conformou os discursos sobre gênero e sexo e naturalizou a heterossexualidade. Entretanto, o sistema binário no qual se funda a heterossexualidade encontra fissuras ante as identidades sexuais e de gênero que ora se evidenciam e desestabilizam a (hetero)sexualidade normativa. Sustentadas pela teoria queer e por autores como Judith Butler, Michel Foucault e Beatriz Preciado, minhas discussões nesta tese focalizam as repercussões e marcas dos discursos escolares na produção de corpos, gêneros e sexualidades de lésbicas, gays, bissexuais e transgêneros LGBT. Interessa indagar, a partir das narrativas desses sujeitos, as formas como as sexualidades têm sido trabalhadas como conteúdo escolar e discutir os possíveis efeitos das práticas escolares na constituição das sexualidades LGBT. Como constituir-se como sujeito fora da norma em um espaço-tempo altamente regulado como o currículo escolar? Busco evidenciar que, mesmo às margens dos discursos socialmente legitimados que circulam na escola, cuja pretensão é manter a hegemonia da história universal onde apenas alguns sujeitos são inscritos e reconhecidos como inteligíveis, os sujeitos LGBT produzem suas histórias e criam modos de vida. Minhas contribuições ao debate do tema se referem à possibilidade de desconstrução dos discursos predominantes no espaço-tempo da escola que enfatizam as concepções naturalizadas de sexo, de gênero e de sexualidade. Neste sentido acentuo a necessidade de novas/outras abordagens que incluam todas as sexualidades no espaço de inteligibilidade habitado pela norma heterossexual e apontar indícios de como os discursos predominantes contribuem para a manutenção da heteronormatividade e do heterossexismo. As narrativas dos sujeitos LGBT apontam a necessidade de repensar as práticas escolares, visando desconstruir concepções naturalizadas em torno da vivência da sexualidade e avançar das políticas de tolerância para uma política da diferença na qual a concepção do que é ser humano esteja sempre em aberto. === The discursive practices that constitute and support the concepts of gender and sexuality in contemporary societies are strongly rooted in the discourse and normalizing and normalizer standard. According to this discourse, there are only two sexes that were seen in male or female bodies, of course biological and physiognomically distinct and recognizable in many ways of being different - but clearly identifiable with the biological sex (being born with penis / being born with vagina).This dichotomist system said for many years a clear conception of "what" and "how" a man or woman, has restricted the bodies to a stereotypical performance of masculinity and femininity, according to the discourses on gender and sex, and naturalized heterosexuality. However, the binary system in which heterosexuality is based finds fissures towards sexual and gender identities that are evident now and destabilize the (hetero) sexuality norms. Supported by Queer theory and authors such as Judith Butler, Michel Foucault and Beatriz Preciado, the discussions in this thesis focused on the impact of brands and speeches in the school production of bodies, genders and sexualities of lesbian, gay, bisexual and transgender - LGBT. The interest was to question from the narratives of these individuals, the ways in which sexualities have been worked as a school subject and discuss the possible effects of school practices in the formation of sexualities LGBT. How to constitute themselves as subjects "outside the norm" in a space-time highly regulated as the school curriculum? Thus, the present study aimed to evidence that even on the banks of socially legitimated discourses circulating in the school, whose intention is to maintain hegemony in world history where only a few subjects are enrolled and recognized as intelligible; LGBT subjects produce their stories and create ways of life. In addition, the intention was to bring contributions to the discussion of the topic related to the possibility of deconstructing the dominant discourses in space-time school that emphasize naturalized conceptions of sex, gender and sexuality. In this regard, stressed the need for new / other approaches that include all sexualities in the space inhabited by the intelligibility of the heterosexual norm, pointing how the evidence of the prevailing discourses contribute to the maintenance of heteronormativity and heterosexism. The narratives of LGBT subjects indicated the need to rethink school practices in order to deconstruct without naturalized conceptions about the experience of sexuality and advance in the policies of tolerance for a politics of difference in which the conception of being human is always open.