Etograma e orçamento temporal de um grupo de machos não pareados de Phyllostomus hastatus (Pallas 1767) (Phyllostomidae: Phyllostominae)

Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === Embora exista uma enorme variação de histórias de vida e ecologia, a maioria das espécies de morcegos mostra-se, em algum nível, social. Os aspectos de ecologia comportamental de quirópteros tem sido estudados, embora a maior parte refi...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Aline Zimmermann Maya Simões
Other Authors: Carlos Eduardo Lustosa Esbérard
Format: Others
Language:Portuguese
Published: Universidade do Estado do Rio de Janeiro 2013
Subjects:
Online Access:http://www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5193
Description
Summary:Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior === Embora exista uma enorme variação de histórias de vida e ecologia, a maioria das espécies de morcegos mostra-se, em algum nível, social. Os aspectos de ecologia comportamental de quirópteros tem sido estudados, embora a maior parte refira-se a colônias de maternidades em regiões de clima temperado. Repertórios comportamentais completos e orçamentos temporais são raros, especialmente para a região Neotropical. Para compreender melhor a sociabilidade neste grupo, mostra-se importante focar também em grupos neutros com relação a fatores associados à atividade reprodutiva. Neste sentido, o estudo de grupos de machos neotropicais pode apresentar respostas importantes. O comportamento de um grupo machos não pareados de Phyllostomus hastatus foi estudado dentro do seu abrigo por aproximadamente 100 horas entre os meses de janeiro e agosto de 2012. O grupo estava abrigado no forro de um telhado de uma casa em desuso da Vila Dois Rios, na Ilha Grande. Os comportamentos foram registrados com uma câmera sensível a infra-infravermelho Sony DCR-HC28 em modo night-vision. Quando necessário, utilizei uma luz de auxílio infravermelha. A partir dos vídeos eu elaborei primeiramente um etograma. Os comportamentos classificados como estados foram usados para fazer um orçamento temporal, usando metodologia de amostragem por varredura e amostragem instantânea. Adicionalmente, fiz algumas observações a respeito de horário de entrada e saída dos morcegos e do tamanho do grupo. Organizei os comportamentos em seis categorias, com um total de 24 comportamentos distintos. Os comportamentos descritos são consistentes com os publicados em outros etogramas de morcegos, inclusive de alguns megaquirópteros. Um comportamento mais notável foi ventilando, que parece raro entre os microquirópteros, mas provavelmente importante na termorregulação. Nos meses analisados os morcegos alocaram aproximadamente 50% do tempo ao estado dormindo; 14,6% ao estado parado; 15,3% ao estado ativo; 0,9% ao estado andando; 0,1% ao estado voando; 14,1% ao estado higiene; e 3,5% ao estado ventilando. O orçamento temporal foi semelhante aos descritos para outros microquirópteros no interior de abrigos, com uma maior prevalência do estado dormindo, e com picos de atividade (principalmente do estado higiene) antes e depois das saídas noturnas. A higiene parece ter um papel importante no controle de ectoparasitas, e talvez algum papel social, mas como a higiene de outros indivíduos só foi observada uma única vez, não pude concluir nada a respeito. O presente trabalho é o primeiro etograma para Phyllostomus hastatus e o primeiro etograma e orçamento temporal para um grupo de machos em Chiroptera. Observei algumas diferenças importantes do grupo estudado com trabalhos já publicados sobre essa espécie, e sugiro que essas diferenças sejam estudadas mais a fundo. Apesar desta dissertação trazer contribuições importantes, fica claro que ainda falta muito a ser examinado nesse campo. === Even though bats have an enormous variation in ecology and life history traits, most of them are, to some level, social. Aspects of bat behavioral ecology are being studied, but most of the studies are focused on maternity colonies of temperate climate. Behavioral repertoires and time budgets are especially rare, and even more so in the Neotropics. To completely understand sociality in this group, it is not enough to study only maternity colonies, it is important to focus on groups that are neutral to factors related to reproduction. In this sense, the study of Neotropical male groups can bring us important answers. The behavior of a group of bachelor males of Phyllostomus hastatus was studied in their roost for approximately 100 hours between January and August 2012. They were roosting in the attic of an unused house in the villa of Dois Rios, in Ilha Grande, Brazil. The behaviors were recorded using and an infrared Sony DCR-HC28 in night-vision mode. When necessary, I used an infrared light source. From the videos I was able to construct an ethogram. The behaviors listed as states where afterwards used to make the time budget using scan sampling and instantaneous sampling. Additionally, I made some observations on the emergence time and group size. I organized the behaviors in six categories, with a total of 24 different behaviors. The behaviors described are consistent with other bat ethograms published, including a few Megachiroptera. One behavior that was most notable was wing fanning, that seems rare among microbats, and is probably important in temperature regulation. In the months analyzed, the bats spent around 50% of their time sleeping; 14,6% in the state still; 15,3% active; 0,9% crawling; 0,1% flying; 14,1% grooming; and 3,5% in the state wing fanning. The time budget was similar to those described for other Microchiroptera in their roosts, with a prevalence of sleeping and activity spikes before and after night emergence (especially in grooming). Grooming apparently has in important role in ectoparasite control, and maybe also a social role. But since social grooming was only seen once, I cannot conclude anything in that matter. The present work is the first ethogram for Phyllostomus hastatus and the first ethogram and time budget for a group of male bats. I observed some important differences between the groups studied here and the published works on bats from the same species, and suggest these be looked at more carefully. Even though this dissertation brings some important contributions, it highlights the need for more to been done in this field.