Summary: | Este estudo objetiva analisar as representações sociais da aids produzidas por enfermeiras atuantes em dois níveis distintos de atenção aos sujeitos que vivem com HIV/Aids e suas implicações para o cuidado desenvolvido por esse grupo profissional. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, pautado na abordagem qualitativa, orientado pela Teoria das Representações Sociais, em sua abordagem processual. Os sujeitos do estudo foram enfermeiras, atuantes em instituições públicas de saúde da cidade do Rio de Janeiro, sendo 10 da rede hospitalar e 9 da rede básica. A coleta de dados deu-se por meio de um roteiro de entrevista semi-estruturada e um questionário de caracterização. Para a análise dos dados foi utilizada a técnica de análise lexical, realizada pelo software Alceste 4.10. Na análise do grupo total de sujeitos foram definidas seis categorias: "Memórias sócio profissionais de enfermeiras sobre o HIV/Aids", abordando os atores sociais atingidos pela aids no passado e na atualidade, as memórias das enfermeiras sobre aids e os estereótipos presentes em cada período; "O cuidado relacionado à autoproteção ao HIV/Aids", referindo-se as medidas de proteção ao HIV/Aids adotadas pelas enfermeiras tanto em suas vidas profissionais quanto pessoais; "Dimensões práticas do atendimento e do cuidado", destacando elementos do cotidiano assistencial, com ênfase nas diferentes formas de compreensão do cuidado; "As famílias atingidas pela aids", com conteúdos relativos às vivências das enfermeiras em situações da aids no contexto familiar; "As políticas públicas e instituicionais e a aids", relativa as percepções das enfermeiras sobre as políticas de saúde; "O tratamento medicamentoso do HIV/Aids", com conteúdos relativos às dificuldades percebidas para a adesão ao tratamento medicamentoso por parte dos sujeitos com HIV/Aids. A análise cruzada da variável nível de atenção permitiu observar que a representação da aids no grupo de enfermeiras da rede hospitalar encontra-se ancorada em elementos negativos relativos ao passado, embora apontem também para novos elementos representacionais no presente; enquanto as enfermeiras de rede básica representam a aids a partir de elementos relativos à prática assistencial cotidiana. A representação da aids para o grupo de enfermeiras estudado abarca elementos tais como: sentimento de insegurança em relação ao próprio parceiro, devido a situações que vivenciam, imagem dos sujeitos que vivem com HIV/Aids em transição devido às mudanças ocorridas no perfil epidemiológico; atitudes distintas no campo profissional, relacionadas às formas de contágio e persistência de identificação dos sujeitos que vivem com HIV/Aids como vítimas ou culpados. Apesar de afirmarem inexistir diferenças no cuidado de enfermagem às pessoas que vivem com o HIV/Aids quando comparado ao cuidado aos sujeitos com outras patologias, enfatizam a necessidade de maior cautela devido ao risco de contágio em relação aos primeiros, caracterizando uma contradição no discurso. Conclui-se que existem diferenças nas representações sociais das enfermeiras de acordo com o nível de atenção no qual atuam e que há repercussões singulares na forma que o cuidado de enfermagem é desenvolvido, a partir dessas representações. === This study intends to analyze social representations of AIDS produced by nurses working in two distinct levels of care for individuals living with HIV/AIDS and its implications for nursing care developed by these professionals. This is an exploratory descriptive study, based on a qualitative approach, guided by the theory of social representation as procedural approach. The study participants were nurses working in public health institutions in the city of Rio de Janeiro, 10 of them on the hospital network and 9 of them on basic network. Data collection was performed by a roadmap for semi-structured interviews and a characterization questionnaire. Lexical Analysis technique was used, performed by the software Alceste 4.10. In the analysis of the general group, six categories of analysis emerged: "Social-Professional memories of nurses about HIV/AIDS", addressing social actors affected by AIDS in the past and at present, the memories of the nurses about AIDS and the stereotypes; "The care related to self-protection from HIV/AIDS", referring to the protective procedures adopted by nurses in their lives both professionally and personally against HIV/AIDS, "Practical Dimensions of treatment and nursing care, bringing elements of daily care, especially for different forms of understanding care; "Families affected by AIDS," with content relating to the experiences of nurses with AIDS cases in the family context, "Public, institutional policies and AIDS", with contents relating to how policies health are perceived by nurses, "Drug treatment of HIV/AIDS", with content related to perceived difficulties in adherence to drug treatment by individuals with HIV/AIDS. The analysis of the variable "area of attention" permitted to observe that the representation of AIDS among nurses working at hospital network is anchored in negative elements related to the past, although it also points to new representational elements at present; basic network nurses represent AIDS from elements related to daily nursing care. It was possible to see that the representation of AIDS among the nursing staff studied encompasses elements such as feelings of insecurity about their own partner, because the situations they experience, transition in images of the subjects living with HIV/AIDS, due to changes in their epidemiological profile, different attitudes in the professional field related to forms of contagion and persistence on identification of individuals living with HIV/AIDS as victims or perpetrators. Despite claiming nonexistence of differences in nursing care for people living with HIV/AIDS care in relation to any other client, nurses emphasize the need for greater caution due to the risk of contagion, thus presenting a contradiction in their speech. Its possible to conclude that there are differences in social representations of nurses according to the level of attention to individuals who live with HIV/AIDS and that there are unique repercussions in the way nursing care is developed from these representations.
|