Summary: | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro === A proposta desta tese consiste em um recorte de uma abordagem mais ampla da determinação dos acidentes de trabalho, e tem como objetivo geral investigar o perfil de acidentes de trabalho que acometem funcionários técnico-administrativos do quadro efetivo de uma universidade do Rio de Janeiro. Para o alcance do objetivo, esta tese está estruturada em dois artigos, e como tal pretende explorar o perfil sócio-demográfico e ocupacional de funcionários públicos na ocorrência de acidentes de trabalho (Artigo 1); e investigar a associação entre os eventos de vida produtores de estresse (EVPE) e a ocorrência de acidentes de trabalho (Artigo 2). Dados seccionais da fase 2 de um estudo de natureza prospectiva (Estudo Pró-Saúde) foram coletados entre 3572 funcionários. A história de acidentes de trabalho foi captada por
meio de perguntas dicotômicas (sim vs. não) para cada um dos seguintes tipos de acidentes: perfuração com agulha; perfuração com outro objeto; corte; queimadura; choque elétrico; contusão ou distensão muscular; fratura, entorse ou luxação; e envenenamento ou intoxicação. O período de referência para aferição tanto dos EVPE quanto da ocorrência de acidente de trabalho correspondeu aos 12 meses anteriores a aplicação de questionário autopreenchível. No artigo 1 utilizou-se a técnica de análise de correspondência múltipla para delimitar agrupamentos de funcionários quanto ao perfil sócio-demográfico e ocupacional associado à ocorrência de acidente de trabalho, de acordo com as seguintes Característica : sexo, idade, escolaridade, renda per capita, ocupação, setor e local de trabalho. No artigo 2, a associação entre EVPE e acidentes de trabalho foi avaliada através de análise multivariada por meio de modelo lineares generalizados (logpoisson), sendo os resultados expressos através de razões de prevalência (RP) ajustadas e seus respectivos intervalos de 95% de confiança (IC95%). A prevalência total de acidentes no período de 12 meses foi de 25,6%. Dos tipos de acidentes referidos, o mais frequente foi a contusão ou fratura, com cerca de (10,2%) de relatos. Em seguida, aparecem as perfurações com agulha (6,5%). Os resultados da análise de correspondência revelam três grupos, destacando-se aquele formado pelos que sofreram
perfuração com agulha com um perfil que abrange os auxiliares de enfermagem, trabalham no Hospital Universitário e setores adjacentes, especificamente em setores de terapia intensiva,
emergência, cirurgia geral, clinica geral e ambulatório. Em relação à associação com EVPE, ter sido testemunha de agressão foi o evento mais fortemente associado com acidentes de trabalho (RP= 1,98, IC95%= 1,67; 2,34). Este estudo trouxe informações acerca da importância das características sócio-demográficas e de aspectos psicossociais na ocorrência
dos acidentes de trabalho que podem ser úteis na elaboração de medidas para a prevenção desse importante problema de saúde pública.
=== This Thesis focuses on epidemiology of occupational accidents by describing their association with life events and socio-demographic and occupational variables among employees of a university in Rio de Janeiro, Brazil. Two original papers form the core of the Thesis, the first describes the socioeconomic and occupational profile associated to specific types of occupational accidents, and the second investigates the association between life events and the occurrence of occupational accidents. Sectional data obtained from phase 2 of a prospective study (Estudo Pró-Saúde) were collected for 3,572 participants. The history of occupational accidents was obtained using dichotomous questions (yes/no) for the following
types of injuries: needlestick; perforation by other objects; cut or laceration; burn; electric shock; contusion or bruise; fracture, dislocation or distortion; and poisoning. The period of
recall for accidents and life events was the 12-month before answering the self-reported questionnaire. In the first paper we used multiple correspondence analysis to identify groups
of participants regarding their socio-demographic and occupational profile related to accidents using the following variables: gender, age, literacy, income, occupational status, place of work and job sector. In the second paper the association of life events and work accidents was evaluated by multivariate generalized linear model (log-poisson), and the results expressed as adjusted prevalence ratios (PR) and their respective 95% confidence intervals (95%CI). The total prevalence of accidents in the 12-month period was 25.6%. The most common accidents were contusions or fractures (10.2%) followed by needlesticks (6.5%). Results from correspondence analysis revealed three groups, the most prominent was the one composed by those with needle stick injuries, working at the university hospital as nurse assistants, located specifically at intensive care, surgical, ambulatory or emergency units. Regarding life events, being witness of aggression was the event more strongly associated to occupational accidents (PR= 1.98, 95%CI= 1.67; 2.34). This study highlighted important information about the association between socio-demographic, occupational and psychosocial characteristics and occupational accidents. This information might be used when defining strategies to prevent this important public health problem.
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