Summary: | Esta pesquisa objetivou compreender o itinerário terapêutico de quatro mulheres com câncer de mama, no que concerne à trajetória assistencial na busca por cuidado no SUS de Volta Redonda, procurando perceber em que medida elas tiveram suas necessidades, relacionadas ao processo de adoecimento, atendidas pelos serviços de saúde, tendo como eixo norteador a integralidade em saúde. O objeto do estudo foi construído a partir do entendimento do câncer de mama como um problema de saúde pública, da contextualização do programa de controle do câncer de mama e da reflexão sobre avaliação, integralidade e itinerários terapêuticos como prática avaliativa no campo da saúde. Como trajetória metodológica, para o alcance dos objetivos propostos, a opção foi desenvolver um estudo de natureza qualitativa, empregando a história de vida como abordagem central. Nesta perspectiva, para o trabalho investigativo e interação com as quatro mulheres, visando à narrativa de suas experiências, foi utilizada a técnica de
entrevista aberta na coleta de dados, com ênfase na etapa da vida após a descoberta do câncer de mama e a busca de cuidado nos serviços de saúde. As entrevistas, complementadas pelos dados dos prontuários e do diário de campo, constituíram- se como o material empírico para proceder às análises, visando,
sobretudo, a apreender os atributos de integralidade na dimensão da organização dos serviços de saúde e nos conhecimentos e práticas dos profissionais de saúde.
Também se buscou analisar o cumprimento dos objetivos do Programa Nacional de Controle do Câncer de Mama, em Volta Redonda, tendo em vista que as ações aí propostas representam um conjunto de prescrições para reversão da atual situação da doença no país. Pode-se evidenciar, nas análises, que o cuidado em saúde dedicado a essas mulheres com câncer de mama está muito distante do princípio da integralidade que nos orienta e que defendemos como bandeira de luta. Nesse
sentido, são várias as pistas nas narrativas que nos levam a afirmar que os serviços e práticas profissionais não estão organizados para proteger essas mulheres, garantindo as respostas necessárias a suas demandas, pautadas no princípio da integralidade e nos direitos e valores relacionados à defesa da vida humana. Percebe-se um quadro de retardamento do diagnóstico e tratamento, com dificuldade no acesso a diversos procedimentos envolvidos nesse cuidado como exemplos, a mamografia, o resultado do exame histopatológico e a cirurgia de
mama. O exame clínico da mama não é realizado ou valorizado na atenção básica, além de que, as práticas das unidades especializadas continuam centradas na atenção médica, com ênfase na doença, não existindo equipe multiprofissional para
o atendimento às demandas psicológicas, sociais, etc. Além disso, constatou-se a falta de serviços de referência de reconstituição de mama, imprescindível no cuidado, quando se trata de garantia de atenção integral. Concluímos que é
fundamental que a equipe gestora local repense a organização dos serviços e das práticas nos diversos níveis de complexidade do SUS de Volta Redonda, no atendimento às mulheres com câncer de mama e apoio a suas famílias, na perspectiva da integralidade e do direito à saúde. Por fim, o estudo defende o
itinerário terapêutico como importante prática avaliativa em saúde, amistosa à integralidade, que pode ser incorporada ao cotidiano do SUS.
=== This work aimed to approach the therapeutical itinerary of four women with breast cancer, concerning the assistance trajectory in search for care in the Volta Redonda SUS, trying to apprehend whether how their needs, in the illness process,
were met by health care services, guided by the integral care principle. The studys object was based on the comprehension of breast cancer as a public health matter, on the contextualization of the breast cancer control program, and on the reflection on evaluation, integral care and therapeutical itineraries as evaluation practice in the health field. As methodological trajectory, so as to meet the objectives, we developed a qualitative study whose main approach was life history. In this perspective, the investigative work and interaction with these four women, aiming to report their
experiences, used the open interview for data collection, focusing on their lives after the breast cancer and the search for health care. The interviews, complemented by medical records and field work notes, were the empirical material for the analysis, aiming mostly to apprehend the attributes of integral care in the dimension of health care services organization and knowledge and practice of health professional. We also tried to analyze whether the objectives of the National Program Breast Cancer Control, in Volta Redonda, have been met, considering that it proposes actions to reverse the present situation of breast cancer in Brazil. According to the analyses, health care for women with breast cancer is far from the integral care principle, which guides us and that we defend. In this sense, the narratives give us hints that allow us to state that health care services and professionals are not organized to protect these women, to ensure the correct answers for their needs, based on the integral care principle and on rights and values in defense of human life. We can notice a delay in diagnosis and treatment, with difficult access to several procedures involved in this care e.g., mammography, histopathological results and breast surgery. Breast clinical examination is not performed or valued in primary care services, and practices in specialized units remain centered in medical care, focused on the
disease, and there is no multi-professional staff to meet the psychological, social and other needs. Moreover, there was a lack of reference services for breast reconstruction, essential in a integral assistance. We conclude it is fundamental that
local managers re-think about services and practices organization in the several Volta Redonda SUS levels, providing care for women with breast cancer and supporting their families, within the perspective of integral care and health rights.
Finally, this study defends the therapeutical itinerary as important health care evaluation practice, friendly to integral care, and that can be incorporated to the SUS routine.
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