Summary: | Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo a Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro === Em sua teoria do conhecimento, cuja formulação definitiva se encontra na segunda parte da Ethica, Spinoza afirma que o conhecimento que se dá por meio de signos pertence à Imaginação, isto é, ao primeiro gênero de conhecimento, o qual é essencialmente inadequado uma vez que não consegue compreender a natureza das coisas, mas simplesmente as conhece de forma mutilada e confusa. Contudo, atribuir o conhecimento ex signis ao âmbito imaginativo não pode implicar a recusa, por parte de Spinoza, de toda e qualquer utilização de signos a fim de comunicar o conhecimento verdadeiro, sob pena de o próprio texto da Ethica deslegitimar suas pretensões de verdade já no momento mesmo em que se anuncia. Partindo do princípio de que deve haver certo modo de utilização de signos que consiga contornar, em alguma medida, sua constituição essencialmente inadequada a fim de comunicar idéias adequadas, a presente investigação reconstrói uma teoria da linguagem subjacente à doutrina da Ethica na tentativa de estabelecer por que meios se pode efetuar uma utilização filosófica dos signos. === In his theory of knowledge, whose ultimate presentation can be found in the second part of the Ethics, Spinoza points out the imaginative (and hence inadequate) nature of the knowledge we have through signs. It means that this knowledge, being essentially fragmented and confused, is in fact unable to understand the genuine nature of things. However, asserting the imaginative nature of the knowledge ex signis can by no means imply that Spinoza is refusing the possibility of each and every usage of signs as a valid way to express adequate ideas, or else the text of the Ethics would be delegitimating its pretensions of truth in the very moment it enunciates itself. Assuming that it must exist a way of using signs that manages to overcome somehow the essentially inadequate nature of the knowledge related to it in order to communicate an adequate knowledge, the present investigation reconstructs what can be called an underlying theory of language latent in Spinozas Ethics, trying to establish how a philosophical usage of signs becomes possible and effective.
|