Summary: | CoordenaÃÃo de AperfeÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior === A presente pesquisa originou-se a partir de questÃes que se decantaram no decurso de nossa prÃtica clÃnica com pacientes histÃricos. Os achados provenientes desta clÃnica chamaram nossa atenÃÃo para a aÃÃo da instÃncia superegÃica nos sujeitos estruturados pela via da neurose histÃrica, o que nos direcionou a percorrer um caminho teÃrico-clÃnico cujo objetivo central era investigar as especificidades da incidÃncia do Supereu na clÃnica da histeria, bem como os efeitos de tais particularidades para a posiÃÃo do analista na direÃÃo do tratamento. Metodologicamente, partimos da clÃnica como sustentÃculo maior de nossos questionamentos, para entÃo chegarmos à teoria psicanalÃtica enquanto esteio de tais discussÃes. Ao nos propormos a discutir acerca das nuances das modalidades de comparecimento do Supereu em uma clÃnica nomeada como clÃnica da histeria, marcamos, logo de inÃcio, o modo como se opera a estruturaÃÃo psÃquica na neurose histÃrica, levando em consideraÃÃo a castraÃÃo, a identificaÃÃo, o desejo e o gozo. Servimo-nos de casos clÃnicos apanhados da seara freudiana entrelaÃados Ãs elaboraÃÃes metapsicolÃgicas de Freud e Ãs construÃÃes teÃricas empreendidas por Lacan no tocante à histeria. Privilegiamos os casos clÃnicos de Freud edificados no perÃodo de sua primeira tÃpica do aparelho psÃquico, por entendermos que tais construÃÃes nos ofereceram um panorama aprofundado do funcionamento psÃquico dos sujeitos histÃricos, sem o qual nÃo teria sido possÃvel compreender as singularidades da aÃÃo do Supereu nesta estrutura. Perscrutamos as incidÃncias do Supereu na histeria a partir das obras de Freud, Lacan e Didier-Weill, o que nos levou a estabelecer contrapontos e aproximaÃÃes entre o comparecimento da instÃncia superegÃica na neurose obsessiva e na histeria. Por intermÃdio do estudo da formaÃÃo e das possibilidades de atuaÃÃo do Supereu nestes dois tipos clÃnicos da estrutura neurÃtica, estabelecemos articulaÃÃes entre Supereu, identificaÃÃo e sintoma na clÃnica psicanalÃtica da histeria. Tais articulaÃÃes foram viabilizadas pela apresentaÃÃo e discussÃo de fragmentos de casos clÃnicos provenientes de nossa prÃtica, que nos indicaram como operam, de um modo geral, o gozo e a culpa inerentes ao Supereu na neurose histÃrica e nos fizeram pensar acerca dos efeitos disto para a posiÃÃo do analista na direÃÃo da cura. Destacamos entre nossos achados mais relevantes a demarcaÃÃo de que na neurose histÃrica a dimensÃo da culpa atrelada ao Supereu engloba, mas ultrapassa o modelo culpa-sintoma prÃprio à neurose obsessiva. Com isso, tornou-se possÃvel postularmos uma maior inconsciÃncia da instÃncia superegÃica na neurose histÃrica, representada, entre outros aspectos, pela aÃÃo do sentimento de culpa inconsciente, a qual produz efeitos tÃo nefastos quanto aquela agenciada pelo sentimento de culpa consciente. Constatamos assim, que um dos maiores obstÃculos à direÃÃo da cura produzido pela incidÃncia do Supereu na clÃnica da histeria se refere à fixaÃÃo do sujeito em uma posiÃÃo de gozo que o aliena aos significantes advindos do Outro, impedindo-o de produzir seus prÃprios significantes. O gozo com a queixa agenciado pela aÃÃo do Supereu pode vir a se constituir como um empecilho à continuidade da anÃlise. A relevÃncia de nosso trabalho implica em podermos problematizar a posiÃÃo do analista na direÃÃo da cura diante de tais efeitos superegÃicos na clÃnica da histeria.
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