Summary: | Chagas disease (CD) is currently the fourth most impacting disease
in Latin America. Infected individuals are at continued risk of developing chronic
cardiomyopathy―the main cause of morbidity and mortality. CD may also lead to intrinsic
denervation of the enteric nervous system (ENS). Previous studies have described important
changes in the autonomic nervous system, myocardium and digestive system. Indeterminate
chronic Chagas disease (ICD) is asymptomatic and cannot be detected by simple tests such as
electrocardiography, esophagography, contrast enema or chest radiography. However,
minimal changes in cardiac and digestive functions have been reported for patients without
clear clinical signs of cardiac or ENS denervation. We hypothesize these changes may be due
to autonomic dysfunction. The purpose of this study was to evaluate esophageal motility and
ventricular function and their correlation with heart rate variability (HRV) in subjects with
ICD. Methods. Sixteen subjects with ICD and 8 healthy controls were submitted to
electrocardiography for 30 min. with monitoring of HRV in the time and frequency domains,
echocardiography with monitoring of cardiac function (systolic/diastolic) and six-channel
perfusion esophageal manometry. Results. The systolic function (ventricular ejection
fraction) was preserved in ICD patients and controls (66.1Â7.28 vs. 69.1Â6.36; p=0.35), but a
significant difference was observed in tissue Doppler E‟ wave values (0.12Â0.02 vs.
0.14Â0.01; p=0.02). The average E wave deceleration time was longer for ICD patients but
the difference did not reach statistical significance (200.81Â35.17 vs. 191.57Â36.08). As for
the HRV time domain, the average NN50 (27.93Â33.97 vs. 138.75Â176.13; p=0.02), pNN50
(2.61Â3.47 vs. 11.66Â16.16; p=0.04) and geometric index (9757Â2787 vs. 13059Â2793;
p=0.01) were significantly lower for patients with ICD. Although SDNN (50.18Â22.48 vs.
53.55Â12.61; p=0.70) and rMSSD (23.05Â13.78 vs. 32.32Â18.18; p=0.18) were lower for
ICD subjects on the average, the difference was not significant. In the frequency domains
(expressed in normalized units), HF-FFT (fast Fourier transformation) (29.40Â13.96 vs.
43.25Â12.95; p=0.03), HF-AR (autoregressive) (29.26Â14.7 vs. 43.71Â12.54; p=0.02),
LF-FFT (70.59Â13.96 vs. 56.75Â12.54; p=0.03) and LF-AR (70.74Â14.75 vs. 56.28Â12.54;
p=0.02) differed significantly between the groups, with ICD patients displaying lower average
HF values and higher average LF values, whether by FFT or AR. The inferior sphincter
relaxation time was longer for ICD patients (8.68Â2.95 vs. 5.73Â1.80; p=0.04). A significant
correlation was observed between E‟ wave values and HF-FFT (rÂ=0.37; p=0.01), between E‟
wave values and HF-AR (rÂ=0.38; p=0.01), between sphincter relaxation time and HF-AR
(rÂ=0,55; p=0.01) and between sphincter relaxation time and LF-AR (rÂ=0.39; p=0.05).
Conclusion. HF values were significantly lower and LF values significantly higher in
individuals with ICD than in normal controls, possibly due to predominantly sympathetic
dysautonomia. E‟ wave values were significantly lower in ICD patients possibly due to
minimal changes in diastolic function. In addition, the inferior sphincter relaxation time was
significantly longer in subjects with ICD. Dysautonomia and functional changes of the left
ventricle and esophagus may be dependent phenomena.
=== IntroduÃÃo. A doenÃa de Chagas à considerada atualmente a quarta molÃstia de maior
impacto na AmÃrica Latina. IndivÃduos jà infectados continuarÃo sob o potencial risco de
desenvolver a cardiomiopatia chagÃsica crÃnica, a principal causa de morbimortalidade. A
doenÃa de Chagas representa, tambÃm, um modelo da desnervaÃÃo intrÃnseca do Sistema
Nervoso EntÃrico (SNE). Estudos prÃvios, demonstraram alteraÃÃes importantes do sistema
nervoso autÃnomo, do miocÃrdio e alteraÃÃes motoras do sistema digestivo. A forma
indeterminada da DoenÃa à definida como assintomÃtica e sem alteraÃÃes de exames
complementares simples (ECG, esofagograma, enema opaco, radiografia do tÃrax). Contudo,
alteraÃÃes mÃnimas tanto da funÃÃo cardÃaca quanto digestiva jà foram relatadas neste grupo
de pacientes que nÃo apresentam sinais clÃnicos intensos de desnervaÃÃo cardÃaca ou do SNE.
A nossa hipÃtese à que estas alteraÃÃes possam ocorrer por disfunÃÃo autonÃmica. Este estudo
teve como objetivo examinar a motilidade esofÃgica e a funÃÃo ventricular, e suas relaÃÃes
com a variabilidade da frequÃncia cardÃaca (VFC) em indivÃduos chagÃsicos na forma
indeterminada. MÃtodos. Vinte e quatro indivÃduos, sendo 16 pacientes chagÃsicos com a
forma indeterminada e oito indivÃduos saudÃveis foram submetidos a monitorizaÃÃo
eletrocardiogrÃfica de 30 minutos, sendo analisada a VFC no domÃnio do tempo e frequÃncia,
avaliaÃÃo ecocardiogrÃfica com estudo das funÃÃes cardÃacas (sistÃlica e diastÃlica), assim
como avaliaÃÃo da funÃÃo motora esofÃgica por manometria de perfusÃo com seis canais.
Resultados. Foram observados funÃÃo sistÃlica (fraÃÃo de ejeÃÃo ventricular) preservada nos
grupos indeterminado e controle (66,1Â7,28 versus 69,1Â6,36, p=0,35) e diferenÃa estatÃstica
significativa na avaliaÃÃo da onda E‟ do Doppler tecidual, exibindo valores menores no grupo
indeterminado (0,12Â0,02 versus 0,14Â0,01, p=0,02). Embora nÃo houvesse diferenÃa
estatÃstica significativa entre os valores mÃdios do tempo de desaceleraÃÃo da onda E (TDE),
o grupo indeterminado apresentou valores aumentados em relaÃÃo ao controle (200,81Â35,17
versus 191,57Â36,08). Nas medidas da VFC, no domÃnio do tempo, os valores mÃdios de
NN50 (27,93Â33,97 versus 138,75Â176, 13, p=0,02), pNN50 (2,61Â3,47 versus 11,66Â16,16,
p=0,04), Ãndice geomÃtrico (9757Â2787 versus 13059Â2793, p=0,01) apresentavam-se
menores no grupo indeterminado com diferenÃa estatÃstica significante. Os Ãndices SDNN
(50,18Â22,48 versus 53,55Â12,61, p=0,70), rMSSD (23,05Â13,78 versus 32,32Â18,18,
p=0,18) apresentavam valores mÃdios diminuÃdos no grupo indeterminado, embora sem
diferenÃa estatÃstica. No domÃnio da frequÃncia, as variÃveis (unidades normalizadas) HF FFT
(transformada de Fourier) (29,40Â13,96 versus 43,25Â12,95, p=0,03), HF AR
(autorregressivo) (29,26Â14,7 versus 43,71Â12,54, p=0,02) e LF FFT (70,59Â13,96 versus
56,75Â12,54, p=0,03), LF AR (70,74Â14,75 versus 56,28Â12,54, p=0,02) apresentaram
diferenÃas estatÃsticas significantes, exibindo valores mÃdios diminuÃdos em relaÃÃo a HF e
aumentados em relaÃÃo a LF no grupo indeterminado, seja pela transformada de Fourier ou
pelo mÃtodo autorregressivo. A duraÃÃo do relaxamento do esfÃncter inferior (EEI) apresentou
valores maiores nos pacientes na forma indeterminada (8,68Â2,95 versus 5,73Â1,80, p=0,04).
Observou-se correlaÃÃo significativa entre a onda E‟do Doppler tecidual e a variÃvel HF FFT
(rÂ=0,37, p=0,01), entre a onda E‟do Doppler tecidual e a variÃvel HF AR (rÂ=0,38, p=0,01),
entre a duraÃÃo do relaxamento do EEI e HF AR (rÂ=0,55, p=0,01), entre a duraÃÃo do
relaxamento do EEI e LF AR (rÂ=0,39,p=0,05). ConclusÃo. Os valores de HF power sÃo
significativamente menores nos indivÃduos chagÃsicos com a forma indeterminada; os valores
de LF power sÃo significativamente maiores, nos indivÃduos chagÃsicos com a forma
indeterminada podendo corresponder a disautonomia com predomÃnio simpÃtico. Os valores
7
da onda E‟ sÃo significativamente menores nos indivÃduos chagÃsicos com a forma
indeterminada, podendo corresponder a mÃnima alteraÃÃo da funÃÃo diastÃlica. A duraÃÃo do
relaxamento do EEI apresenta valores significativamente maiores nos pacientes chagÃsicos. A
disautonomia e as alteraÃÃes funcionais do ventrÃculo esquerdo e do esÃfago podem ser
fenÃmenos dependentes.
|