Summary: | Le maracatu de Fortaleza, mise en scÃne dramatique multiculturelle, a comme substrat historique et anthropologique les rituels de couronnement des Rois de Congo qui se dÃroulaient au XIXÃme siÃcle. Il a Ãtà incorporà au carnaval de rue em 1937, avec le maracatu Az de Ouro. Dans le contexte de la fÃte, le cortÃge performatif se constitue en tant que phÃnomÃne culturel complexe, au travers des crÃations et des re-crÃations dÃveloppÃes par les corps et les voix des interprÃtes. Entre 1980 et 2002, se joignirent aux groupes dÃjà Ãxistant, de nouvelles  nations  qui, à partir des matrices fondamentales exprimÃes par lÂoralità et la gestualitÃ, dÃmarquÃrent des rÃÃlaborations significatives. Cette recherche a pour objectif dÂanalyser et de comprendre lÂinscription sociale des groupes dans l  avenue  et dans la ville, ainsi que les modifications qui eurent lieu dans la  performance Â, stimulÃe par les compositions, les chants, le  masque noir grimà  et les actants matriciels (la Calunga et la Reine), et qui ont Ãtà signifiÃes à partir des notions de  tradition  et  modernità Â. Ces ÃlÃments acquiÃrent une importance particuliÃre dans lÂaction dramatique du couronnement de la reine noire. Abordant les significations liÃes à la figure de la matriarche royale, dans la composition dramatique et dans le contexte de la culture locale, lÂanalyse se tourne vers les motifs qui ont amenà les sujets-interprÃtes masculins et fÃminins, durant la pÃriode ÃtudiÃe, à rivaliser, à se mettre en positions de conflit sur la question de la lÃgitimità de chaque sexe à reprÃsenter le personnage de la reine. Les discours des interprÃtes, qui configurent la mÃmoire sociale de cette pratique, directionnent, em particulier, la focalisation interprÃtative de cette recherche.
=== O maracatu fortalezense, encenaÃÃo dramÃtica multicultural, tem como substrato histÃrico e antropolÃgico os rituais de coroaÃÃo dos Reis de Congo que aconteciam no sÃculo XIX. Foi incorporado ao carnaval de rua em 1937, atravÃs do maracatu Az de Ouro. No contexto da festa, o cortejo performativo constituiu-se como complexo fenÃmeno cultural pelas criaÃÃes e recriaÃÃes processadas pelos corpos e vozes dos brincantes. Entre 1980 e 2002, agregaram-se aos grupos existentes, novas ânaÃÃesâ que, a partir das matrizes fundamentais expressas na oralidade e gestualidade, demarcaram significativas re-elaboraÃÃes. O presente estudo objetiva analisar e compreender a inscriÃÃo social dos grupos na âavenidaâ e na cidade, bem como as modificaÃÃes que se deram na âperformanceâ, impulsionada pelas loas, os cantos, a âmÃscara negra tisnadaâ, os actantes matriciais (a Calunga e a Rainha) e que foram significadas a partir das noÃÃes de âtradiÃÃoâ e de âmodernidadeâ. Estes elementos adquirem relevo particular na aÃÃo dramÃtica de coroaÃÃo da rainha negra. Abordando os significados envolvidos em torno da figura da matriarca real na composiÃÃo dramÃtica e no contexto da cultura local, a anÃlise volta-se para os motivos que levaram os sujeitos-brincantes masculinos e femininos, no perÃodo estudado, a rivalizarem, a se colocarem em posiÃÃes conflitantes sobre a questÃo da legitimidade de cada sexo a representar o personagem da rainha. Os discursos dos brincantes, configuradores da memÃria social desta prÃtica, norteiam, em particular, o foco interpretativo desta pesquisa.
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