Summary: | CoordenaÃÃo de AperfeÃoamento de Pessoal de NÃvel Superior === Esta tese tem por objeto o diÃrio de viagem que Francisco Freire AlemÃo, um dos principais naturalistas brasileiros do sÃculo XIX, redigiu no transcurso da ComissÃo CientÃfica de ExploraÃÃo, expediÃÃo que percorreu, entre 1859 e 1861, os sertÃes do CearÃ, alÃm de partes das provÃncias do Rio Grande do Norte, Piauà e Pernambuco. Freire AlemÃo acumulava as funÃÃes de presidente da ComissÃo CientÃfica e chefe da SeÃÃo BotÃnica, tendo trazido para o Corte um hervÃrio com 14 mil plantas. Considerada a primeira viagem cientÃfica composta exclusivamente por naturalistas brasileiros, a ComissÃo CientÃfica de ExploraÃÃo refletia o esforÃo do ImpÃrio brasileiro na promoÃÃo de descobertas que viessem a alavancar a economia do paÃs, como ocorria nas naÃÃes europeias e nos Estados Unidos. A despeito das crÃticas, escassez de verbas e desavenÃas administrativas e pessoais que minaram a continuidade dos seus trabalhos, procuro abordar a experiÃncia da ComissÃo CientÃfica dentro das possibilidades e limites no uso da ciÃncia como braÃo intelectual do desenvolvimento do ImpÃrio brasileiro. Por conta da cessaÃÃo dos trabalhos da SeÃÃo BotÃnica e do adoecimento de Freire AlemÃo, o diÃrio permaneceu em sua forma original, sem qualquer tipo de ediÃÃo ou corte, operaÃÃo que fatalmente ocorreria caso tivesse sido publicado. Meu objetivo à evidenciar a escrita do diÃrio como a produÃÃo de uma determinada memÃria, por meio de uma escrita produzida a partir de um saber estratÃgico voltado nÃo apenas para o florescimento da ciÃncia, como tambÃm para atender a demandas de uma polÃtica voltada para utilizar toda a potencialidade do mundo natural. Mas uma escrita que, ao mesmo tempo, registra uma experiÃncia permeada de incertezas, incompreensÃes, reaÃÃes inusitadas ao ambiente e inversÃes do papel de observador e observado. Como registro de uma memÃria e memÃria de um registro, abordo o diÃrio como objeto privilegiado para abordar experiÃncias vividas, bem como divisar a tessitura diversa e complexa das composiÃÃes mnemÃnicas, congregando as conexÃes entre o sujeito nas suas vivÃncias privadas e na sua relaÃÃo com o coletivo. === This thesis deals with Francisco Freire AlemÃoâs travel journal. One of the leading Brazilian naturalists of the 19th century, Freire AlemÃo wrote this journal during the Scientific Exploration Commission, an expedition that ran between 1859 and 1861 in the backlands of CearÃ, as well as parts of the provinces of Rio Grande do Norte, Piauà and Pernambuco. Freire AlemÃo accumulated the functions of president of the Scientific Commission and head of the Botanical Section, bringing to the Court a herd of 14,000 plants. Considered the first scientific trip composed exclusively by Brazilian naturalists, the Scientific Commission of Exploration reflected the effort of the Brazilian Empire in the promotion of discoveries that were to leverage the economy of the country, as it happened in the European nations and in the United States. Despite the criticism, scarcity of funds and administrative and personal disagreements that undermined the continuity of its work, I try to approach the experience of the Scientific Commission within the possibilities and limits in the use of science as the intellectual arm of the development of the Brazilian Empire. Because of the cessation of the work of the Botanical Section and the illness of Freire AlemÃo, the diary remained in its original form, without any type of editing or cut, an operation that would have happened if it had been published. My purpose is to highlight the writing of the diary as the production of a particular memory, through a writing produced from a strategic knowledge aimed not only for the flourishing of science, but also to meet the demands of a policy aimed at using all the potentiality of the natural world. But a writing that at the same time registers an experience permeated by uncertainties, misunderstandings, unusual body reactions to the environment and inversions of the role of observer and observed. As a record of a memory and memory of a record, I take the diary as a privileged object to approach lived experiences, as well as to discern the diverse and complex fabric of mnemonic compositions, bringing together the connections between the subject in his private experiences and his relation with the collective.
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