HansenÃase, risco e vulnerabilidade: perspectiva espaÃo-temporal e operacional de controle no Estado da Bahia, Brasil
Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgico === O controle da hansenÃase mantÃm-se ao longo do tempo e do espaÃo como grande e complexo desafio no Brasil. Em Ãreas de maior risco, a doenÃa apresenta carÃter focal de ocorrÃncia. O Estado da Bahia faz parte destas Ãreas ou clusters d...
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2017
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SAUDE PUBLICA Eliana Amorim de Souza HansenÃase, risco e vulnerabilidade: perspectiva espaÃo-temporal e operacional de controle no Estado da Bahia, Brasil |
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Conselho Nacional de Desenvolvimento CientÃfico e TecnolÃgico === O controle da hansenÃase mantÃm-se ao longo do tempo e do espaÃo como grande e complexo desafio no Brasil. Em Ãreas de maior risco, a doenÃa apresenta carÃter focal de ocorrÃncia. O Estado da Bahia faz parte destas Ãreas ou clusters de detecÃÃo da doenÃa no paÃs, com parÃmetros de alta endemicidade. QuestÃes epidemiolÃgicas e operacionais devem ser aprofundadas, na perspectiva do tempo e do espaÃo. Objetivou-se neste estudo caracterizar os padrÃes epidemiolÃgicos e operacionais da hansenÃase, bem como fatores associados à sua distribuiÃÃo espaÃo-temporal no Estado da Bahia. Trata-se de estudo ecolÃgico de sÃrie espaÃo-temporal, de base populacional, com utilizaÃÃo de dados oficiais de morbimortalidade relativos à hansenÃase. Os 417 municÃpios do estado e suas nove regiÃes de saÃde foram utilizados como unidades de anÃlise. O banco de dados de morbidade englobou todos os casos novos residentes no Estado com diagnÃstico entre 2001-2014. Para a mortalidade, todos os Ãbitos que tiveram a hansenÃase como causa mÃltipla e ocorreram no perÃodo de 1999-2014 foram analisados. A tese foi estruturada em quatro etapas que compuseram os percursos metodolÃgicos adotados: 1- DescriÃÃo dos indicadores epidemiolÃgicos e operacionais de controle da hansenÃase, alÃm de tendÃncia temporal por regressÃo Joinpoint; 2- CaracterizaÃÃo de padrÃes espaciais e de aglomerados espaÃo-temporais de risco para detecÃÃo, transmissÃo recente e diagnÃstico tardio por meio de anÃlise de dependÃncia espacial - Ãndices Moran local e Getis-Ord Gi* e de reconhecimento de clusters; 3- CaracterizaÃÃo dos padrÃes espaÃo-temporais e aglomerados espaÃo-temporais de elevado risco para mortalidade, relacionada à hansenÃase, alÃm dos fatores potencialmente associados; 4- Reconhecimento das dimensÃes social e programÃtica da vulnerabilidade para ocorrÃncia da hansenÃase e anÃlise integrada dos potenciais determinantes e condicionantes sociais, para os diferentes padrÃes de distribuiÃÃo espaÃo-temporal da morbimortalidade da doenÃa. Foram notificados em 14 anos 40.054 casos da doenÃa, com coeficiente de detecÃÃo geral de 20,41/100.000 habitantes, 5,83/100.000 habitantes para crianÃas e 5,7/100.000 para GIF 2, no diagnÃstico de cada 100.000 habitantes. Ao longo de 16 anos, a hansenÃase foi registrada em 481 Ãbitos (mortalidade proporcional: 0,04%; IC95%: 0,004-0,05), 188 (39,1%) como causa bÃsica de morte e 293 (60,9%) como causa associada. O nÃmero mÃdio anual de mortes foi de 30 Ãbitos por ano (IC 95%: 23,4-36,7), com coeficiente mÃdio anual de 0,21 Ãbitos/100.000 habitantes (IC 95%: 0,13-0,29). O coeficiente de detecÃÃo de CN foi significativamente maior entre aqueles ≥70 anos de idade (RR: 8,45; IC95%: 7,08-10,09), negros (RR: 1,38; IC 95%: 1,33-1,43), residentes em cidade de mÃdio porte (RR: 2,80; IC95%: 2,50-3,13) e residÃncia fora da capital do estado (RR: 1,72; IC95%: 1,54-1,92). A detecÃÃo de CN com GIF 2 no diagnÃstico foi significativamente maior entre homens (RR: 2,4; IC 95%: 1,6-3,4). Verificou-se tendÃncia de reduÃÃo no coeficiente de detecÃÃo geral (Average Annual Percent Change [AAPC] -0,4; IC95%: -2,8 a 1,9), manutenÃÃo em crianÃas (AAPC 0,2; IC95%: -3,9 a 4,5), alÃm de aumento para casos com GIF 2 no diagnÃstico (AAPC 4,0; IC95%: 1,3 a 6,8) e com classificaÃÃo multibacilares (AAPC 2,2; IC95%: 0,1 a 4,3). Foram identificados clusters nas regiÃes Norte, Oeste e Extremo-Sul da Bahia, com elevados coeficientes, sustentados ao logo do tempo. Quase metade dos contatos registrados nÃo foi examinada, enquanto a proporÃÃo de cura na coorte foi de 85%, a de abandono de tratamento de 5,5% e a de recidiva de 3,8%. Houve tendÃncia significativa de aumento de contatos examinados e reduÃÃo de abandono de tratamento, de forma mais expressiva entre as mulheres. AnÃlise espacial demonstra grande nÃmero de municÃpios com desempenho insatisfatÃrio dos indicadores operacionais, incluindo as regiÃes Norte e Extremo-Sul. Destaca-se nÃmero grande de municÃpios com desempenho ruim ou regular dos serviÃos de saÃde para avaliaÃÃo do grau de incapacidade fÃsica, no momento do diagnÃstico. A avaliaÃÃo do indicador de GIF 2 revela baixa ou mÃdia efetividade das atividades de detecÃÃo oportuna, em nÃmero expressivo de municÃpios baianos. AlÃm de revelar possÃvel endemia oculta. Os 25 municÃpios que compÃem os principais clusters apresentam indicadores sociais, demogrÃficos, econÃmicos, de acesso e qualidade de serviÃos de saÃde que apontam para diferentes dimensÃes de vulnerabilidade social e programÃtica. Os principais clusters identificados ao Norte e Extremo-Sul do Estado reÃnem municÃpios com elevada vulnerabilidade. As mortes relacionadas à hansenÃase estÃo associadas a complicaÃÃes de reaÃÃes hansÃnicas e efeitos adversos da terapÃutica. Como conclusÃo, a hansenÃase persiste como um problema de saÃde pÃblica no Estado da Bahia, ao longo dos 16 anos e deve se manter assim por dÃcadas, tendo em vista a fragilidade das aÃÃes de controle. Alta endemicidade, transmissÃo ativa, diagnÃstico tardio, provÃvel endemia oculta e morte relacionadas à hansenÃase compÃem este quadro. EvidÃncias de padrÃes desiguais de morbimortalidade no espaÃo e no tempo, aliadas ao reconhecimento de sobreposiÃÃo de clusters de diferentes indicadores, reforÃam a existÃncia de Ãreas prioritÃrias. O enfrentamento da hansenÃase no Estado passa pela ampliaÃÃo da cobertura e qualificaÃÃo das aÃÃes de controle, em especial a abordagem de contatos. A integraÃÃo de elementos de vulnerabilidades Ãs agendas de enfrentamento para superaÃÃo dos determinantes sociais da doenÃa deve ser foco dos programas |
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Objetivou-se neste estudo caracterizar os padrÃes epidemiolÃgicos e operacionais da hansenÃase, bem como fatores associados à sua distribuiÃÃo espaÃo-temporal no Estado da Bahia. Trata-se de estudo ecolÃgico de sÃrie espaÃo-temporal, de base populacional, com utilizaÃÃo de dados oficiais de morbimortalidade relativos à hansenÃase. Os 417 municÃpios do estado e suas nove regiÃes de saÃde foram utilizados como unidades de anÃlise. O banco de dados de morbidade englobou todos os casos novos residentes no Estado com diagnÃstico entre 2001-2014. Para a mortalidade, todos os Ãbitos que tiveram a hansenÃase como causa mÃltipla e ocorreram no perÃodo de 1999-2014 foram analisados. A tese foi estruturada em quatro etapas que compuseram os percursos metodolÃgicos adotados: 1- DescriÃÃo dos indicadores epidemiolÃgicos e operacionais de controle da hansenÃase, alÃm de tendÃncia temporal por regressÃo Joinpoint; 2- CaracterizaÃÃo de padrÃes espaciais e de aglomerados espaÃo-temporais de risco para detecÃÃo, transmissÃo recente e diagnÃstico tardio por meio de anÃlise de dependÃncia espacial - Ãndices Moran local e Getis-Ord Gi* e de reconhecimento de clusters; 3- CaracterizaÃÃo dos padrÃes espaÃo-temporais e aglomerados espaÃo-temporais de elevado risco para mortalidade, relacionada à hansenÃase, alÃm dos fatores potencialmente associados; 4- Reconhecimento das dimensÃes social e programÃtica da vulnerabilidade para ocorrÃncia da hansenÃase e anÃlise integrada dos potenciais determinantes e condicionantes sociais, para os diferentes padrÃes de distribuiÃÃo espaÃo-temporal da morbimortalidade da doenÃa. Foram notificados em 14 anos 40.054 casos da doenÃa, com coeficiente de detecÃÃo geral de 20,41/100.000 habitantes, 5,83/100.000 habitantes para crianÃas e 5,7/100.000 para GIF 2, no diagnÃstico de cada 100.000 habitantes. Ao longo de 16 anos, a hansenÃase foi registrada em 481 Ãbitos (mortalidade proporcional: 0,04%; IC95%: 0,004-0,05), 188 (39,1%) como causa bÃsica de morte e 293 (60,9%) como causa associada. O nÃmero mÃdio anual de mortes foi de 30 Ãbitos por ano (IC 95%: 23,4-36,7), com coeficiente mÃdio anual de 0,21 Ãbitos/100.000 habitantes (IC 95%: 0,13-0,29). O coeficiente de detecÃÃo de CN foi significativamente maior entre aqueles ≥70 anos de idade (RR: 8,45; IC95%: 7,08-10,09), negros (RR: 1,38; IC 95%: 1,33-1,43), residentes em cidade de mÃdio porte (RR: 2,80; IC95%: 2,50-3,13) e residÃncia fora da capital do estado (RR: 1,72; IC95%: 1,54-1,92). A detecÃÃo de CN com GIF 2 no diagnÃstico foi significativamente maior entre homens (RR: 2,4; IC 95%: 1,6-3,4). Verificou-se tendÃncia de reduÃÃo no coeficiente de detecÃÃo geral (Average Annual Percent Change [AAPC] -0,4; IC95%: -2,8 a 1,9), manutenÃÃo em crianÃas (AAPC 0,2; IC95%: -3,9 a 4,5), alÃm de aumento para casos com GIF 2 no diagnÃstico (AAPC 4,0; IC95%: 1,3 a 6,8) e com classificaÃÃo multibacilares (AAPC 2,2; IC95%: 0,1 a 4,3). Foram identificados clusters nas regiÃes Norte, Oeste e Extremo-Sul da Bahia, com elevados coeficientes, sustentados ao logo do tempo. Quase metade dos contatos registrados nÃo foi examinada, enquanto a proporÃÃo de cura na coorte foi de 85%, a de abandono de tratamento de 5,5% e a de recidiva de 3,8%. Houve tendÃncia significativa de aumento de contatos examinados e reduÃÃo de abandono de tratamento, de forma mais expressiva entre as mulheres. AnÃlise espacial demonstra grande nÃmero de municÃpios com desempenho insatisfatÃrio dos indicadores operacionais, incluindo as regiÃes Norte e Extremo-Sul. Destaca-se nÃmero grande de municÃpios com desempenho ruim ou regular dos serviÃos de saÃde para avaliaÃÃo do grau de incapacidade fÃsica, no momento do diagnÃstico. A avaliaÃÃo do indicador de GIF 2 revela baixa ou mÃdia efetividade das atividades de detecÃÃo oportuna, em nÃmero expressivo de municÃpios baianos. AlÃm de revelar possÃvel endemia oculta. Os 25 municÃpios que compÃem os principais clusters apresentam indicadores sociais, demogrÃficos, econÃmicos, de acesso e qualidade de serviÃos de saÃde que apontam para diferentes dimensÃes de vulnerabilidade social e programÃtica. Os principais clusters identificados ao Norte e Extremo-Sul do Estado reÃnem municÃpios com elevada vulnerabilidade. As mortes relacionadas à hansenÃase estÃo associadas a complicaÃÃes de reaÃÃes hansÃnicas e efeitos adversos da terapÃutica. Como conclusÃo, a hansenÃase persiste como um problema de saÃde pÃblica no Estado da Bahia, ao longo dos 16 anos e deve se manter assim por dÃcadas, tendo em vista a fragilidade das aÃÃes de controle. Alta endemicidade, transmissÃo ativa, diagnÃstico tardio, provÃvel endemia oculta e morte relacionadas à hansenÃase compÃem este quadro. EvidÃncias de padrÃes desiguais de morbimortalidade no espaÃo e no tempo, aliadas ao reconhecimento de sobreposiÃÃo de clusters de diferentes indicadores, reforÃam a existÃncia de Ãreas prioritÃrias. O enfrentamento da hansenÃase no Estado passa pela ampliaÃÃo da cobertura e qualificaÃÃo das aÃÃes de controle, em especial a abordagem de contatos. 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