Sociologia do Babaçu: condições econômicas e sociais de reprodução camponesa no estado do Maranhão

VIANA, Regina Stela de Melo. Sociologia do Babaçu: condições econômicas e sociais de reprodução camponesa no estado do Maranhão. 1985. 78f. – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Fortaleza (CE), 1985. === Submitted by Gustavo Daher (gdaher...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Viana, Regina Stela de Melo
Other Authors: Rodrigues, Francisco José
Language:Portuguese
Published: 2017
Subjects:
Online Access:http://www.repositorio.ufc.br/handle/riufc/24565
Description
Summary:VIANA, Regina Stela de Melo. Sociologia do Babaçu: condições econômicas e sociais de reprodução camponesa no estado do Maranhão. 1985. 78f. – Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Programa de Pós-graduação em Sociologia, Fortaleza (CE), 1985. === Submitted by Gustavo Daher (gdaherufc@hotmail.com) on 2017-08-03T15:04:12Z No. of bitstreams: 1 1985_dis_rsmviana.pdf: 1252995 bytes, checksum: e5487b60524685adbaccd1a506768ebd (MD5) === Approved for entry into archive by Márcia Araújo (marcia_m_bezerra@yahoo.com.br) on 2017-08-04T19:26:35Z (GMT) No. of bitstreams: 1 1985_dis_rsmviana.pdf: 1252995 bytes, checksum: e5487b60524685adbaccd1a506768ebd (MD5) === Made available in DSpace on 2017-08-04T19:26:36Z (GMT). No. of bitstreams: 1 1985_dis_rsmviana.pdf: 1252995 bytes, checksum: e5487b60524685adbaccd1a506768ebd (MD5) Previous issue date: 1985 === The babaçu-nut, which is the main exportation product of Maranhão, gibes rise today to a technical and political interest, from a national and international viewpoint. For as much its almond is traditionally a raw material for oil production, as, now, the coal obtained from its ligneous rod is wanted by siderurgical factories, because it has strong energetic power, and, besides, has no sulphur in this composition. In the babassu grove region, which occupies ever 100.000 km2 in Maranhão, there is an important amount of human population withdrawing their earnings for survivial from the babassu nut‟s exploitation, either drawing out the almonds, or producing coal. The nut‟s breaking is typically made women, and children. There is even a prejudge about men‟s work in the babassu. Earnings obtained in this activity are, sufficient, which are face the costs with the activities for subsistence, which are exercised mainly by men. The substitution of a handly breaking by a mechanic one, started in the midst 1970‟s, has not yet modified the general aspect of a primitive technology. There is too a lacking in the structure of commercialization, giving easily way to the foreigner profiteer. This confirms the Oliveira‟s thesis according to which there is a “primitive accumulation” characterized by expropriation of the surplus in the rural economies. This results from a field survey undertaken in the big counties of Chapadinha and Varzea Grande with a representative sample. We consider, in conclusion, some structural, institutional, and political aspects to be order to reach a stage of modernization and industrialization, and to preserve the babassu grove. === O coco babaçu, primeiro produto na pauta de exportação do Maranhão, atualmente desperta grande interesse técnico e politico. Tanto de órgãos nacionais quanto internacionais. Além da amêndoa, parte do coco procurada na exploração tradicional, o carvão, obtido da parte lenhosa, é, atualmente, muito cobiçado pelas siderúrgicas. Isto, graças a sua potencialidade calórica e a ausência de enxofre na sua composição. Na região de babaçuais, que ocupa cerca de 100.000 km2 neste Estado, toda uma população de pequenos produtores tem grande parte de sua renda familiar advinda da exploração do coco babaçu. Seja na extração da amêndoa, seja na fabricação do carvão. A pesquisa de campo foi concentrada nos municípios de Chapadinha e Vargem Grande. Onde foram ouvidos; produtores rurais, comerciantes, usineiros e proprietários rurais. A quebra do coco é uma atividade sob o controle da mulher, que se estende à criança. Existe um certo preconceito que inibe o trabalho do homem adulto nesta atividade. Sua safra, no período de entressafra agrícola, ocupa a mão-de-obra sazonalmente disponível, garante uma renda adicional e custeia a produção de subsistência. A estrutura de comercialização, de forma suficientemente pulverizada, aglutina a produção agrícola e extrativa e as transfere para a esfera da circulação. A substituição da quebra manual pela quebra mecânica, iniciada na segunda metade da década 1970/80, ainda não alterou o quadro geral da tecnologia rudimentar. Consideram-se essenciais e sugerem-se mudanças de ordem estrutural, institucional e política para que os produtores possam se beneficiar dos efeitos do processo de modernização e industrialização e para garantir a preservação dos babaçuais, ameaçados de extinção. A crise energética mundial desencadeada pelo petróleo nos meados de 70 gerou preocupações politicas e econômicas, provocando a busca de novas alternativas. Projetos de aproveitamento integral do coco babaçu, anteriormente postos de lado, foram viabilizados politica e economicamente. O surgimento de unidades de aproveitamento integral deste coco iria, pois, provocar profundas alterações econômicas e sociais nas suas unidades produtoras e na estrutura de comercialização. Enquanto a indústria tradicional compra a amêndoa, a indústria moderna tem como matéria-prima principal o coco inteiro, simplificando, portanto, o processo de trabalho. Enquanto substitui a quebra e extração da amêndoa pela simples coleta do coco. Embora este processo tenha sido introduzido na área do estudo, por volta de 1979, atualmente é quase inexistente. Só alguns proprietários, interferindo no processo produtivo, vendem a sua produção de coco para a indústria de aproveitamento integral. (A única unidade em funcionamento está sediada em bacabal, Companhia Industrial Técnica – CIT). Os proprietários não foram suficientemente motivados para substituir o processo tradicional pelo processo de venda do coco inteiro. O preço do coco inteiro oferecido pelas indústrias não foram suficientes para substituir as perdas resultantes do arrendamento dos babaçuais para a quebra e extração da amêndoa e pelos ganhos auferidos na cobrança da renda da terra e na comercialização dos outros produtos efetuadas pelo quitandeiro. Além do mais, a ausência da amêndoa na circulação de mercadorias, inviabiliza a presença de muitas unidades comerciais e aumenta os custos do preposto do proprietário para a cobrança e recebimento da renda fundiária. Apesar da importância das decisões a nível das unidades produtivas, dos grandes proprietários, dos comerciantes e das industrias tradicionais é fundamental a determinação do mercado internacional. Sendo região pobre, de estrutura fundiária estável e de nível tecnológico rudimentar, a produção de alimentos acontece normalmente no sistema de consórcio. No sistema de produção de consórcio ou roça, os produtos (arroz, milho ou feijão e mandioca) são plantados conjuntamente, numa área comum, na maioria das vezes por produtores sem terra, com tecnologia tradicional e sem qualquer mecanização. Isto também se liga à pecuária extensiva, porque a área explorada, assim que efetuada a colheita, transforma-se em capoeiras para a pastagem dos animais. Na policultura, o arroz constitui o produto mais voltado para o mercado e é utilizado pelo pequeno produtor para pagar o arrendamento da terra. Normalmente o arrendamento da terra é negociado em termos de certa quantidade de arroz por linha de roça. A mandioca, com a maturação mais longa que o milho, o feijão e o arroz, tende a diminuir no consórcio, por exigência dos proprietários pecuaristas. O pecuarista exige, na negociação do consorcio, que a mandioca não seja plantada, para que assim a “soca” (resto da lavoura) sirva alimento ao gado ou para que seja plantado o capim. A palmeira do babaçu assume grande importância na região e permeia toda a produção agropecuária. A exploração do seu coco contribui significativamente na geração de renda e emprego, principalmente no período de entressafra.