Summary: | MOURÃO, Daniele Ellery. África “na pasajen” identidades e nacionalidades guineenses e cabo-verdianas. 2006. 163f. Dissertação (Mestrado em Sociologia) – Universidade Federal do Ceará, Departamento de Ciências Sociais, Programa de Pós-Graduação em Sociologia, Fortaleza-CE, 2006. === Submitted by Liliane oliveira (morena.liliane@hotmail.com) on 2011-11-22T12:45:41Z
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Previous issue date: 2006 === The goal of this work is to comment the concepts of identity and nationality as they have been formulated by guineans and cape verdians professionals taking part at PEC-G e PEC-PG programs in Brazil. From a theoretical point of view, focus has been given to the identity concept formulated by Manuela Carneiro da Cunha, as a strategy of difference, from relational and situational perspectives, as well as of manipulation of its own differences. In terms of nationality, the concept of nation is considered as not restricted to territory, language, religion or race, even if all these reference points contribute in building a national identity. Quoting Benedict Anderson, nationality is the feeling of belonging to a certain nation, trough shared customs, values, beliefs and daily practices with the collectivity. By interviewing guineans and cape verdians professionals trained in Brazil, distinctive processes of renewed significations of cultural (ethnic) and national identities have been identified in both African countries, allowing them different approaches in entering the “democratic model” of nation-state. Guinea and Cape Verde are very close to each other geographically speaking, and share a history of political struggle. But the two countries were subjected to different models of colonization, which promoted the building of distinct national identities. The colonizer established many distinctions between guineans “natives” and “colonized” cape verdians. It produced several conflicts between them, to be ended only during the independency process from Portugal, when a bi-national state was formed embracing both countries. For some time, they shared the same party and national anthem. To favour the union, guineans and cape verdians manipulated their own national identities to reduce their differences in race, religion, cultural tradition, values and beliefs. But differences and disagreements would prevail to this union, with conflicts between the ruling classes finally separating the two countries. This work emphasizes the deconstruction of the notion of the African continent considered as a homogeneous whole. It questions the concepts of nation and nationality presented by the West, revealing political and economical intentions underneath these ideas, showing that they are socially built by certain groups with strategic interests in the matter. Finally, within the case under study, it shows how the educational system played a crucial role in disseminating western values linked to the modern concept of nation in European colonies. === O objetivo desta dissertação foi realizar uma reflexão sobre os conceitos de identidades e nacionalidades a partir das concepções formuladas por quadros profissionais guineenses e cabo-verdianos, formados no Brasil pelos programas PEC-G e PEC-PG . Do ponto de vista teórico privilegiou-se o conceito de identidade formulado por Manuela Carneiro da Cunha, como uma estratégia de diferença, numa perspectiva relacional, situacional e de manipulação das próprias diferenças. No que se refere às nacionalidades, tomo o conceito de nação como não restrita a território, língua, religião ou raça, embora todos esses referenciais sejam considerados construtores de identidades nacionais. Como referido por Benedict Anderson, a nacionalidade é o sentimento que os indivíduos têm de pertencer a uma determinada nação, por meio de costumes, valores, crenças e práticas cotidianas partilhadas coletivamente. Por meio das entrevistas realizadas com os quadros profissionais guineenses e cabo-verdianos formados no Brasil foram constatados distintos processos de ressignificação de identidade cultural (étnica) e nacional, em ambos os países, possibilitando a eles adoção de diferentes estratégias de inserção no “modelo democrático” de Estado-nação. Guiné-Bissau e Cabo Verde são muito próximos geograficamente e têm histórias de lutas políticas comuns. Mas a forma de ocupação colonial nos países foi diferente uma da outra, o que permitiu a construção de distintas identidades nacionais. O colonizador estabeleceu muitas distinções entre guineenses, “indígenas”, e cabo-verdianos, “assimilados” pela coroa. Isso gerou diversos conflitos entre eles, que seriam apaziguados apenas durante o processo de independência. Para tornarem-se independentes de Portugal, idealizaram a constituição de um estado bi-nacional englobando os dois países. Por algum tempo, tiveram o mesmo partido e hino nacional. A favor da união, guineenses e cabo-verdianos, manipularam suas identidades amenizando diferenças entre etnias, religiões, tradições culturais, valores e crenças diversas. Mas as divergências e distinções entre eles prevaleceriam à união, separando definitivamente os países, por meio de conflitos entre suas elites no poder. O trabalho reforça a desconstrução de uma idéia do continente africano como um todo homogêneo. Desnaturaliza a idéia de nação e nacionalidade posta pelo ocidente, revelando as intenções políticas e econômicas subjacentes a essa idéia, mostrando que são construídas socialmente por determinados grupos com interesses estratégicos. E, no caso estudado, mostra como o sistema educacional foi fundamental para disseminar os valores ocidentais associados à idéia de nação moderna nas colônias européias.
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