Summary: | O felino Puma concolor, também conhecido por puma entre tantos outros nomes, é uma espécie de ampla distribuição no continente americano e está entre as 10 espécies de felídeos existentes na região Neotropical. Sua ampla distribuição e a história geológica das diferentes regiões ocupadas pela espécie ao longo de sua evolução agem diretamente na sua história evolutiva e demográfica. E muito do que aconteceu com a espécie, como expansões ou drásticas reduções demográficas, isolamento geográfico, intensidade de fluxo entre populações e outras informações como índices de variabilidade genética podem ser identificados pelo uso dos diferentes recursos disponibilizados pela genética molecular. A América do Sul possui uma grande diversidade de espécies e uma alta variabilidade genética intraespecífica para diversas espécies quando comparadas a populações das mesmas nas Américas do Norte e Central, como já identificado para a espécie em questão. Para conhecer um pouco mais sobre o puma, sua história evolutiva e sua dinâmica populacional no subcontinente sul-americano e identificar possíveis barreiras geográficas para a movimentação da espécie realizamos as análises em três fragmentos de DNA mitocondrial (ND5, ATP8 e Região Controladora) em 156 amostras de indivíduos distribuídos pela América do Sul adicionados de 30 amostras provenientes de indivíduos das Américas do Norte e Central. Constatamos que os pumas sul-americanos possuem uma grande variabilidade genética e uma complexa, mas recente história evolutiva. Os melhores resultados para análises de fluxo gênico foram encontrados quando amostras foram divididas em 7 grupos dentro de 3 grupos maiores, sendo 5 grupos num grupo maior sul-americano, um centro-americano sul e um centro norte e norte-americano, chegando a valores de st de 0,6729 (p= 0,000 + 0,000) para a amostragem total e de 0,3599 (p= 0,000 + 0,000) para os pumas sul-americanos. Entre os rios testados como barreiras, o rio Amazonas foi indicado como um importante limite para o fluxo gênico entre populações, já o rio Paraná não se mostrou uma barreira de alto impacto para os pumas. A variabilidade genética encontrada nos pumas da América do Sul nos indica um ancestral comum mais recente (MRCA) tendo existido entre 90 mil e 350 mil anos atrás. Já as análises demográficas nos mostram que houve uma expansão bastante recente, há aproximadamente 8.000 anos, após o término do último período glacial (110.000 – 10.000 anos atrás), que coincidiu também com o período posterior à extinção de diversos grupos de mamíferos (~12.000 anos atrás), entre eles alguns felídeos que habitavam as Américas, incluindo possivelmente os pumas que habitavam a América do Norte. === The felid Puma concolor, popularly known as puma, cougar and several other names, is a species with a broad geographical distribution within the American continent. It is one of the ten felid species that corrently occur in the Neotropical region. The broad distribution and the geological history of the different regions occupied by the species throughout its evolution have likely had a direct impact on its demographic history. Much of what has happened to the species, such as demographic expansions and reductions, geographic isolation, gene flow among populations, as well as other types of information about its populations, such as their current genetic variability, can be identified by the various approaches available in the field of molecular genetics. South America exhibits a remarkable diversity of living species, as well as high intraspecific genetic for several taxa, including the puma, To obtain more knowledge about the puma, its evolutionary history and its population dynamics in the South American subcontinent, and to identify possible geographical barriers affecting the species, we analyzed three mitochondrial DNA fragments (ND5, ATP8 and the control region) of 156 individuals sampled from throughout South America plus 30 individuals from North and Central America. It was found that South American pumas have high genetic variability and a complex, but recent, evolutionary history. The best results for the analysis of gene flow were found when the sample was divided into 7 groups contained in three major groups: 5 South American groups, one southern Central American group, and one northern Central American + North American group, reaching st values of 0.6729 (p=0.000 + 0.000) for the total sample and 0.3599 (p= 0.000 + 0.000) for South American pumas. Of the rivers tested as barriers, the Amazon was found to be an important historical barrier for the gene flow among populations. The genetic variability found in South American pumas indicates that their Most Recent Common Ancestor (MRCA) existed between 90 and 350 thousands years ago. Demographic analyses indicated that there was a recent demographic expansion approximately 8,000 years ago, after the end of the last glacial period (110,000 -10,000 years ago), a time which was immediately subsequent to the extinction of many mammalian groups (~12.000 years ago), such as additional felids that lived in the Americas, possibly including earlier populations of North American pumas.
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