Summary: | A produção das narrativas está intimamente ligada ao contexto histórico e cultural em que se insere. Ao refletirmos a respeito da história das ex-colônias portuguesas na África, organizadas em sociedades tribais, percebemos a importância do conto tradicional. Só muito recentemente se constituiu o termo literatura infantil africana, dessa forma, analisamos os contos infantis de Angola, Cabo Verde e Moçambique e, a partir desses, investigamos a compreensão do conto como função social nos países que procuravam formas de libertação. Na narrativa africana, muitas vezes, predomina a valorização da cultura tradicional, a presença acentuada do imaginário ancestral e principalmente do animismo das culturas africanas. Essas características singularizam a África no âmbito mundial tanto em termos de contextos socioculturais quanto da incompatibilidade entre a forma literária canônica e o conteúdo oriundo dessas culturas. Sendo assim, na África, surgiu um novo termo para conceituar a literatura que se faz naquele continente e que poderia adequar-se melhor à realidade daqueles países – o realismo animista. Esta dissertação pretende possibilitar o avanço nas reflexões sobre o realismo animista – termo utilizado por Pepetela (1989) e Garuba (2003), e sobre sua aplicabilidade nos contos chamados infantis de Angola, Moçambique e Cabo Verde. Nesse sentido, após realizarmos um estudo sobre o insólito na literatura e percebermos a especificidade da cultura mítica na África, propomos uma análise, segundo critérios da cosmogonia africana, dos contos selecionados dos livros: Histórias Portuguesas e Moçambicanas para as crianças, Histórias Portuguesas e Cabo-Verdianas para as crianças e Histórias Portuguesas e Angolanas para as crianças, publicados pelo instituto Piaget em 2004 e 2005. As narrativas foram compiladas por Fernando Vale, sendo a edição de Moçambique em co-autoria com Lourenço do Rosário. === The production of the narratives is closely linked to historical and cultural context in which it operates. When we reflect on the history of the former Portuguese colonies in Africa, organized in tribal societies, we realize the importance of the traditional tale. Only very recently was constitute the term African children's literature, therefore, we analyzed the child’s tales of Angola, Cape Verde and Mozambique, and from these, we investigated the understanding of the story as a social function in the countries that looking for to emancipation forms. In the African narrative often dominates the appreciation of traditional culture, the strong presence of the imaginary ancestor and especially the animism of African cultures. These features of Africa contrast in global both in terms of socio-cultural contexts as the incompatibility between the canonical literary form and content derived from these cultures. Thus, in Africa, was institute a new term for conceptualize the literature that has been done on the continent and it might be better suited to the reality of those countries - animist realism. This dissertation is intended to allow the advance in the reflections on the animist realism - a term used by Pepetela (1989) and Garuba (2003), and on its applicability in called children's stories of Angola, Mozambique and Cape Verde. In this sense, after a study of the uncanny in the literature and the specificity of the mystic culture in Africa, we propose an analysis according to criteria of cosmogony African tales selected books: Histórias Portuguesas e Moçambicanas para as crianças, Histórias Portuguesas e Cabo-Verdianas para as crianças e Histórias Portuguesas e Angolanas para as crianças published by the Institute Piaget in 2004 and 2005. The narratives was compiled by Fernando do Vale, and editing of Mozambique in co-authored with Lourenço do Rosário.
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