Summary: | De acordo com uma perspectiva sociocultural, é no contexto das conversações em que os pais relembram com a criança as suas experiências que esta aprende um modo de avaliar e de lidar com as experiências que envolvem emoções, e desenvolve uma compreensão de si mesma. O objetivo desse estudo foi investigar a influência da conversação familiar sobre experiências envolvendo emoções na maneira do pré-adolescente lidar com esse tipo de experiência. A amostra foi constituída por 189 famílias de classe média com um filho com idade de 10 a 13 anos. Foram realizados três estudos: o primeiro objetivou conhecer o espaço de conversação familiar e nele, o lugar das experiências envolvendo emoções; já o segundo e o terceiro estudos enfocaram a maneira do pré-adolescente lidar com experiências envolvendo emoções, cujo acesso se obteve por meio de narrativas ficcionais e de narrativas autobiográficas, respectivamente. Os resultados mostraram que a maioria dos pré-adolescentes costuma compartilhar suas experiências em casa com a família e que as emoções conduzem a esse tipo de conversação. Em comparação com os pré-adolescentes que não costumam conversar em casa sobre suas experiências, aqueles que têm esse costume desenvolveram mais as habilidades para lidar com situações que envolvem raiva, para selecionar experiências self-relevantes e as encaixar em uma linha de continuidade, e também apresentaram um maior conhecimento sobre o próprio self. Esses resultados indicam que a conversação familiar sobre experiências envolvendo emoções é um contexto que favorece o desenvolvimento de estratégias de regulação e da coerência na narrativa autobiográfica. Considerando que a narrativa autobiográfica reflete o grau de integração do self, pode-se dizer ainda que esse contexto forma uma base para o desenvolvimento da identidade que virá a seguir, na adolescência. === From a sociocultural perspective, it is through conversations in which parents reminisce their children‟s experiences that the latter learn how to evaluate and deal with their own emotional experiences and to better understand themselves. The objective of this study was to investigate the influence of family conversations on emotions, with a focus on the way preadolescents deal with this type of experience. The sample comprised 189 middle-class families with one son or daughter aged 10 to 13 years. Three investigations were conducted: 1) the first one aimed to describe the context of conversational interaction and the place occupied by emotions within such conversations; the second and third studies focused on the way preadolescents deal with emotional experiences, based on the analysis of fictional and autobiographical narratives, respectively. The results showed that most preadolescents share their experiences with their families and that emotions usually lead to this type of conversation. A comparison between preadolescents who did not talk about their experiences at home and those who did showed that the latter were more able to develop abilities to deal with situations involving anger and to select self-relevant experiences and fit them into a line of continuity; also, preadolescents who shared their emotional experiences presented an improved knowledge of their own selves. These results suggest that family conversation about emotional experiences promote the development of emotions regulation strategies and improve the coherence of autobiographical narratives. Moreover, if we take into consideration that autobiographical narratives provide information on the level of integrated self, it is possible to infer that family conversations about emotional experiences form the basis for identity development in the subsequent adolescence years.
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