Summary: | O destacado lugar ocupado pelo corpo hoje – jovem, belo/saudável, ativo, feliz –, associado ao fluxo de informações veiculadas na mídia, propondo-nos cuidados necessários, moveu-me a olhar quem, como e o que se fala, na mídia impressa, para as mulheres com mais de 50 anos. Examinei alguns enunciados presentes nos Cadernos Vida (Zero Hora) e Equilíbrio (Folha de São Paulo) no ano de 2009, procurando chamar a atenção para as ―verdades‖ veiculadas, verdades essas que podem atuar como elementos constitutivos das subjetividades dessas mulheres e de seus comportamentos em relação a si. A presente pesquisa inscreve-se no campo dos Estudos Culturais, em suas vertentes pós-estruturalistas. No primeiro momento, falo das experiências que me impulsionaram a um estudo relacionado ao corpo na mídia jornalística e apresento as ferramentas teórico-metodológicas usadas nessa trajetória. No segundo momento, percorro brevemente diferentes modos de nomear o período da vida dos sujeitos vistos como velhos e a velhice – velho, idoso, terceira idade –, procurando mostrar que tais classificações são produções/ construções históricas, existindo, portanto, múltiplas formas de envelhecer, conforme a sociedade e a época. No terceiro momento, ao analisar características atribuídas e ensinamentos relacionados aos cuidados com o corpo das mulheres a partir dos 50 anos e em algumas situações relacionadas à menopausa, discuto como o corpo dessas mulheres vem sendo representado e posto em circulação nos Cadernos dos jornais mencionados acima. No quarto momento, analiso nesses Cadernos os discursos ―verdadeiros‖ direcionados à medicalização dos corpos, discursos que engendram práticas promotoras da pretensa vida saudável – hábitos alimentares, exercícios físicos, suplementos de reposição orgânica/metabólica, relações sociais afetivas, etc. –, destacando-se o papel das práticas sociais na constituição do modo como pensamos e agimos em relação ao nosso corpo hoje. Por fim, retomo o percurso deste estudo, falo sobre o que a pesquisa me possibilitou, as questões que ficaram em aberto e a vontade de que tais aprendizagens criem condições para que minha prática docente seja constantemente problematizada. === The remarkable place occupied by the body nowadays – a young, beautiful/healthy, happy body – associated with the flow of information spread by the media proposing its appropriate care caused me to look at who has talked about, as well as how and what has been said to women over 50 in the written media. I examined some utterances shown in the newspaper supplements called Vida (Zero Hora) and Equilíbrio (Folha de São Paulo) along 2009, seeking to draw attention to the ―truths‖ spread therein. Those truths may act as constituent elements of both those women‘s subjectivities and their behaviors towards themselves. This research was grounded on the field of Cultural Studies, in their post-structuralist streams. Firstly, I approached the experiences that have driven me towards a study of the body as presented in newspapers and I pointed out the theoretical-methodological tools used in this trajectory. Secondly, I approached different ways of naming both the life period of subjects seen as old and old age – old, elderly, third age – in an attempt to show that such classifications are historical constructions/productions, so that there are several ways of getting old, according to society and time. Thirdly, by analyzing characteristics attributed and teachings related to body care among women over 50 and in some situations related to menopause, I discussed how those women‘s body has been represented and shown in the supplements above mentioned. Fourthly, I analyzed in those supplements the ―true‖ discourses directed to the body medicalization. These discourses engender practices that enhance a supposed healthy life – nutritional habits, physical exercises, supplementation for organic/metabolic reposition, affective and social relationships, etc. – emphasizing the role of social practices in the constitution of the ways we think and act in relation to our body nowadays. Finally, I resumed the trajectory of this study, approaching what the research has enabled, the issues that remain to be discussed and the will that such learning allow my teaching practice to be constantly problematized.
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