Summary: | Este estudo problematiza práticas culturais de tribos de jovens grafiteiros e pichadores em espaços urbanos de Porto Alegre – RS, entre os anos de 2008 e 2009. Tem como referencial teórico o campo dos Estudos Culturais, da Cultura Visual e busca ferramentas metodológicas da etnografia pós-moderna. O corpus da pesquisa foi construído a partir de fotografias, filmagens, diários de campo, entrevistas e conversas que possibilitaram a construção dos eixos analíticos. O primeiro eixo – Assinaturas rascunhadas num blackbook: esboçando modos de (vi)ver – destacou o uso de cadernos escolares, blocos de desenho e agendas para a realização de esboços iniciais, os quais atuam tanto como espaços para ‗treinamento‘ de letras utilizadas no graffiti como elemento de socialização para a participação em grupos afins. O segundo eixo – Linhas, curvas, cores, poesias e 'kaos': demarcando formas (dis)formes – priorizou as interações dos graffiti e das pichações nos espaços urbanos, atribuindo a tais práticas culturais a localização dos múltiplos interstícios presentes na metrópole. Ao demarcarem territórios, os grafiteiros e pichadores promovem outros mapeamentos urbanos em que o corpo orgânico dos jovens sujeitos e o corpo de concreto da cidade se fundem numa espécie de ‗pele urbana‘. O último movimento analítico – Na fluidez da contemporaneidade: a produção de outras pedagogias – inferiu que, se por um lado, os graffiti e as pichações produzem outras pedagogias que rompem com conceitos formais de educação, por outro, observa-se que suas presenças e usos em espaços institucionais (como escolas, museus e galerias de arte) apontam para uma ‗pedagogização‘ dessas práticas culturais. À guisa de conclusão, compreende-se que, a partir dessas práticas constituídas em meio a uma urbanidade contemporânea, grafiteiros e pichadores atuam em redes sociais móveis, plurais e abertas, reforçando suas condições de ser e estar jovem em contextos contemporâneos. A característica transgressora e ilegal de tais práticas culturais também permitiu uma aproximação às formas plurais de resistências que são manifestadas nos cotidianos juvenis urbanos. === This study discusses cultural practices of youth tribes of grafitters and street writers in urban areas of Porto Alegre – RS through the years of 2008 and 2009. The theoretical support of this thesis is found in the field of Cultural Studies and Visual Cultures. Methodologicaly it uses the theoretical contributions of Postmodern Ethnographic Studies.The empirical corpus of the research was built from photographs, films, field notes, interviews and conversations that enabled the construction of analytical categories related. The first main pivot – Subscriptions drafted at a blackbook: outlining ways of live/view – highlights the use of school notebooks, sketch pads and agendas for the completion of initial sketches, which can be taken both as spaces for 'training' letters used in graffiti and as element of socialization for participation in that kind of youth groups. The second main pivot - Lines, curves, colors, poetry and 'kaos': delimiting forms distorted – prioritizes the interactions of graffiti and street writings in urban spaces, assigning to such cultural practices the location of the multiple interstices present in the metropolis. To demarcate territories, graffiti artists and taggers promote other urban maps through which the organic body of the young subjects and the body of concrete of the city merge into a kind of 'urban skin'. The final analytic pivot – In the fluidity of contemporaneity: the production of other pedagogies – inferred that if, on one hand, the graffiti and the street writings produce other pedagogies that break with formal concepts of education, on the other hand, it is observed that their presences and practices in institutional spaces (such as schools, museums and art galleries) show a 'pedagogization' of these cultural practices. By way of conclusion it is understood that from such practices constituted in the midst of a contemporary urbanity, grafitters and street writers operate in mobile social networks, pluralist and open, strengthening their positions to be young in contemporary contexts. The illegal and transgressive characteristics of such cultural practices also allowed to approach to the plural forms of resistance that are expressed in the urban youth quotidian.
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