Summary: | A presente pesquisa tem como finalidade refletir sobre os conflitos territoriais travados nos espaços públicos contemporâneos a partir do conceito de «microterritorialidade», advindo da área de estudo da Geografia. Tal conceito tem sido empregado nos estudos sobre ações e comportamentos cotidianos de atores e grupos sociais que, com a intenção de se apropriar, dominar ou controlar pequenas porções do espaço urbano, questionam e desestabilizam a pretensa homogeneidade do espaço social preconizada pelos discursos hegemônicos que tentam tornar opacas as contradições da sociedade nos espaços públicos. Essas ações e comportamentos criam campos de tensões e contradições entre a ordem e o caos, a disciplina e a subversão, a mudança e a permanência. A presente pesquisa se propôs a explicitar e analisar o campo de tensão estabelecido entre as principais microterritorialidades exercidas no Brique da Redenção e seu entorno. Este espaço público está normalmente associado a ideias de diversidade e democracia, que se desdobram em narrativas de um espaço de convivência profunda e pacífica entre as diferenças. Entretanto, os conflitos territoriais neste espaço público são travados desde a sua constituição, há 40 anos, e seguem até os dias atuais, a partir da manutenção de pequenos territórios definidos não apenas por limites físicos, mas também – e principalmente – por limites simbólicos, que ora dominam, ora resistem, ora tensionam, ora são tensionados. A pesquisa desdobrou-se em quatro etapas e teve como foco de estudo três dos diversos grupos presentes nesse espaço: os Expositores do Brique da Redenção, os Expositores Indígenas e os Ambulantes. Somado a esses grupos também foram analisadas as significações produzidas pelos frequentadores do Brique da Redenção. Espera-se que a pesquisa possa contribuir com a construção teórica sobre «microterritorialidades», ao analisar a constituição e os esforços empregados para a manutenção desses pequenos territórios, bem como instigar reflexões sobre o caráter necessário dos conflitos na construção de espaços públicos ditos democráticos, como alternativa ao espaço público „ideal‟ como espaço pacificado. === This research aims to reflect about the territorial conflicts in contemporary public spaces from the concept of "microterritoriality", derived from the field of study of Geography. This concept has been used in the studies about actions and daily behaviors of actors and social groups that, with the intention of appropriating, dominating or controlling small portions of urban space, question and destabilize the assumed homogeneity of the social space advocated by the hegemonic discourses that try to blur the contradictions of society in public spaces. These actions and behaviors create fields of tensions and contradictions between order and chaos, discipline and subversion, change and permanence. The present research proposes to clarify and analyze the field of tension established between the main microterritorialities exercised in Brique da Redenção and its surroundings. This public space is usually associated with ideas of diversity and democracy, which unfold in narratives of a space of deep and peaceful coexistence between differences. However, territorial conflicts in this public space have been fought since its creation 40 years ago and continue to the present day, from the maintenance of small territories defined not only by physical limits but also - and especially - by symbolic ones, which sometimes dominate, sometimes resist, sometimes stress, sometimes are stressed. The research was carried out in four stages and focused on three of the different groups present in this space: the Exhibitors of Brique da Redenção, the Indigenous Exhibitors and the Street Vendors. Added to these groups were also analyzed the meanings produced by the visitors of the Brique da Redenção. It is expected that the research can contribute to the theoretical construction on "microterritoriality", when analyzing the constitution and the efforts employed for the maintenance of these small territories, as well as to instigate thoughts about the necessary character of the conflicts in the construction of public spaces called democratic, as an alternative to the 'ideal' public space as a pacified space.
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