Imaginários da vigilância : as imagens simbólicas no jornalismo de referência brasileiro

Nesta dissertação estudamos o Imaginário fenomenológico da vigilância a partir de matérias publicadas pelo jornalismo de referência brasileiro que abordam mecanismos de vigilância em suas narrativas, a fim de descobrir quais as motivações pulsionais que orientam essas práticas. Iniciamos a pesquisa...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Santos, Gabriel Róger Jacobsen
Other Authors: Barros, Ana Taís Martins Portanova
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2018
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/180997
Description
Summary:Nesta dissertação estudamos o Imaginário fenomenológico da vigilância a partir de matérias publicadas pelo jornalismo de referência brasileiro que abordam mecanismos de vigilância em suas narrativas, a fim de descobrir quais as motivações pulsionais que orientam essas práticas. Iniciamos a pesquisa tendo como pressuposto a ideia de que o jornalismo tem na vigilância um elemento fundamental de composição de seu Imaginário e que, portanto, oferece um ambiente privilegiado para buscar as simbolizações sobre os mecanismos de vigiar, podendo nos dar acesso ao Imaginário da vigilância e, indiretamente, ao Imaginário do próprio jornalismo. Buscamos, inicialmente, compreender qual o cenário estabelecido entre as comunicações em rede, as novas configurações da vigilância e as formas de estar-junto, apontando o encadeamento entre essas três condições que acabam por instaurar uma socialidade própria no contemporâneo. Consideramos primeiramente que a pulsão estética (de partilha), acompanhando Michel Maffesoli, é a principal norteadora do cimento social da atualidade, sendo uma forma de transfiguração da questão política. Consideramos também o trabalho de Byung-Chun Han para compreender a extensão e a força com que se consolidou o valor da transparência no contemporâneo. Consideramos ainda que tais comunicações em rede, motivadas pela pulsão de partilha e alimentadas pelo valor da transparência, estão intimamente relacionadas aos mecanismos de vigilância do contemporâneo, que atuam de forma sutil, eficiente, descentralizada e distribuída, conforme o trabalho de Fernanda Bruno. Classificamos os mecanismos de vigilância em três grandes regimes (panóptico, escópico e de rastreamento), de acordo com trabalho de Lucia Santaella. Atentamos para o regime mais recente da vigilância e de mais difícil delimitação, o de rastreamento, estudando especialmente sua manifestação na internet e sua configuração nas bolhas de filtros, com auxílio de Eli Pariser. A partir do estudo do social e da vigilância nele implicada, partimos para o detalhamento teórico do Imaginário e da maneira com que se formam as imagens simbólicas no trajeto antropológico, das pulsões às coerções. Isso é feito através do estudo das obras de Gilbert Durand, Mircea Eliade e Ana Taís Martins Portanova Barros, tendo como principal objetivo apresentar os regimes das imagens simbólicas descritos por Durand e como tais imagens se articulam entre o pulsional e o social. A teoria de Durand também nos serve de heurística para realizar a etapa analítica do trabalho, em que buscamos os símbolos universais descritos pelo autor, através de um procedimento chamado de leitura simbólica, dentro de nosso corpus – composto por 17 matérias publicadas na Folha de S.Paulo e no Estadão e que abordam diretamente mecanismos de vigilância panópticos, escópicos e de rastreamento. As leituras simbólicas, que são interpretações das matérias a partir dos grandes símbolos da humanidade, mostraram concentrações e repetições de imagens apenas do regime esquizomorfo, apresentando assim uma narrativa simbólica – paralela à narrativa textual – que dá a ver um cenário de guerra, medo, perigo, incerteza, alerta e queda. Na conclusão, realizamos, primeiramente, uma interpretação sobre a característica de equilibração e compensação do Imaginário para, a partir disso, compreender que essa reincidência de imagens semelhantes representa uma repressão de símbolos de outros regimes simbólicos, relegados no contemporâneo. Ao buscar a interpretação dos símbolos preponderantes em contato com o cenário teórico estabelecido sobre o social, percebemos que o investimento em uma hiper-transparência positiva, que visa a ignorar simbolizações “negativas” do ser, retorna como opacidade que se manifesta como violência e confusão. === In this dissertation we studied the surveillance´s phenomenological Imaginary based on reports published by reference journalism in Brazil that approach the mechanisms of surveillance in its narratives, in order to discover what pulsion motivations guide such practices. We started the research by having as assumption the idea that the journalism has in its surveillance a fundamental element of its Imaginary composition and therefore presents a privileged environment to search for symbolizations on mechanisms of surveillance, giving us access to the Imaginary of surveillance, and indirectly, to the Imaginary of journalism itself. At first, we looked for to understand what is the established scenario amongst network communications, new configurations of surveillance and be-together ways, pointing out the link amongst these three conditions that end up by establishing a particular sociality proper in contemporary. As a following step, taking the work of Michael Maffesoli as a referral, we considered the aesthetic pulsion (of sharing) is the main guide of the social cement in the present, being a form of political question transfiguration. We considered the work of Byung- Chun Han to learn the extent and force wherewith the value of transparency in contemporary has been consolidated, and we looked attentivaly at Fernanda Bruno´s work which say that such network communications, motivated by pulsion for sharing and fed by the value of transparency, are closely related to contemporary mechanisms of surveillance and operate in a subtle, efficient, decentralized and distributed way. We also classified the mechanisms of surveillance into three major regimes (panoptic, scoptic and tracking), according to Lucia Santaella´s work, and aided by Eli Pariser thoughts, we paid attention to the most recent (and more difficult to delimit) regime of surveillance of tracking, carefully studying its manifestation in the internet and its configuration in filters’ bubbles. Based on the study of the social and the surveillance implied in it, we proceeded to the theoretical detailing of the Imaginary and the way wherewith symbolic images are formed on the anthropological path, from pulsions to coercions. That was done by studying the works of Gilbert Durand, Mircea Eliade and Ana Taís Martins Portanova Barros, having as the main goal to present the regimes of the symbolic images described by Durand and how such images articulated itself between the pulsion and the social. Durand's theory also serves us as a heuristic to perform the analytical stage of the work, wherewith we looked for the universal symbols described by the author through a procedure called “symbolic reading” in the corpus – composed by 17 articles were published in Folha de São Paulo and O Estado de São Paulo, that approach in a direct way the mechanisms of surveillance: panoptics, scoptics and tracking. The symbolic readings, understood as interpretations of such articles from the great symbols of humanity, showed concentrations and repetitions of images only in the schizomorphic regime, thus presenting a symbolic narrative - parallel to the textual narrative, that makes it possible to see a scenario of war, fear, danger, uncertainty, attention and fall. In conclusion of this dissertation, we performed an interpretation on the characteristic of equilibration and compensation of the Imaginary in order to understand from this that this recidivism of similar images represents a repression of symbols of other symbolic regimes, relegated in contemporary. By seeking interpretation of preponderant symbols in contact with the established theoretical scenario on the social, we perceived that the investment in a positive hyper-transparency, which aims to ignore "negative" symbolizations of being, returns as opacity that manifests itself as violence and confusion.