Summary: | Esta pesquisa se propõe a analisar o contexto da juventude infratora na contemporaneidade, especialmente a brasileira e as possibilidades de intervenção e produção de utopias, buscando despertar para a necessidade de uma maior implicação política dos poderes públicos, saberes técnicos e demais setores da sociedade no combate à violência com que somos todos cotidianamente confrontados. Direcionada pela obra do filósofo alemão Ernst Bloch, tomo o conceito de utopia como vontade de criação de diferença, de negação e questionamento daquilo que se toma como natural. Assim, recusamos a idéia de que a infração juvenil seja um desvio de âmbito meramente individual ou pertencente às classificações de distúrbios de personalidade. Entendemos tal forma de violência como um fenômeno social historicamente produzido. A análise sobre os elementos político-sociais que compõem tal quadro, assim como sobre os saberes e as práticas profissionais dirigidos aos jovens ditos delinqüentes será orientada por conceitos de autores como Foucault, Deleuze, Guattari, entre outros. Pretende-se também refletir sobre como o referencial psicanalítico a partir da obra de Freud e leituras atuais pode se aliar ao ideal utópico de esburacamento do instituído e propor novos olhares e lugares de escuta para os conflitos e as potências da juventude. O projeto de extensão universitária "Abrindo Caminhos", realizado na Procuradoria da República do RS, será o campo de pesquisa para analisar como se dão os encontros entre os saberes técnicos institídos e os jovens em conflito com a lei e quais são os tensionamentos surgidos a partir daí em todos os envolvidos no projeto. Junto a esta exposição, apresentaremos outro projeto que se encontra com o Abrindo Caminhos e compõe mais um território utópico. Nos dois casos, é feita a tentativa de uma costura com a reflexão psicanalítica na aposta de que esta possa entrar como catalisadora de utopias, ou seja, como potencializadora de movimentos que escapem à lógica dominante de produção de verdades e modos de subjetivação e abra caminhos para novos possíveis, tanto para os jovens como para as práticas profissionais envolvidas com a questão da violência. === This research aims at analyzing the contemporary context of the delinquent youth, specially the Brazilian youth, and the possibilities of intervention and creation of utopias, aiming at awakening people for the need of a greater political involvement of public authorities, technical knowledge and other sectors of the society when fighting against the violence that we are exposed daily. Based on the work of the German philosopher, Ernst Bloch, the concept of utopia is used as a desire to create difference, denial and questioning of what is understood as natural. Thus, it is refused the idea that the juvenile delinquency is an individual bypass or that it belongs to the different personality disorders. This form of violence is understood as a social phenomenon historically built. The analysis of political and social elements that build this picture, as well as the analysis of the knowledge and professional practices given to those delinquent youngsters is oriented by the concepts of the following authors, such as Foucault, Deleuze, Guattari and others. It is also intended to think on how the psychoanalytic referential, from the work of Freud and current readings, can be combined with the utopian idea of "esburacamento do instituído" and can propose new views and places of listening for youth conflicts and power. The university extension project "Abrindo Caminhos" (Opening Paths), held in the Rio Grande do Sul Attorney's Office, will be the subject of research to analyze the connection between technical knowledge and young people in conflict with the law, and then, the results that emerge from it with all the people involved in the project. Another project, from "Abrindo Caminhos", will be presented in this work, and it is considered another utopian subject. In both cases the attempt of a connection with the psychoanalytic thought is done, aiming to make this become the catalyst of utopias, which means that it can power the movements that escape from the dominant logic of production of truths and modes of subjectification, and that it can open ways of new possibilities, both for young people and professional practices involved with this violence issue.
|