A constituição da demanda para a neurologia nas vozes das ensinantes
Esta pesquisa buscou investigar como se constitui a demanda para a Neurologia a partir dos professores no contexto da Educação Básica. Os referenciais teóricos foram construídos a partir de dois eixos: um olhar crítico para o campo da neuroeducação e seu crescimento a partir dos anos 1990; propõe-se...
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2018
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ndltd-IBICT-oai-www.lume.ufrgs.br-10183-1743522019-01-22T02:09:25Z A constituição da demanda para a neurologia nas vozes das ensinantes Arantes, Ricardo Lugon Freitas, Claudia Rodrigues de Inclusão escolar Neurologia Medicalization Neurology referrals School Inclusion Pathologization Neurocolonization School unfitters Esta pesquisa buscou investigar como se constitui a demanda para a Neurologia a partir dos professores no contexto da Educação Básica. Os referenciais teóricos foram construídos a partir de dois eixos: um olhar crítico para o campo da neuroeducação e seu crescimento a partir dos anos 1990; propõe-se o termo neurocolonização, onde os saberes das neurociências seriam imprescindíveis para a Educação. O outro eixo envolveu o debate sobre os processos de medicalização, formulados a partir de uma leitura panorâmica e de uma revisão de duas genealogias – a de Michel Foucault (2010) e a de Jurandir Freire Costa (1979). A discussão teórica também incluiu um olhar para a interface Psiquiatria-Educação e para a fronteira-território que se constitui entre Psiquiatria e Neurologia. Realizou-se um levantamento dos encaminhamentos feitos à Neurologia na cidade de Novo Hamburgo/RS no segundo semestre de 2015. Junto às cartas de referência analisadas neste levantamento foram encontrados seis documentos assinados por professores. Cinco das seis professoras signatárias destes documentos foram entrevistadas, tematizando a construção de si e os percursos profissionais; os encontros com os trabalhadores de saúde; as hipóteses e expectativas em torno do caso da criança que decidiram solicitar encaminhamento, e como percebem a influência das neurociências sobre o seu trabalho. A análise dos encaminhamentos aponta para uma frequência de situações relacionadas ao campo da Educação superior aos casos de cefaleia e epilepsia/convulsões As entrevistas oferecem indícios da constituição da demanda para a Neurologia apoiada em diferentes elementos: a) o recurso ao saber especialista, demarcado especificamente no dispositivo ‘consulta’; b) o deslizamento dos discursos das neurociências-pesquisa – que se remetem a uma criança qualquer - em direção ao que se constrói na prática clínica e também na prática pedagógica, uma relação entre sujeitos reais; c) a não-aderência a um sistema diagnóstico ou a um campo de problemas, podendo-se falar de crianças e adolescentes descabentes, que povoam as margens das classificações diagnósticas e alimentam um circuito tautológico entre Saúde e Educação; d) hipóteses formuladas pelos professores centradas no modo da família criar sua prole e na expectativa de que o neurologista interfira nestas relações, numa tentativa de normatizar ou padronizar as condutas entre família e escola; e) pouca ênfase à importância dos saberes das neurociências ou dos exames complementares para a tomada de decisão nestes encaminhamentos. Por outro lado, práticas desmedicalizantes também foram reconhecidas a partir da sensibilidade do olhar das ensinantes, ressignificando as diferenças e desarmando os automatismos patologizantes 2018-04-04T02:25:46Z 2017 info:eu-repo/semantics/publishedVersion info:eu-repo/semantics/masterThesis http://hdl.handle.net/10183/174352 001062109 por info:eu-repo/semantics/openAccess application/pdf reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS instname:Universidade Federal do Rio Grande do Sul instacron:UFRGS |
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Esta pesquisa buscou investigar como se constitui a demanda para a Neurologia a partir dos professores no contexto da Educação Básica. Os referenciais teóricos foram construídos a partir de dois eixos: um olhar crítico para o campo da neuroeducação e seu crescimento a partir dos anos 1990; propõe-se o termo neurocolonização, onde os saberes das neurociências seriam imprescindíveis para a Educação. O outro eixo envolveu o debate sobre os processos de medicalização, formulados a partir de uma leitura panorâmica e de uma revisão de duas genealogias – a de Michel Foucault (2010) e a de Jurandir Freire Costa (1979). A discussão teórica também incluiu um olhar para a interface Psiquiatria-Educação e para a fronteira-território que se constitui entre Psiquiatria e Neurologia. Realizou-se um levantamento dos encaminhamentos feitos à Neurologia na cidade de Novo Hamburgo/RS no segundo semestre de 2015. Junto às cartas de referência analisadas neste levantamento foram encontrados seis documentos assinados por professores. Cinco das seis professoras signatárias destes documentos foram entrevistadas, tematizando a construção de si e os percursos profissionais; os encontros com os trabalhadores de saúde; as hipóteses e expectativas em torno do caso da criança que decidiram solicitar encaminhamento, e como percebem a influência das neurociências sobre o seu trabalho. A análise dos encaminhamentos aponta para uma frequência de situações relacionadas ao campo da Educação superior aos casos de cefaleia e epilepsia/convulsões As entrevistas oferecem indícios da constituição da demanda para a Neurologia apoiada em diferentes elementos: a) o recurso ao saber especialista, demarcado especificamente no dispositivo ‘consulta’; b) o deslizamento dos discursos das neurociências-pesquisa – que se remetem a uma criança qualquer - em direção ao que se constrói na prática clínica e também na prática pedagógica, uma relação entre sujeitos reais; c) a não-aderência a um sistema diagnóstico ou a um campo de problemas, podendo-se falar de crianças e adolescentes descabentes, que povoam as margens das classificações diagnósticas e alimentam um circuito tautológico entre Saúde e Educação; d) hipóteses formuladas pelos professores centradas no modo da família criar sua prole e na expectativa de que o neurologista interfira nestas relações, numa tentativa de normatizar ou padronizar as condutas entre família e escola; e) pouca ênfase à importância dos saberes das neurociências ou dos exames complementares para a tomada de decisão nestes encaminhamentos. Por outro lado, práticas desmedicalizantes também foram reconhecidas a partir da sensibilidade do olhar das ensinantes, ressignificando as diferenças e desarmando os automatismos patologizantes |
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