Summary: | Esta dissertação de mestrado apresenta um estudo de caso realizado em uma Escola de Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de Porto Alegre, com a oitava série do turno da manhã, composta por 30 alunos oriundos de diferentes bairros da capital gaúcha. A professora titular de ciências e mestranda do PPG Ensino de Ciências: Química da vida e Saúde, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, desenvolveu a pesquisa durante todo o ano letivo de 2007, nas três horas aulas semanais na disciplina de ciências físicas e biológicas pelo qual é responsável. O material para a análise foi obtido durante o planejamento e o desenvolvimento de uma proposta pedagógica alternativa a tradicionalmente utilizada nas escolas públicas, com pressupostos construtivistas, a partir da estruturação de um projeto curricular construído enquanto processo, em conjunto por alunos e professora, onde a organização de estratégias metodológicas almejando a ação e interação dos sujeitos envolvidos permitiu repensar os papéis dos alunos e da professora nos processos de ensino e aprendizagem e a reconstrução de valores coletivos e individuais. Cinco unidades temáticas de estudo resultaram de diferentes atividades alicerçadas por temas de interesse escolhidos pelos alunos: esporte, corpo humano e doenças, de forma integrada a conteúdos e conceitos específicos fundamentais indicados pela professora, e que permitiram o questionamento e discussão dos aspectos abordados para além do senso comum, dando sustentação científica para as explicações de situações que fazem parte do cotidiano dos alunos. A necessidade de agir, expondo idéias, criando hipóteses, cooperando com o grupo, participando das discussões, respeitando diferentes pontos de vista, comparando resultados alcançados, entre outras atitudes incentivadas para a realização das atividades utilizadas, inicialmente gerou um desequilíbrio no grupo, que precisou de tempo e diálogo para compreender a importância do que estava sendo proposto enquanto possibilidade de desenvolver habilidades como a reflexão e a criticidade, e construir conhecimento. Além disso, a adaptação à proposta proporcionou mudanças significativas no comportamento do grupo, que passou a encontrar nas aulas de ciências um espaço para aprender a construir relações de respeito e compromisso com os outros e consigo mesmos. A reconstrução do papel de professora foi fundamental para a organização e implementação da proposta pedagógica, na medida em que as exigências vinculadas à um fazer diferente, requeriam uma professora-pesquisadora, capaz de refletir criticamente a respeito de suas ações e das ações de seus alunos, analisando o melhor caminho a ser seguido para aquele contexto específico. Essa nova forma de viver a docência permitiu à professora reconhecer a sala de aula como um ambiente para a pesquisa e para a construção de conhecimento, na interlocução entre teoria e prática, onde professor aprende continuamente ao criar condições para que seus alunos aprendam.
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