Summary: | Esta dissertação apresenta uma pesquisa etnográfica sobre trajetórias e usos de crack desenvolvida no contexto de bairros populares do município de São Leopoldo-RS. Para a coleta dos dados foram privilegiadas a observação participante em atividades de "redução de danos" do uso de drogas e entrevistas semiestruturadas com pessoas usuárias de crack. Buscou-se compreender como o uso do crack se insere nos cotidianos e trajetórias dos usuários e assim, como são constituídas as trajetórias de uso e suas descontinuidades. A vulnerabilidade coloca-se como questão central na análise, observada tanto no contexto da inserção do uso de crack, quanto nas implicações do uso na vida dos usuários. Destas, destacam-se as vulnerabilidades produzidas em relação à saúde, aos vínculos familiares e às condições de trabalho. De modo geral, os entrevistados associaram a constituição dessas vulnerabilidades com os riscos que percebem no uso do crack. As descontinuidades das trajetórias de uso, sejam com o abandono das práticas, sejam com a mudança destas, situam diferentes formas de lidar com os riscos percebidos e a construção de diferentes alternativas para isso. === This dissertation presents an ethnographic research on trajectories and uses of crack, developed in the context of popular neighborhoods in the city of Sao Leopoldo-RS. For the collect of data, it was privileged the participant observation in activities of "damage reduction" in the use of drugs, and semi-structured interviews with people who are crack users. Understanding how the use of crack is inserted in the daily routines and trajectories of users was focused on the present work, and, this way, how the trajectories of use and their abstinence periods are constituted. The vulnerability is set as the main aim in the analysis, observed in the context of insertion of the use of crack as well as in the implications of its use in the lives of the users. From these, it is possible to highlight the vulnerabilities related to health, family ties and conditions of work. On a whole, the interviewed people associated the constitutions of these vulnerabilities to the risks which they realize with the use of crack. The periods of abstinence in the trajectories of use, either being uninterrupted or changeable, promote different approaches on dealing with the risks perceived, and the proposal of different alternatives are considered.
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