Summary: | Este trabalho se inscreve no campo dos estudos sobre sexualidade e práticas reprodutivas e contraceptivas, no contexto do Município de Porto Alegre onde muito recentemente passou a ser disponibilizado, na rede pública de saúde, um novo método contraceptivo, o implante subcutâneo Implanon. Partindo de um caso específico de implementação de uma ação governamental na área de saúde reprodutiva, este estudo tem como objetivo compreender, a partir de uma perspectiva antropológica, os significados da prática contraceptiva de implantes subcutâneos para as jovens residentes na região geográfica da cidade, a Restinga e seu entorno, que foi alvo privilegiado desta intervenção pública. Como pano de fundo descreve-se e apresenta-se o processo de idealização, implementação e debate em torno desta política de saúde, assim como o conjunto de atores e agencia que participaram do mesmo. Com a finalidade de conhecer o universo cultural das mulheres que optaram pela tecnologia contraceptiva oferecida pela política municipal, analisam-se as práticas sexuais, reprodutivas e contraceptivas das mulheres entrevistadas, evidenciando algumas categorias e valores imputados a estas práticas e experiências. Discutem-se, a partir do contexto específico pesquisado, os significados e o universo de relações onde se dá a prática contraceptiva de implantes subcutâneos. Enfatiza-se, nesta parte final, como é que tal prática contraceptiva se conecta com as relações afetivo-sexuais, contraceptivas e reprodutivas. A partir desta contextualização foi possível perceber que os eventos envolvidos no processo de gestar e evitar gravidez pode significar e gerar diferentes consequências para os sujeitos neles envolvidos. Igualmente, a abordagem centrada nas especificidades do grupo social "alvo" da ação governamental, evidenciou as diferentes perspectivas e apropriações desta política municipal. === Situated within the field of studies on sexuality and reproductive and contraceptive practices, this study takes as its context the municipality of Porto Alegre, where a new contraceptive method - the subcutaneous implant, Implanon - was recently made available through the public health system. Departing from a specific case of the implementation of a governmental action in reproductive health, the objective of this study is to understand, from an anthropological perspective, what the contraceptive implants mean for young female residents of a particular area of the city - Restinga and its surroundings - that was a target of this public intervention. As background, the process of the health policy's formulation and implementation, and the subsequent debates regarding it, is described, and the collection of participating actors and agencies is presented. With the aim of becoming familiar with the cultural universe of the women who opted for the contraceptive technology proffered by the municipal policy, the sexual, reproductive, and contraceptive practices of interviewed women are analyzed; these data bring to light some of the categories and values ascribed to aforesaid practices and experiences. The meanings and the universe of relationships in which the contraceptive practice of the implants takes place is discussed with specific reference to the research context. The last section emphasizes how such contraceptive practices connect with affective-sexual, contraceptive and reproductive relationships. Through contextualization, it is possible to perceive that the process of both becoming pregnant and avoiding becoming pregnant can mean different things and generate diverse consequences for the subjects involved. Likewise, an approach focused on the specificities of the target population of this governmental action makes plain the different perspectives on and appropriations of municipal policy.
|