Summary: | A ordem Chiroptera é o segundo grupo com maior diversidade de espécies entre os mamíferos. O estado do Rio Grande do Sul possui uma significativa riqueza de morcegos, com 40 espécies registradas. Algumas espécies de quirópteros encontraram condições favoráveis para se estabelecerem nos centros urbanos devido à disponibilidade de abrigos e alimento. Dentre estas espécies podemos destacar Tadarida brasiliensis, um molossídeo insetívoro que é a espécie de morcego mais abundante encontrada na região metropolitana de Porto Alegre. Algumas áreas no campo da quiropterologia carecem de mais estudos, dentre as quais podemos destacar o campo da helmintofauna. Conhecer a biodiversidade de helmintos é necessário porque as espécies deste grupo desempenham um papel importante nos ecossistemas e ao interagir com seus hospedeiros, por exemplo, podem alterar seus comportamentos, regular suas populações e influenciar padrões de dispersão. Com o intuito de analisar a fauna de helmintos de Tadarida brasiliensis foram coletados 63 espécimes no município de Montenegro/RS. Estes morcegos foram necropsiados e analisados no Laboratório de Helmintologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi coletado um total de 451 endoparasitos, com intensidade média de infecção de 10,25 espécimes/hospedeiro. A riqueza da helmintofauna de Tadarida brasiliensis foi de oito espécies, sendo seis digenéticos (Urotrema scabridum; Limatulum oklahomense; Postorchigenes paraguayensis; Parabascus limatulus; Ochoterenatrema sp. e uma espécie não identificada da superfamília Microphalloidea), um cestoide (Vampirolepis decipiens) e um nematoide (Tadaridanema delicatus). Duas destas espécies foram consideradas dominantes, quatro codominantes e duas subordinadas. Do total de helmintos coletados 60,97% estavam parasitando os morcegos fêmeas. Apesar disso, constatou-se que a riqueza e abundância de espécies de helmintos não sofreu influência das variáveis sexo e maturidade dos hospedeiros. Vampirolepis decipiens foi o helminto que teve maior prevalência, intensidade e abundância média de infecção. Nenhuma das espécies encontradas parasitando Tadarida brasiliensis foi relatada na literatura utilizando humanos como hospedeiros definitivos. Ao que tudo indica estas espécies de parasitos são exclusivas de quirópteros e provavelmente não causariam nenhum dano à saúde pública.
|