Política na rua : modos de subjetivação e resistência nos movimentos de ocupação dos espaços públicos

Este estudo tem como tema os movimentos sociais contemporâneos, em especial aqueles que utilizam a ocupação dos espaços públicos como estratégia de resistência. A partir de 2011, novas formas de insurgência tomaram as ruas em diferentes países e continentes. Guardadas as diferenças locais que marcar...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Tietboehl, Lúcia Karam
Other Authors: Tittoni, Jaqueline
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/148292
Description
Summary:Este estudo tem como tema os movimentos sociais contemporâneos, em especial aqueles que utilizam a ocupação dos espaços públicos como estratégia de resistência. A partir de 2011, novas formas de insurgência tomaram as ruas em diferentes países e continentes. Guardadas as diferenças locais que marcaram estes encontros populares, tem-se a estratégia de ocupação do espaço público como linha que transversaliza essas expressões. A ocupação, nestes moldes, toma visibilidade e importância diferenciadas, configurando-se como uma expressão própria deste tempo. No acompanhamento de coletivos que se organizam pela ocupação do espaço público na cidade de Porto Alegre, foram mapeados as formas de subjetivação que estão envolvidas nesta nova modalidade de articulação política. Ao perguntar-me se este é um modo de resistência às formas subjetivantes hegemônicas, atento para as práticas que dão um caráter singular a estes fenômenos urbanos, analisando quais potências de invenção estão em jogo nestes processos. A noção de “ética do cuidado de si”, proposta por Michel Foucault, é um interessante articulador do pensamento para pensar sobre estas possibilidades éticas e políticas. No campo dos movimentos sociais e da atitude crítica coletiva torna-se pertinente a problematização do poder e da liberdade, temas sobre os quais Foucault também olha de maneira muito especial. Tomo como ponto de partida uma contextualização dos movimentos de ocupação dos espaços públicos e suas condições de possibilidade, em âmbito internacional e na cidade de Porto Alegre, para apresentar as duas linhas que, ao enredarem-se, compõem os modos de politizar-se que pretendo colocar em análise: a linha da ocupação do público e os modos de ocupação de si. A experiência de pesquisar se deu a partir do lugar de militante e, a partir dela, foram mapeados alguns efeitos destes novos encontros, na cidade e para os sujeitos que ocupam, atentando para as possibilidades de constituir uma militância ligada a modos de fazer éticos. === The present study is about the contemporary social movements; mainly, the ones that take the occupation of public spaces as a strategy of resistance. Since 2011, new ways of insurgency have taken the streets in different countries and continents. Taking apart the local differences, a typical characteristic of these popular meetings, the occupation of public spaces arises as a tendency that cuts across these expressions. The occupation, by these means, takes different visibility and importance, becoming a singular expression of our period. Following the works of collectives that support the idea of the occupation of public spaces in the city of Porto Alegre, were established the ways of subjectification related to this new way of political articulation. Wondering if this is a way of resistance against the subjecting hegemonic ways, I attend to the practices that give a singular aspect to these urban phenomenons, analysing its possibilities of invention. The idea of an ethics of the care of the self, proposed by Michel Foucault, is an interesting tool to promote the investigation about these ethical and political possibilities. In the present field – the social movements and the collective and critical attitude – it is important to analyse the institutions of power and freedom, subjects specially examined by Foucault. As a starting point, the investigation of the occupation movements for public spaces; later on, its conditions of possibility, internationally and in Porto Alegre, to present two lines that, by merging, compose the ways of politicization that are here put in analysis. These are: the occupation of something public and the ways of occupying the self. This experience of research is produced from a militant position. Also by this position, were established some outcomes of these new ways of meeting, in the aspects of the city and the subjects that occupy, thinking about the possibilities of creating a militancy linked to ethical ways of acting.