Summary: | De acordo com Frosi e Mioranza (1983), a realização de vibrante simples em lugar de múltipla é um fenômeno passível de ocorrer no português quando este está em contato com o italiano. No Rio Grande do Sul, a população de descendentes de imigrantes italianos se faz fortemente presente, principalmente nas cidades da antiga RCI-RS (Região de Colonização Italiana do Rio Grande do Sul). Os estudos realizados por Rossi (2000), Spessatto (2003), Bovo (2004) e Battisti e Martins (2011) nessas comunidades revelam que o emprego variável da vibrante simples em lugar da múltipla é uma prática predominantemente masculina, rural e realizada pelos falantes de faixa etária mais elevada. O objetivo do presente trabalho é verificar, com base na Teoria da Variação (LABOV, 1972), a proporção de aplicação da regra variável de uso de vibrante simples em lugar de múltipla, tanto em posição intervocálica (arroz) quanto em início de palavra (rua) em Antônio Prado – RS, e os condicionadores linguísticos e sociais do processo, na hipótese de que as variáveis sociais sejam mais relevantes para a aplicação da regra, como atestam estudos realizados em outras comunidades de fala. Partimos também da hipótese de que os homens de mais idade, moradores da zona rural, aparecerão como favorecedores da realização da vibrante simples, conforme indica a literatura. A amostra é composta por 32 informantes de Antônio Prado (RS), do Banco de Dados da Serra Gaúcha (BDSer), da Universidade de Caxias do Sul (UCS), considerando as seguintes características: 2 gêneros, 2 locais de residência (urbano e rural), 4 grupos etários (15-30; 31-50; 51-70; 71 ou mais anos), 2 níveis de escolaridade (primário a fundamental e médio a superior). A análise estatística dos dados é feita através do Goldvarb e os resultados revelam que a faixa etária mais elevada não favorece a aplicação de vibrante simples em Antônio Prado, contrariando uma de nossas hipóteses. Realizam-se registros etnográficos (SPRADLEY, 1979) com o intuito de compreender e explicar os resultados da análise de regra variável, através das informações obtidas sobre as práticas sociais (ECKERT, 2000) dos informantes. Os registros incluem três entrevistas etnográficas, além de observações e anotações realizadas em eventos na comunidade. === According to Frosi e Mioranza (1983), the occurrence of flap where a trill is expected is a common phenomenon in Brazilian Portuguese when it is in contact with the Italian language. In Rio Grande do Sul, the population of immigrants and their descendants is strongly present, mainly in the old RCI-RS (Região de Colonização Italiana, Italian Sattlement Region) cities. The studies by Rossi (2000), Spessatto (2003), Bovo (2004) and Battisti and Martins (2011) reveal that the use of flap instead of trill is a predominantly male and rural practice, mostly performed by older speakers. This study aims to verify, based on the Language Variation Theory (LABOV, 1972), (i) the frequency of use of flap instead of trill, both in intervocalic position (arroz) and at the beginning of the word (rua), in Antonio Prado - RS; and (ii) the social and linguistic conditioning variables of rule application, in the hypothesis that the social variables are indeed more relevant for the application of the rule, as revealed by prior studies.We also hypothesize that older men, residents of the countryside, condition rule application. The interviews of 32 informants from Antônio Prado (RS) used in the research were taken from Serra Gaúcha Database (BDSer), from University of Caxias do Sul (UCS), considering the following characteristics: 2 genders (male, female), 2 places of residence (urban and rural), 4 age groups (15-30; 31-50; 51-70; 71 or older), 2 educational levels (from 1 to 8 years of education, and 9 or more years of education). The statistical analysis was done with Goldvarb software, and the results show that the older age group does not condition the use of flap in Antônio Prado, contradicting our hypothesis. We use ethnographic records (SPRADLEY, 1979) in order to comprehend and explain the quantitative results in the perspective of social practices (ECKERT, 2000). The records include 3 ethnographic interviews, as well as observations and notes recorded in community events.
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