Summary: | Este trabalho tem por objetivo defender a viabilidade de uma Semiologia da Tradução a partir dos princípios semiológicos reservados à língua pelo renomado linguista Émile Benveniste. Para tanto, o fenômeno tradutório não é considerado senão pela relação entre línguas que o tradutor estabelece no exercício de seu ofício, sobre a qual a Semiologia da Língua e, por conseguinte, a própria Enunciação, frutos da reflexão benvenistiana acerca da linguagem, dão testemunho. A primeira o faz através do princípio de unidades significantes atestado nos modos de significação da língua, a saber, o semiótico e o semântico, cuja significância cede à língua o status de interpretante da sociedade; a segunda, através das propriedades semânticas que fazem evidenciar as diferenças linguísticas na produção de discurso como manifestação da enunciação. Assim, a hipótese de uma Semiologia da Tradução é sustentada, no primeiro capítulo, pela comprovação de que o fenômeno tradutório é atravessado pela língua de maneira a tomar-lhe emprestado o funcionamento significante que rege suas leis e, no segundo capítulo, pela descrição dos domínios semiótico e semântico que possibilita pensar para a tradução um modo específico de significação, descrito, em pormenores, no terceiro e último capítulo. Com o intuito de produzir um discurso sobre a tese benvenistiana de que o semântico é a possibilidade da tradução, enquanto o semiótico é a impossibilidade, o original e a tradução são tomados como duas línguas-discurso que configuram um sistema cujo mecanismo de significância protagoniza uma relação de interpretância, onde a língua-discurso-alvo é o interpretante da língua-discurso-fonte, fazendo emergirem das diferenças que o tradutor estabelece entre uma e outra as unidades de tradução – uma noção teórica de unidade de significação muito particular pela qual se acredita poder descrever as leis que regem todo sistema tradutório. === This study aims to prove the viability of a Semiology of Translation regarding the semiotic principles reserved to the Language by the well-known linguist Émile Benveniste. The phenomenon of translation is considered as the relationship between languages established by the translator during the translation process, which is attested by the Semiology of Language and, therefore, the Enunciation itself – both as a result of Benveniste’s reflection on language. The first one attests it through the unit of signification principle verified in the two modes of meaning combined in language – the semiotic and semantic modes – whose significance makes the language the interpreting system of society. The second one attests it through the semantic properties that clarify the linguistic differences in the production of speech as a manifestation of the enunciation. Thus, the hypothesis of a Semiology of Translation is sustained in the first chapter by proving that the phenomenon of translation is crossed by the Language so as to copy both its significant mechanism and laws; and in the second chapter by describing both semiotic and semantic modes in order to enable the development of a specific mode of meaning for the phenomenon of translation, which is finally portrayed in detail in the third and final chapter. In order to draw a conclusion about Benveniste’s idea of the semantic mode as the possibility of translation and the semiotic mode as its impossibility, the original and the translation are both taken by the concept of language-speech that sets a translation system whose significant mechanism portrays a interpreting relationship where the target language-speech is the interpreter of the source language-speech, making emerge from the differences that the translator establishes between one and another a theoretical notion of the translation unit which it is believed to describe the laws governing all translation systems.
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