O argumento do milagre em prol do realismo científico

O Realismo Científico tem sido defendido quase exclusivamente através do Argumento do Milagre, segundo o qual ou assumimos que as teorias científicas são verdadeiras ou tornamos o sucesso da atividade científica em um fenômeno misterioso e inexplicável. No primeiro momento, as principais críticas ao...

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Bibliographic Details
Main Author: Silva, Bruno Malavolta e
Other Authors: Carvalho, Eros Moreira de
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2016
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/134364
Description
Summary:O Realismo Científico tem sido defendido quase exclusivamente através do Argumento do Milagre, segundo o qual ou assumimos que as teorias científicas são verdadeiras ou tornamos o sucesso da atividade científica em um fenômeno misterioso e inexplicável. No primeiro momento, as principais críticas ao argumento do milagre são reunidas em cinco objeções: (i) apresenta-se uma explicação alternativa para o sucesso da ciência que não assuma a verdade das teorias científicas e que compita com a explicação realista; (ii) defende-se que a hipótese realista não é uma explicação satisfatória para o sucesso da ciência, acusando-a de vacuidade explicativa, ou (iii) acusando-a de não satisfazer os critérios de rigor metodológico científico que ela mesmo impõe à justificação de teorias; (iv) afirma-se que o argumento seja uma petição de princípio, por pressupor uma regra de inferência abdutiva aceita apenas pela posição realista; (v) propõe-se que o argumento constitua uma falácia estatística ao ignorar um índice de fundo relevante. Ao replicar às objeções apresentadas, alguns autores propõem distinguir entre uma versão semântica do argumento, baseada no sucesso empírico obtido pelas teorias científicas enquanto entidades semânticas; e uma versão metodológica do argumento, baseada no sucesso pragmático dos cientistas em escolher teorias férteis e descobrir teorias bem sucedidas. Além disso, outros autores propõem uma segunda distinção entre uma versão geral do argumento, baseada estatisticamente no sucesso generalizado das teorias científicas, e uma versão retalhada do argumento, baseada na sua aplicação específica a uma teoria tomada individualmente. Após comparar as vantagens e desvantagens de cada interpretação, critica-se a relevância das distinções propostas e defende-se uma versão do argumento que sintetize suas diferentes interpretações de modo a solucionar as objeções inicialmente apresentadas. === Scientific Realism has been defended almost exclusively by the Non-Miracle Argument, which states that either it‘s assumed that scientific theories are true or the success of the scientific enterprise becomes a mysterious and unexplainable fact. At first, the main criticisms of the Non-Miracle Argument are gathered in five objections: (i) it‘s presented an alternative explanation to the success of science that competes with the realist explanation and does not assume the truth of the scientific theories; (ii) it‘s defended that the realist hypothesis is not a satisfactory explanation to the success of science, charging it of being an empty explanation, or (iii) charging its capacities to reach the scientific methodological rigorousness that itself imposes to the warrant of theories; (iv) it‘s affirmed that the argument is a petition principii, on account of presupposing an abductive rule of inference accepted only by the realist perspective; (v) it‘s proposed that the argument constitutes a statistical fallacy on account of neglecting a relevant base rate; When replying to the presented objections, some authors come up with the distinction between a semantic version of the argument, based on the empiric success reached by scientific theories considered as semantic entities, and a methodological version of the argument, based on the pragmatic success of scientists at choosing fruitful theories and discovering succeeded theories. Furthermore, other authors offer a second distinction between a general version of the argument, statistically based on the generalized success of science, and a retail version of the argument, based on its specific application to an individual theory. After comparing the advantages and drawbacks of each interpretation, the relevance of each distinction is reanalyzed and a new version of the argument by making a synthesis of its different interpretations is defended in a way to answer the five initial objections.