| Summary: | O presente estudo aborda as modificações corporais como tatuagem, piercing, escarificação, semelhança animal, no contexto social e particular contemporâneo à luz de olhares da Sociologia, da Filosofia e principalmente da Psicanálise. Apesar de sua antiguidade, de estarem associadas a rituais de passagem e de terem pertencido, algumas delas, a determinados grupos ao longo da história, pensa-se que atualmente tais práticas encontram-se disseminadas por todos os grupos sociais, tendo perdido, em parte, seu caráter ritual. Elas indicam um desejo de eterno retorno mítico à natureza perdida em função da inscrição da linguagem no corpo e se colocam como esboço de um corpo em contínuo ajuste de sua imagem, sobretudo quando falta palavra (no seu sentido significante) que defenda contra uma intensa demanda do Outro. As marcas que visam uma semelhança animal trazem à tona estes seres como interrogantes de nosso parentesco, mas fundamentalmente elas evidenciam nosso corpo próprio naquilo que sempre resta de um Real a nos indagar como enigma, além de apontar novas formas de subjetivação na atualidade. === The present study investigates body modifications, such as tattooing, piercing, scarification, and animal resemblance, in the social and particular contemporaneous context from a sociological, philosophical, and mainly psychoanalytic standpoint. Despite the fact that body modifications are ageold and long-standing practices, historically associated with rites of passage, and that some of them have been adopted by certain groups throughout history, they are currently widespread across all social groups, but they have partially lost their ritualistic nature. These practices indicate the body modifiers’ relentless quest for the mythical reappropriation of their lost nature through body inscription, and can be regarded as the depiction of a body whose image has been under constant adjustment, especially in the absence of words (in the sense of the signifier) that shield usfrom the vigorous pursuit of the Other. Body modifications that seek to imitate animals make us wonder about our similarity to these beings, but they basically reflect our own body in what is always left of the real, challenging us like a puzzle, and show us the new forms of subjectivation available today.
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