Cultura organizacional, corpo artefato e embodiment : etnografia em uma livraria de shopping center

O tema da cultura organizacional tem sido visivelmente aprofundado a partir de mudanças na sua base epistemológica (de um paradigma funcionalista para um interpretativista) e na utilização de diferentes perspectivas conceituais (de uma abordagem gerencial para uma simbólica) e metodológicas (de pesq...

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Bibliographic Details
Main Author: Flores-Pereira, Maria Tereza
Other Authors: Cavedon, Neusa Rolita
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2007
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/11186
Description
Summary:O tema da cultura organizacional tem sido visivelmente aprofundado a partir de mudanças na sua base epistemológica (de um paradigma funcionalista para um interpretativista) e na utilização de diferentes perspectivas conceituais (de uma abordagem gerencial para uma simbólica) e metodológicas (de pesquisas quantitativas para qualitativas). Todavia, a despeito de todos esses avanços, o tema não tem acompanhado o desenvolvimento alcançado pelos estudos antropológicos que enfocam o corpo como modo de repensar a problemática cultural. É meu objetivo nesta tese, portanto, desvelar de que modo um enfoque no corpo humano propicia um melhor entendimento da noção de cultura organizacional, a partir de dois eixos teóricos que trabalham com a relação corpo-cultura: o ‘corpo artefato’ (corpo sócio-histórico-cultural) e o ‘embodiment’ (experiência cultural incorporada). Para realizar ambas as análises, parto de observações oriundas de uma etnografia organizacional junto a uma grande livraria de shopping center, a Livraria Cultura de Porto Alegre. O grupo de informantes privilegiado nessas análises foi a equipe de vendedores. Com base nesse material empírico e, primeiramente, com base em estudos da Antropologia do Corpo (capítulo 2), na primeira parte deste trabalho, analisei o corpo do trabalhador como um artefato organizacional que se singulariza por seu caráter dinâmico, sua hierarquização e sua dimensão política. A partir dessas análises, foi possível repensar o caráter de objeto inanimado e a pouca atenção que é oferecida para questões como classificação, hierarquização e dimensão política dos artefatos organizacionais. Na segunda parte (capítulo 3), aponto para a relação cultural pré-objetiva (pré-reflexiva) que trabalhadores estabelecem com as organizações e com os produtos que comercializam, ou seja, como a cultura organizacional é experienciada e incorporada. Para isso, parto de estudos da Filosofia e de Ciências Sociais e Humanas para buscar compreender como os estudos de embodiment possibilitam um novo modo de se conduzir metodologicamente as pesquisas de cultura organizacional e como incrementam sua conceituação. Levantei que o foco no embodiment desvela o papel ativo que o corpo tem na vida organizacional e permite uma melhor compreensão da dinâmica do conceito de cultura. === The theme of organizational culture has been visibly deepened – changing its epistemological base (from a Functionalist paradigm to an interpretative one) generating different conceptual (from a managerial to a symbolic approach) and methodological perspectives (from quantitative to qualitative researches). However, in spite of all these advances, the theme has not been following the development reached by anthropological studies, which focus the body as a form of representing the culture. Therefore, it is my aim in this thesis to unveil in what way the focus on the human body propitiates a better understanding of the notion of organizational culture, starting from two theoretical orientations which work with the relation body-culture: the ‘body artifact’ (socio-historiccultural body) and the ‘embodiment’. In order to perform both analyses, I begin with observations resulting from an organizational ethnography in a great bookstore of shopping center, Livraria Cultura de Porto Alegre. The group of informers who have been privileged to participate in these analyses was the team of shop assistants. Based on this empirical material and, firstly, on studies of The Anthropology of Body (chapter two), I analyzed the body of the worker as an organizational artifact which is singularized by their dynamic feature, hierarchization, and political dimension. Based on these analyses, it was possible to reconsider the feature of inanimate object and the little attention that is offered to questions like classification, hierarchization, and political dimension of organizational artifacts. In the second part (chapter three), I indicate the pre-objective cultural relation (pre-reflexive) that the workers establish with the organizations and the products they commercialize, that is, the embodiment of organizational culture. Hence, I start from studies of Philosophy, Social, and Human Sciences to understand how studies of embodiment enable a new form of conducting methodologically researches about organizational culture and how they develop their conceptualization. I indicate that the focus on embodiment unveil the active role the body has in the organizational life and allows a better understanding of the dynamics of cultural concept.