Seis propostas para este milênio : uma trama entre tempo e letramento

Partindo da experiência como psicóloga junto ao Ateliê de Criação – local de acolhimento de crianças encaminhadas pelas escolas por apresentarem problemas em seus percursos escolares – e a reuniões formativas – local de discussão e sustentação da prática de professores junto a laboratórios de ensino...

Full description

Bibliographic Details
Main Author: Fröhlich, Cláudia Bechara
Other Authors: Moschen, Simone Zanon
Format: Others
Language:Portuguese
Published: 2014
Subjects:
Online Access:http://hdl.handle.net/10183/104468
Description
Summary:Partindo da experiência como psicóloga junto ao Ateliê de Criação – local de acolhimento de crianças encaminhadas pelas escolas por apresentarem problemas em seus percursos escolares – e a reuniões formativas – local de discussão e sustentação da prática de professores junto a laboratórios de ensino e aprendizagem –, situamos o problema de pesquisa no jogo do tempo como abertura e/ou limite ao mundo letrado, objetivando traçar uma trama entre o tempo e a passagem da oralidade ao letramento. Nessa travessia às letras, constatamos que a criança se produz em uma série de desdobramentos, num múltiplo repertório de muito pouca visibilidade para a escola, sendo, por isso, colocada ora do lado de alfabetizada ou de não alfabetizada. Buscando uma desconstrução dessa lógica binária, apresentamos o campo dos paradoxos como terreno possível para o surgimento de um terceiro na estrutura, um tempo de passagem em que se está alfabetizado e não alfabetizado. Para tanto, as lentes teóricas da psicanálise freudo-lacaniana ofereceram condições de leitura da malha discursiva do campo empírico, e enviaram-nos a autores de outros escaninhos do saber, tais como Barthes, Calvino, Huizinga e Lévy, com os quais qualificamos esse tempo invisível e importantíssimo de fomento do mundo letrado. O termo letramento foi abordado no sentido de ampliar o conceito de alfabetização, e conduziu-nos à ideia de que o jogo das letras pode funcionar como operador de passagem, em que a literatura é potente doadora de letras e peça fundamental da trama. Esse jogo das letras em andamento somente pode ser jogado com o dado do tempo que, ao desdobrar-se, mostra que uma perda pode ser um ganho nessa passagem. Nesse sentido, apresentamos a estruturação do sujeito desenhada pela psicanálise como intimamente ligada à construção do sujeito letrado. A partir do tempo lógico lacaniano, e na contramão da pressa como aceleração da vida, construímos a pressa-demorada em reciprocidade como um terceiro tempo, entre alfabetizado e não alfabetizado, momento em que se instaura o jogo saber e não saber. Quando a escola oportuniza essa pressa-demorada na passagem da oralidade ao letramento, temos uma ultrapassagem de uma lógica binária e o acolhimento de uma lógica ternária que oferece condições para que se opere uma travessia difícil e tensa no campo da palavra e da linguagem. === Having the experience as psychologist with the Ateliê de Criação (Creation Workshop) – a childcare place to children sent by schools because of problems in their school careers – and training meetings – place of discussion and support for teachers practice in teaching and learning laboratories – as the starting point of this work, we situated the research problem in the game of time as opening and/or limit to the literate world, aiming to develop a plot between time and the passage from oralily to literacy. In this journey to the world of letters, we verified that the children produce themselves in a series of unfolding, in a multiple repertoire with very little visibility to the school, being, therefore, placed, either in the side of alphabetized or in side of not alphabetized. This work searches for a deconstruction of this binary logic, so, we present the field of paradoxes as a possible field to the emergence of a third in the structure, a time of passage, in which one is literate and not literate. So that, the theoretical lens of Freudian-Lacanian psychoanalysis offered reading and discursive conditions for the empirical field, and led us to authors of other pigeonholes of knowledge, such as Barthes, Calvino, Huizinga and Lévy, with whom we qualified this invisible and very important time of foment of the literate world. The term literacy in its sense was taken to enlarge the concept of the ability to read and write, and it led us to the idea that the game of letters can work as an operator of passage, in which the literature is a powerful donator of letters and a fundamental piece of the plot. This game of letter in progress can only be played with the dice of time, which, when unfolded, shows that a loss may be a gain in this passage. In this way, we present the structuration of the subject designed by psychoanalysis as closely connected to the construction of the literate subject. From Lacanian logical time, and against the rush as acceleration of life, we build the haste-prolonged in reciprocity as a third time between literate and not literate, moment in which the game of knowing and not knowing is established. When school provides the opportunity of haste-prolonged in the passage from orally to literacy, we have a passing from a binary logic and the hosting of a ternary logic, which offers conditions to operate in the tense and difficult journey that is the field of the word and the language.